Cemitério de Carnide: a culpa morreu solteira mas infelizmente não pode ser enterrada
Soube-se esta semana que graças a “imprevistos existentes no subsolo” a ligação entre as estações do Saldanha a São Sebastião, do metro de Lisboa, orçamentada em 196 milhões de euros nos vai custar 240 milhões. Dada a dimensão da derrapagem desta e de qualquer outra obra pública que envolva o subsolo de Lisboa – na ligação ao Terreiro do Paço os orçamentados 165 milhões passaram a 299 milhões – é de crer que o monstro Cila sobrevive debaixo dos nossos pés e faz agora rodopiar os orçamentos tal como no passado sacudia os barcos e fazia desaparecer os marinheiros, contemporâneos do nosso antepassado Ulisses.
Infelizmente os “imprevistos existentes no subsolo” da capital não se limitam a exponenciar os orçamentos, como bem prova o grotesco caso do cemitério de Carnide. Adjudicado, em 1991, era então presidente Jorge Sampaio, à empresa Mota & Companhia por 5 milhões e meio de euros, seria terminado muito depois do previsto e custou-nos o dobro do orçamentado. Até aqui nada de novo. O que é de estarrecer é que, sendo este cemitério o primeiro e único construído na capital no século XX, seja também o único em que a escolha do terreno se revelou um erro colossal pois “imprevistos existentes no subsolo” impedem que os 10 mil cadáveres humanos ali enterrados se decomponham. O destino desses corpos é tão incerto quanto o das viaturas que a PSP despeja nos terrenos que deviam ser do cemitério de Carnide. Com a vantagem para o cemitério de automóveis que ali tudo corre a céu aberto, logo sem imprevistos no subsolo.
*PÚBLICO
Talvez seja difícil acreditar,mas a verdade é que já houve, em Portugal, terrenos onde era proibido construir. Não existia REN nem RAN. Apenas estudos do solo, coisa que, hoje, a especulação imobiliária está pouco interessada que se faça. Façam os senhores jornalistas o favor de ver quantas autarquias têm geólogos ao seu serviço.
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Eu o que gostaria era que me explicassem que raio é que o solo contem que possa impedir os cadáveres de se decomporem.
A Helena sabe-me explicar?
Que eu saiba, nunca se fazem estudos do solo antes de se abrir ou ampliar um cemitério. Não se fazem, porque não são necessários, porque qualquer solo serve para os cadáveres se decomporem. Ou não?
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Luís Lavoura os meus conhecimentos de geologia são quase nulos mas creio que os seus ainda são um bocadinho mais reduzidos. Nem todos os solos são apropriados para fazer um cemitério pois não basta que os solos decomponham cadáveres é necessário que o façam em determinado tempo. E o que acontece em Carnide, todos estes anos depois, é que os cadáveres não se decompuseram.
Mas se seguir os links do post lerá opiniões muito mais fundamentadas sobre este assunto.
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É alterarem o prazo de decomposição de cadáveres.
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Luis Lavoura, para começar, acho que devia saber que os solos não são todos iguais. Ai estes lisboetas… 😉
E “que eu saiba”? mas o Luis Lavoura alguma vez se preocupou com essa questão?
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E a incineração,nas grandes cidades, não seria muito mais prático e higiénico?
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«E a incineração,nas grandes cidades, não seria muito mais prático e higiénico?» – nada disso explica o erro clamoroso da escolha do novo cemitério de Lisboa. Qaunto à incineração ela não não pode ser imposta e muito menos para escamotear o que sucedeu em Carnide.
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Nelena Matos e Caramelo,
provavelmente os dirigentes da Câmara que escolheram localizar o cemitério em Carnide eram ignorantes em geologia como eu, que julgavam que todos os solos decompunham os cadáveres igualmente depressa…
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A Câmara até podia montar em Carnide um negócio de conservação de cadáveres a baixo custo.
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Este assunto já foi amplamente debatido aqui, tendo mesmo aparecido um senhor que tinha elaborado um parecer sobre os solos.
Acontece que estamos em Portugal, noutro sítio mais civilizado já tinha ido gente para a cadeia.
Aguarda-se que Sá Fernandes volte a ser independente para lançar um providência cautelar.
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Pelos vistos os terrenos em Portugal dão para tudo.E seja o quese quiser na sua composição.Se é areia(caso do metro do Terreiro do Paço, justifica),se é barro como em Carnide, justifica, mas se é assim, assim como no Saldanha também serve de justificação.
Depois leio que em termos de “cérebros” Portugal acompanha o que de mais avançado existe no mundo… então a cpopiar CPP e outras leis maravilhosas para dali sair um homem novo e mulato…
O Quaresma (PCP) de Carnide que se cuide.Nada de fornos crematórios no dito cemitério pois tenho um velhinho com problemas respiratórios para aquelas bandas que face aos ventos dominantes receberia o passaporte para o além…
Que vão meter aquela merda noutro local que como as boas normas indicam se devem localizar a juzante de ventos dominantes que não prejudiquem toda a cidade.
Emendar erros com outros erros é que não!E não me obriguem a deixar a capital da Lusitânia para resolver essa merda!
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«imprevistos existentes no subsolo»
É o que se tem passado há décadas com o País e os dois/tres partidos do arco governamental: são todos imprevisiveis.
Espantoso, é como ainda há quem vote neles.
E de algum modo problemático, entregar o voto a um dos restantes.
No fundo, o que tem havido é excesso de dinheiro.
Fossem as finanças mais apertadas, os indígenas haviam de ser mais comedidos.
Mas não se vê a forma concenciosa e rigorosa como se tomam decisões ?:
Mil e quinhentos milhões para o Oeste, uma estação do TGV no Oeste…
Digo eu, formado no Estado Novo.
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Jorge Sampaio, Jorge Coelho e a empresa Mota & Companhia estão muito interessados nesses terrenos de Carnide para aí instalarem um depósito de abastecimento de carne para os talhos de Lisboa.
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Helena,tem toda a razão,é óbvio que é um erro clamoroso.
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Mais uma do Lmurias…essa azémola de presidente incompetente da CML chegou aonde ?
pois …
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Só uma nota prévia, para vos convidar (especialmente a Helena Matos) a continuar o debate do post “o dono da obra”, que a discussão arrefeceu e eu continuo interessado em informar melhor a minha opinião e em ajudar, na medida das minhas capacidades, a informar algumas outras.
Para este post gostaria apenas de contribuir com uma pequena nota: Há terrenos onde os cadáveres não se decompõe (composição dos solos, presença de água, etc.). Em Carnide acontece o mesmo que no cemitério de San Michele em Veneza, que sempre que enche tem que ser ampliado com uma ilha artificial (podem ver do lado esquerdo desta imagem dois rectângulos que são as ampliações que se irão construir a breve prazo – http://padovacultura.padovanet.it/archivio/Venice%20Cemetry%20DCA_media.jpg ). O mesmo problema que impede os cadáveres de se decomporem mantém a resistência das estacas de madeira das fundações da Baixa Pombalina ou da cidade de Veneza, por exemplo.
O que não quer dizer que não se tenham que apurar responsabilidades para saber quem falhou no seu trabalho. É para estas situações que dava jeito ter legislação de responsabilidade contractual e extracontractual dos funcionários do Estado, para que quando se apurassem responsabilidades, não fossem os contribuintes a pagar os prejuízos. Temos que agradecer ao Presidente da República ter bloqueado um primeiro passo muito tímido.
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Caro Luís Lavoura,
Tal como no comentário anterior se explica, nem todos os solos são igualmente adequados para a função cemiterial. Terernos argilosos e excesso de água impedem a a presença de um teor adequado de oxigénio nas zonas de inumação, o que origina a criação, e peço desculpa pelo termo, de “múmias”. Sobre este tema, deixo aqui parte das minhas reflexões, publicadas em 28 de Fevereiro
“Este cemitério foi introduzido em Portugal sob um conceito inovador, que incluia a abundância de espaços verdes e um design “à americana”. Contudo, este conceito traz consigo um problema: é necessário consumir água de rega em quantidades significativas.
Uma das tarefas que me atribuíram foi a avaliação da aptidão do aquífero subterrâneo localizado neste local para a rega dos espaços verdes, não só como forma de poupar água, mas também para mitigar o excessivo teor de água presente nas áreas de inumação (que na altura se pensava ser proveniente do elevado nível freático do aquífero) que em conjunto com o teor argiloso dos solos, contribuíam decisivamente para a não decomposição dos corpos.
O desenvolvimento dos trabalhos acabou por contrariar esta intenção, pois o excesso de água não provinha da subida do nível freático do aquífero. Pelo contrário, eram as próprias práticas de rega levadas a cabo no cemitério, conjuntamente com a baixa permeabilidade dos solos locais, que levavam à existência de uma excessiva quantidade de água nos terrenos. Esta água nem sequer chegava ao nível do sistema de drenagem profunda que era suposto fazer o escoamento até aos colectores municipais de águas pluviais (que apenas encaminhavam a água proveniente do lago central que se vê na reportagem).
O carácter argiloso dos solos era portanto um factor muito mais problemático do que o aquífero, como pude constatar in loco aquando da abertura de uma vala. A descontinuidade no terreno assim originada conduzia a que a água tivesse naturalmente tendência para ocupar estes espaços e a se manter por lá durante meses, como se estivesse dentro de um copo.
Para a resolução deste problema concluiu-se que seria necessário considerar outro tipo de soluções, como por exemplo, um sistema de drenagem superficial constituído por canais entre as campas, preenchidos com material poroso (por exemplo, brita). Quando terminei o estágio, já tinha sido transportada para o cemitério uma grande quantidade de brita, e previam-se para breve as obras de construção do sistema de drenagem. Quando lá voltei passado alguns meses, o monte de brita ainda se encontrava no mesmo local. Fico com a sensação que, se lá voltar, provavelmente ainda irei deparar-me com ele.”
http://opovoesereno.blogspot.com/2008/02/cemitrio-de-carnide-conserva-corpos.html
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De resto, na minha opinião é óbvio que a CML tinha perfeita consciência que os terrenos de Carnide não eram o mais adequado para a função cemiterial… O problema é que ninguém gosta de um cemitério à porta, logo é politicamente impossível instalar uma infraestrutura destas onde se quer (ou seja, onde for mais adequado), sobretudo se por acaso tiver perto urbanizações importantes e populações de classe média-alta, com poder reivindicativo. Logo, o cemitério teve de ficar num terreno camarário… onde se pôde instalá-lo sem haver demasiadas “ondas”: mesmo ao lado do Bairro Padre Cruz.
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Acho que já era tempo de resolver todos os problemas do cemiterio.Tenho 3 filhos ,2 deles ainda menores e o meu marido sepultado no cemiterio de Carnide há quase 11 anos .Gostava de saber para vquando afinal fica resolvido o problema das 7 mil familias.Acho que o estado deveria dar o mais rapido possivel uma resposta, e até mesmo responsabilizar-se pelo nossos entre querido que ali estão sabe Deus até quando.Acarretarem com as despesas de cremar os corpos porque assim já era para nós uma resposta definitiva e a mais certa.
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Já é tempo de acabarem com os sofrimentos dos jovens que têm neste cemiterio o seu pai e nada fazem para o resolver.Eu tenho amigos a sofrerem e isso custa muito.Por favor resolvam este problema para que seja minurado o sofrimento deles.
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Acho mal que se tenha que pagar para levantar um corpo que há priori não se sabe se está em condições para ser levantado ,e se não estiver lá se tem que pagar outra vez. Afinal o erro é do mau estudo do terreno e não das familias.Quando é que esta situação está resolvida? Acho mal termos que pagar pelo erro dos outros.
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