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O colonial e o império de Salazar

4 Fevereiro, 2011

“Cem terroristas” atacam o império de Salazar. – assim começa m artigo publicado hoje no DN sobre o ataque às prisões de Luanda em 1961. Como é habitual neste assunto repetem-se lugares comuns como se fossem mantras. Um desses mantras diz que o império era de Salazar. O outro mantra diz que  a guerra era colonial.  Todas as guerras são em certo sentido coloniais e regra geral são designadas como guerras mas  esta vai logo à partida definida como colonial. O que gera extraordinários disparates porque ao longo do século XX os portugueses combateram durante vários anos em África mas para os combates da I República fala-se de campanhas no Ultramar e no caso de 1961-1974 passa a colonial.  O complemento desta simplificação maniqueista do que se viveu no Ultramar é associar esse Ultramar, a guerra e o colonial a Salazar. Quanto mais não fosse porque se gastou um dinheirão na celebração da implantação da República podia ter-se feito um esforço para conhecer melhor o que foi o pensamento dos republicanos – nunca terão ouvido falar de Norton de Matos? Do Cunha Leal? –  sobre o tal império, sobre o colonialismo propriamente dito e sobre o que consideravam a incapacidade de Salazar e do seu pensamento de “mero contabilista” para defender esse Ultramar dos interesses das grandes potências. Foi guerra. Podemos e devemos discutir o falhanço duma solução política para terminar essa guerra durante os governos de Salazar e Marcelo e o falhanço na forma como essa guerra terminou em 1974-1975. Mas já começa  a ser tempo de nos deixarmos de terminologias da carochinha para falar sobre aquele que foi um dos mais marcantes factos da segunda metade do século XX português: a guerra.

95 comentários leave one →
  1. anti-comuna permalink
    4 Fevereiro, 2011 10:34

    O que é certo é que o Botas tirou Portugal da bancarrota e conseguiu que passassemos ao lado de quase toda a grande crise dos Anos 30. O regime democrata é incapaz de o fazer. Talvez, como um conhecido articulista chileno diria, as democracias não são regimes capazes de se governarem. Glup!
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    Entretanto a imprensa andou a noticiar, quase desde Agosto, que 2010 foi um ano muito quente e mais quente dos últimos 100 anos. Ou coisa que o valha. Mas uma universidade americana publicou os dados já relativos ao ano todo de 2010 e…
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    Picado daqui http://wattsupwiththat.com/2011/02/03/rss-global-temp-drops-version-change-adjusts-cooler-post-1998/#more-33209
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    O mais duro é isto. 2010 foi um ano de El Nino mas o La Nina veio logo de gás colado, por aí abaixo, trazendo as temperaturas para valores bem abaixo dos do ano passado, no pico do El Nino.
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    Mais uma vez a imprensa colaborou na manipulação da opinião pública, enganado a população. Nada de admirar pois o jornalismo agora não passa de meras caixas de diapasão de poderosos lobbies e interesses financeiros, não é verdade?

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  2. 4 Fevereiro, 2011 10:41

    O velho problema do domínio da palavra e do conceito. Antes de 25 de Abril de 74 não se ouvia nem lia a palavra “colonial”.
    Obviamente foi a Esquerda que a introduziu no léxico revolucionário da época e pegou de estaca. Expressões como “províncias ultramarinas”, “Ultramar português” ou mesmo Pátria deixaram de se usar porque eram palavras “fassistas”.

    É assim que se domina um povo que vota, com esta linguagem de Esquerda que ainda perdura. Tomara que houvera quem desconstruísse este edifício de palavras típicas daqueles que nos queriam entregar nas mãos de comunistas. Esta palavra, antes de 25 de Abril tinha uma conotação muito própria e não era a de “democrata”. Como ainda hoje não é, mas a confusão que propositadamente estabeleceram entre democracia “burguesa” e democracia “popular”, tornou-se por efeito semântico e de sinédoque o “abre-te sésamo” da legitimidade.

    Apetecia-me apostrofar de modo violente estes sacanas, mas fico pelo mais suave.

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  3. balde-de-cal permalink
    4 Fevereiro, 2011 10:57

    esta republiqueta é fascista.
    todo o socialismo é fascista. tem o momopólio da verdade.
    até parece que foi Salazar quem decretou as guerras dos Cuanhamas e Cuamatos, dos Dembos, a criação de Nova Lisboa e outros sinais de colonialismo republicano.

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  4. helenafmatos permalink
    4 Fevereiro, 2011 11:04

    A palavra colonial foi usada até aos anos 40 como sinónimo de algo que devia motivar orgulho. Salazar é criticado nos anos 30 pelos sectores republicanos precisamente por não ter mentalidade colonial. Ao longo do século XX o termo colonial passa de positivo a negativo. E boa parte daqueles que o reivindicaram e se orgulharam do seu espírito colonial na primeira metade do século XX passaram a acusar na segunda metade de colonialismo aqueles que antes acusavam de não ter “asas coloniais”

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  5. 4 Fevereiro, 2011 11:10

    A diferença é que antes do 25Abril quem pronunciasse a palavra “COLONIAL”… ia preso.
    Agora pode-se utilizar as palavras que se quiser.
    Inclusivamente chamar “sacanas” aos governantes.

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  6. lucklucky permalink
    4 Fevereiro, 2011 11:17

    Em 1919 a Itália Republicana queria que Angola da Republica Portuguesa passasse para as mãos Italianas porque a dimensão de Angola era desproporcionada para um pequeno país como Portugal…

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  7. Fernando S permalink
    4 Fevereiro, 2011 11:32

    No fim de contas, entre ganhos e perdas, o colonialismo, sobretudo em Africa, foi um processo historico de desenvolvimento acelarado de regiões e povos que de outro teriam continuado ainda durante séculos num estadio primitivo caraterizado nomeadamente por guerras tribais permanentes e por uma esperança de vida baixissima.

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  8. Fernando S permalink
    4 Fevereiro, 2011 11:33

    * de outro modo

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  9. 4 Fevereiro, 2011 11:42

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  10. J.Silva permalink
    4 Fevereiro, 2011 12:11

    O chamado império colonial não era de Salazar mas sim de Portugal. É necessário desmontar este sofisma, até porque entrámos na 1ª Guerra Mundial parar preservarmos esse império. O conceito de colonial para ultramarino, mudou conforme se pode ver adiante e o termo colonial só foi retomado pelos comunistas pelas razões que todos nós conhecemos:
    “Importa referir que a expressão « Império Colonial Português» fora já utilizada por João Belo (Decreto 2 de Outubro de 1926, sobre as bases orgânicas da administração colonial). Por fim, o Parecer do Conselho Superior das Colónias vota a favor da manutenção do Acto Colonial e o Ministro das Colónias fê-lo aprovar por Decreto nº 18 570 e é publicado por Decreto do Governo de 8 de Julho de 1930. O texto é anxo à Constituição de 1911, substituindo o título V desta (DA ADMINISTRAÇÃO DAS PROVÍNCIAS ULTRMARINAS) e entra imediatamente em vigor. Parece indiscutível que a aprovação e a publicação do diploma, com tal alcance jurídico, foram feitas à margem da Constituição. Os congressistas não detinham poderes constituintes para a sua revisão. Este ocorreria de dez em dez anos ou antecipada para cinco anos, se aprovada por por dois terços dos membros do Congresso. Esta situação vem depois a ser sanada na Constituição de 1933, título VII ( DO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS). Cerca de vinte anos mais tarde, a 18 de Janeiro de 1951, é revisto o Acto Colnial e a sua terminologia é também modificada de “Colónias” para « Províncias Ultramarinas» e em vez de Império Colonial Português passaria a designar-se Ultramar Português.”

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  11. 4 Fevereiro, 2011 12:23

    Não vale a pena.
    Há uma verdade oficiosa que tem que ser respeitada e os “novos” jornalistas são logo ensinados nos banquinhos da escola.
    Parte da verdade está na outra entrevista que o artigo incorpora
    aqui

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  12. berto permalink
    4 Fevereiro, 2011 12:23

    Os países europeus que ocuparam África sempre chamaram colónias às suas possessões. E eram-no de facto, sem qualquer insinuação perjorativa. Só a alimária do Salazar é que se lembrou do Portugal Ultramarino, do Minho a Timor, e proibiu que se falasse em colónias. Se os comunas (e não foram só eles como bem sabe) usaram o termo colónias foi porque aqueles territórios o eram. Quanto àquilo que os tugas faziam em África no princípio do séc. XX, isso é apenas história, e a história evolui, embora às vezes se repita.

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  13. 4 Fevereiro, 2011 12:25

    Fernando S
    Posted 4 Fevereiro, 2011 at 11:32 | Permalink

    Acontece que após as descolonizaçoes exemplares estão exactamente na mesma situação de ” guerras tribais permanentes e uma esperança de vida baixissima.”
    Não aprenderam nada.

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  14. Pi-Erre permalink
    4 Fevereiro, 2011 12:26

    José
    “Antes de 25 de Abril de 74 não se ouvia nem lia a palavra “colonial”.”
    .
    Não? Nunca ouviu falar da Companhia Colonial de Navegação? Olhe, eu viajei nalguns paquetes dessa companhia e ninguém me prendeu.

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  15. miguel dias permalink
    4 Fevereiro, 2011 13:21

    É claro que neste debate de “terminologias da treta” a opinião dos colonizados conta pouco.

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  16. 4 Fevereiro, 2011 13:23

    A chatice é que os militares aki são muito bons (sempre foram, e em tempos contrataram-se uns oficiais ingleses e uns oficiais alemães que os tornaram ainda melhores) e cumpriam ordens, até muito justamente se fartarem de quem as dava, se aproveitava e não arriscava nada.
    Perdi vários amigos e colegas nessas guerras.
    A terminologia é como foi dito.
    Isto era um “império” com pés-de-barro, tinha que se combater para o defender…
    Mas no fundo, era injusto e não valia o sacrifício.
    😦

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  17. Gabriel Mithá Ribeir permalink
    4 Fevereiro, 2011 13:28

    Ando a entrevistar pessoas comuns, humildes, em Moçambique há mais de uma década. Estou neste momento a trabalhar em bairros pobres de Maputo. Posso assegurar que os anos passam e, cada vez mais e mais, quando solicito a essas pessoas, negras, o que avaliem a herança colonial portuguesa, a primeira e principal resposta é elogiosa, positiva. Às vezes o discuros global é até bastante positivo. São são pessoas que, na maior simplicidade, tornam essa opinião congruente com a defesa da justiça e da dignidade da independência do seu país. Por isso, o fenómeno histórico mais relevante da história de Portugal na segunda metade do século XX, não foi a guerra. Foi a reinvenção do tipo de dominação colonial em África, em especial e paradoxalmente após o início da guerra. É estranho que nessa matéria os portugueses comuns e incomuns estejam muito mais próximos das elites que governam estes países do que os próprios governados africanos. Estranho. Mais, hoje se alguém aqui em Maputo escapa a estereótipos depreciativos junto dos humildes são os brancos e, entre eles, os portugueses. Muito pior estão os indianos, os chineses ou africanos emigrantes. Comecei esta pesquisa sistemática no ano passado e, neste momento, são conclusões que considero relativamente seguras. Ainda que tudo isso deva ser contextualizado, às vezes penso que os portugueses são, de facto, um povo estranho…

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  18. lucklucky permalink
    4 Fevereiro, 2011 13:43

    “Os países europeus que ocuparam África sempre chamaram colónias às suas possessões”
    A Itália definiu a Líbia como a quarta costa da Itália e os seus cidadãos passaram a ser Italianos. Isto só aconteceu já no regime Fascista nos anos 30.
    .
    Quanto ao resto os Portugueses chegaram a África nos anos 1500’s . Só uma limpeza étnica de Esquerda, e como tal aceite pelos Jornalistas é que pode acontecer.

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  19. A C da Silveira permalink
    4 Fevereiro, 2011 13:43

    Foi a esquerda que atribuiu a palavras como colonia, colonialismo, etc o tom politicamente pejorativo que hoje quase toda a gente lhe dá. Quando o Mugabe se quer defender dos que o acusam das malfeitorias que ele faz, acusa- os logo de colonialistas.
    Sobre a nossa presença em Angola, conto uma pequena historia verdadeira a que assistiu um amigo meu na epoca secretario de um ministro angolano: em meados dos anos 90 um ministro de um determinado país africano foi visitar Angola; o ministro angolano, anfitrião e chefe do meu amigo, levou-o uma noite depois de jantar a dar uma volta por Luanda. Os dois ministros seguiam no banco de trás do carro e o meu amigo ia no banco da frente ao lado do motorista.
    Depois de passearem por varias avenidas de Luanda, o espanto do visitante era patente, ao ponto de dizer ao seu colega angolano que em 20 anos de independencia tinham construido a mais bela cidade de Africa, ao que este respondeu que tinham sido os portugues que a tinham construido. O ilustre visitante calou-se um pouco embaraçado, e uns minutos depois retorquiu: quem me dera a mim ter tido os portugueses a colonisar o meu país!
    Não temos de nos envergonhar de termos lá estado 500 anos. O que me chateia um bocado é ver os mais assanhados criticos da nossa presença em Africa nunca lá terem estado; não sabem do que falam.

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  20. Tolstoi permalink
    4 Fevereiro, 2011 13:51

    Sim o título define muito.
    O império de Salazar foi construído ao longo de séculos por quem?
    È interessante, no outro dia também ouvi Fernando Rosas dizer que o estado novo não foi
    Republica; só não percebi de quem Salazar herdara o trono nem quem era o príncipe herdeiro.
    Chegou a hora de sermos rigorosos na análise histórica, e de deixarmos de a interpretar
    através do filtro das ideologias pessoais.

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  21. António Ferreira permalink
    4 Fevereiro, 2011 13:53

    O único problema da descolonização Socialista é que substituímos os colonos brancos por colonos negros e deixamo-los governar aqueles países a 35 anos. Em 35 anos veja-se o desenvolvimento dos países africanos, salvo raras excepções. Veja-se o caso do Zimbabwe, outrora conhecido pelo “celeiro de África”. O que é lindo nisto tudo é que ainda hoje nesse país existem cidadãos de 1ª e 2ª classe, só que como são todos pretos é menos mau. O problema da esquerda caviar é que vive de estereótipos.

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  22. Tragédia dos Comuns permalink
    4 Fevereiro, 2011 14:09

    Se houve uma guerra entre um país colonizador e as suas colónias, quão errado será em chamar “guerra colonial” a este facto histórico? Guerra, naturalmente que sim, colonial, porque se refere às colónias, o resto é “açúcar sintáctico”.

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  23. JPT permalink
    4 Fevereiro, 2011 14:32

    É notável como se perde tempo com estas questões de alecrim e mangerona. Eram colónias – ou alguém duvida? “Províncias Ultramarinas” é o equivalente salazariasta de “Interrupção Voluntária da Gravidês”. Vejam mas é o link que o “z” postou no seu comentário, isso é que vale a pena (e vejam as outras duas partes também).

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  24. Fernando S permalink
    4 Fevereiro, 2011 14:33

    fado alexandrino,
    Efectivamente, “as descolonizaçoes exemplares” foram tudo menos exemplares !… Provocaram dramas humanos imensos (não penso apenas nos “retornados” mas sobretudo nas populações negras que ficaram) e detruições e retrocessos que em grande medida ainda não foram recuperados após mais de 3 décadas.
    Mas acho que uma qualquer forma de “descolonização” era inevitavel, tendo em conta as condições internas e externas da altura.
    Falhou-se a possibilidade de tentar construir uma confederação de Estados mais ou menos independentes (“grosso modo”, o projecto de Spinola). Em parte porque a politica do regime anterior não a favoreceu, em parte porque a seguir ao 25 de Abril vingou a opção da entrega das colonias aos movimentos independentistas, em parte porque o contexto internacional e ideológico era contrário.
    Dito isto, e embora compreenda e partilhe o desalento do fado alexandrino com as consequencias da descolonização, não creio que se tenha voltado à situação anterior à descolonização (admito que não quizesse dizer isto).
    Em primeiro lugar, porque a colonização foi suficientemente longa e profunda para poder ser completamente anulada pela descolonização e pelo desgoverno pós-colonial.
    Em segundo lugar, porque os regimes saídos da independência, depois de uma primeira fase de grande irresponsabilidade “revolucionária”, registaram uma certa evolução pragmática e retomaram algumas políticas de governação mais realistas (algumas das quais já existiam na época colonial).
    Finalmente, porque o progresso geral e a ajuda internacional acabam sempre por ter algum efeito sobre estes paises, por mais mal governados que sejam. Por exemplo, apesar de tudo, apesar da miséria, das guerras, da Sida,… graças aos progressos da medicina e a programas de saúde financiados pelo exterior, a esperança de vida média tem vindo a aumentar ao longo dos anos.
    O que é certo é que o espírito “anti-colonialista” (que podemos também designar de “nacionalista africano”), que ainda persiste em certos sectores, tanto nestes paises, sobretudo nas elites governantes, como na comunidade internacional, sobretudo em certas instituições de ajuda e organizações não governamentais, é um freio a uma maior abertura e integração da África no processo de desenvolvimento mais global.

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  25. miguel dias permalink
    4 Fevereiro, 2011 15:08

    “Todas as guerras são em certo sentido coloniais e regra geral são designadas como guerras mas esta vai logo à partida definida como colonial. O que gera extraordinários disparates porque ao longo do século XX os portugueses combateram durante vários anos em África mas para os combates da I República fala-se de campanhas no Ultramar e no caso de 1961-1974 passa a colonial. ”
    Mas que frase é esta senão um disparate ordinário (sem extra nenhum)!

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  26. Fernando S permalink
    4 Fevereiro, 2011 15:08

    Gabriel Mithá Ribeir,
    Muito interessante o que conta.
    A minha experiência em Moçambique, no contacto com trabalhadores humildes das zonas urbanas e com as populações rurais do interior, vai exactamente no mesmo sentido.
    Algum modo de poder seguir o seu trabalho e resultados ?

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  27. Gabriel Mithá Ribeir permalink
    4 Fevereiro, 2011 15:46

    Caro Fernando S, se se interessa pelo assunto, espero poder responder-lhe ainda este ano com a publicação de pelo menos uma obra. O meu trabalho de maior fôlego sobre Moçambique colonial e pós-colonial, que incluiu muito trabalho de campo, está há cerca de um ano a aguardar os resultados de um concurso. Terei (teremos) de aguardar.
    Cumprimentos

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  28. Fernando S permalink
    4 Fevereiro, 2011 16:24

    Caro Gabriel,
    Ok, obrigado. Vamos aguardar …
    Hambanine

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  29. Arlindo da Costa permalink
    4 Fevereiro, 2011 16:33

    Neste séc.XXI acho que Portugal deve voltar as costas definitivamente à Europa e voltar-se para a África e para todo o Atlântico Sul (Brasil e América Latina) e mesmo para a América do Norte.
    Só Mundo Novo nos pode salvar e ajudar!!
    Já estou farto de aturar franceses, alemães, holandeses, espanhóis, belgas, britânicos,etc.
    Puta que os pariu!

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  30. 4 Fevereiro, 2011 16:41

    Nada de novo.
    A tradicional e nauseabunda (para citar a Câncio…) paranóia dos doentinhos mentais da esquerda caviar, stalinista, corrupta e aldrabona.
    Do mesmo modo chamam “Líder” ao assassino Fidel… (52 mil só por fuzilamento…)e Ditador a Salazar …que matou muitíssimo menos.
    Ou “líder” Khadafi e ditador Ben Ali…ou líder KIm da Coreia e ditador ao Mubarak.
    Dissidentes aos heróis cubanos e chineses…e anti-fáá´ssschista e democrata ao Cunhal, Alegre e Cia.
    Estamos mesmo a imaginar os Profs PCP e BE e PSs a dar aulas de História…
    ou seja a impingir tretas como essa do DN.
    Felizmente, as gerações mais novas mais instruídas não alinham nessas atoardas…ficam para os betinhos do pó e erva esquerdóides.

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  31. mesquita alves permalink
    4 Fevereiro, 2011 16:56

    Não entendo Helena Matos.
    Havia uns moços e moças que estávam indevidamente a ocupar as ex colónias.
    Em algumas, além do problema atrás referido, eram incrívelmente racistas ( Moçambique).
    Foram corridos de forma razoávelmente pacífica. Nem melhor nem pior, que Argélia, Congo, Africa do Sul.
    Alguns, viraram maoistas, outros saudosistas. Agora o meu espanto, é ver ex colonos, virarem ao mesmo tempo maoístas e saudosistas. Helena, regresse à sua terra, e lute pelos seus direitos. Tem todo o direito.
    Boa tarde.

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  32. José permalink
    4 Fevereiro, 2011 17:09

    PI-Erre:

    Refiro-me à expressão “guerra colonial”. Obviamente que é uma expressão de quem procura atacar o país que levou a cabo a guerra pela manutenção das províncias ultramarinas. Ou seja, o nosso país.

    São esses os patriotas de pacotilha que nem sabem o que significa o nome Pátria porque, tal como o capital que vituperam, também a não tem.

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  33. José permalink
    4 Fevereiro, 2011 17:10

    Guerra colonial= fassismo.

    Invasão do Iraque e guerra no medio-oriente=capitalismo.

    Capite?

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  34. José permalink
    4 Fevereiro, 2011 17:12

    Guerra no Afeganistão nos anos oitenta=guerra justa.
    Invasão da Checoslováquia e da Hungria=socialismo em marcha

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  35. José permalink
    4 Fevereiro, 2011 17:14

    Guerra no Vietname= guerra de libertação

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  36. anti-comuna permalink
    4 Fevereiro, 2011 17:17

    Se se fizesse um Referendo nesses países, se gostariam de manter-se independentes ou novamente uma colónia ou até mesmo um Estado Federal com Portugal, aposto que teriamos algumas interessantes surpresas. Embora fosse do agrado de Lisboa, prefiro um Norte Independente. Até nem me importava que Lisboa voltasse a fazer o seu Império em troca do Norte Independente. eheheheheheheh

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  37. 4 Fevereiro, 2011 17:27

    É interessante ver como tanta gente opina sobre África e seus povos sem nunca a ter pisado.
    Como disse um comentador aí em cima:: somos mesmo um povo estranho… Passados 50 anos ainda andamos a discutir minudências.

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  38. 4 Fevereiro, 2011 17:42

    Daniel , os «intelectuais» têm esse defeito (ou feitio).
    Acham o máximo ter opiniões a partir de livros, discos, filmes ou programas de TêVê que viram/ouviram/leram.
    A realidade ?
    Ah, isso é muito chato. Vão vocês ver, e depois contem, se nos fôr agradável de ouvir.
    E depois eles/elas falam, falam, falam e nunca mais se calam… e quem lá esteve ri-se ou abandona a «circunstância» e vai fazer qualquer outra coisa mais interessante ou útil.
    🙂

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  39. 4 Fevereiro, 2011 17:49

    Citando mesquita alves
    …(…)…”eram incrívelmente racistas ( Moçambique)”…
    Pois se aqueles tipos achavam que até a tropa PT éramos criados a soldo deles.

    Aqueles ‘colonos’ lá (com as devidas excepções) eram do piorio.
    Não admira que quando podíamos cavássemos dali.
    😦

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  40. 4 Fevereiro, 2011 17:50

    no ano deles, duma cajadada, dois coelhos:
    .
    “Quando os Homens deixam de acreditar em Deus, não é que porque tenham passado a não acreditar em nada, mas porque passaram a acreditar em tudo.” Umberto Eco
    .
    “Afortunado por ter nascido depois do 25 de Abril, passei 12 anos na escola, sem que para ter esse direito tivesse de ter privilégios maiores. Impressiona-me particularmente como foi possível nunca ter ouvido falar do século XX português, do Estado Novo, do analfabetismo, da fome e da miséria que levaram milhares à emigração e das ferramentas autocráticas utilizadas – repressão e propaganda – para manter tal estado de coisas: índices de subdesenvolvimento inexpugnáveis, uma guerra insustentável, um isolacionismo que ainda hoje nos custa caro na nossa relação com a Europa, a que Salazar nunca soube pertencer. Não me espanta, portanto, a nossa crónica vulnerabilidade à demagogia, um aspecto nosso que o tempo há-de melhorar, e que hoje é usado pelas piores razões, para diminuir a sociedade portuguesa à dimensão tantas vezes patética ínfima dos seus líderes.
    .
    Gizé fica a Oeste do Cairo, cidade caótica e monumental, cujos subúrbios – impulsionados desalmadamente pela subjugação de toda a política ao crescimento económico – estão, entretanto, quase às portas da mais extraordinária obra de arquitectura de toda a humanidade, e a única das sete maravilhas do mundo ainda de pé. Do alto do planalto, as pirâmides e os seus mais de 4.000 anos de história são a edificação da consciência da fugacidade da vida. Nada pode ser mais civilizado.
    .
    “Aida”, ópera de Giuseppe Verdi, foi escrita para as cerimónias de abertura do Canal de Suez, no último quartel do século XIX, mas não foi terminada a tempo. Foi substituída na opípara festa por “Rigoletto”, do mesmo Verdi. A obra e as festividades (que Eça de Queiroz relatou como enviado para o “Diário de Notícias”) levaram o Egipto à falência, e o controlo do Canal – que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo é a única forma de navegar entre a Ásia e a Europa sem contornar África – esteve nas mãos dos britânicos e dos franceses até 1956. Terminados os seus primeiros oitenta anos de exploração e na sequência da independência colonial do Egipto, o Presidente Nasser nacionalizou o Canal. A partir de Israel, França e Grã-Bretanha invadem a zona pela força, e só a pressão da comunidade internacional conseguiu travar a continuidade desta lucrativa exploração, disfarçada de “interesses diplomáticos”. Que de novo se levantam.
    .
    Boa parte da história Egipto – e de África – é a história da ganância alheia e do sofrimento autóctone. Termino este artigo cerca de 48 horas antes da sua publicação, temendo que o vórtice entretanto instalado nas ruas possa incubar as mais temíveis facções e violências durante o processo que terá de se seguir. Uma Revolução é isto mesmo: um momento de plena incompatibilidade entre estado e cidadãos, caos induzido na procura da regeneração, de um começo. Oxalá, ou, na palavra árabe de onde esta nossa deriva, “inshallah”.”
    .
    veio daqui: http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=466921

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  41. 4 Fevereiro, 2011 17:57

    e-ko, essa a”pressão da comunidade internacional” que refere… foram os Estados Unidos, que tinham uma agenda diferente para a região e se queriam lá meter.
    Perca a virgindade um destes dias…
    😀

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  42. lucklucky permalink
    4 Fevereiro, 2011 17:57

    “Foi a esquerda que atribuiu a palavras como colonia, colonialismo, etc o tom politicamente pejorativo que hoje quase toda a gente lhe dá. ”
    .
    Há razões para o colonialismo ter significado pejorativo. Quando pessoas dominam outras contra sua vontade.Mas não era necessário fazer uma limpeza étnica e expulsar. Bastava fazer uma linha a dizer esta parte é nossa Governamo-nos como queremos a outra é vossa e Governem-se.
    É aliás isso que se passa em Portugal com o Estado Sociallista a colonizar o País.
    Mais tarde ou mais cedo o País vai-se partir morto pelo Sociallismo.
    O Anti-comuna fala da Independência do Norte outros se seguirão. Cada vez com mais força.

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  43. 4 Fevereiro, 2011 18:10

    ó James, não sou eu que digo isso… é o rapaz que escreveu o texto… todos sabemos que, em matéria de diplomacia, é o interesse estratégico e económico que prevalece.
    só me pareceu interessante o paralelo entre o Portugal de antes de 74 e o Egito actual, com uma revolução por epílogo.

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  44. Tiradentes permalink
    4 Fevereiro, 2011 18:10

    Gabriel Mithá
    Aguardarei também alguma coisa que seja publicada com sentido e pesquisa nessa área..
    Nada disso me é estranho por também manter relações muito próximas com essas terras e essas gentes.
    Não é dificil perceber que um povo neo-colonizado apesar de à boca cheia falar ou querer acreditar numa suposta independência faça as comparações reais das suas vidas e possa por isso estabelecer uma hierarquia.
    Há dados objectivos sobre fome, esperança de vida, desenvolvimento, capacidade produtiva no Moçambique actual que podem até nem ser entendidos pelo povo em si, mas que são sentidos e sobretudo vividos e isso os leva a conclusões.
    Daí e de alguma auscultação popular a minha não surpresa.

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  45. Fernando S permalink
    4 Fevereiro, 2011 18:32

    “Havia uns moços e moças que estávam indevidamente a ocupar as ex colónias.
    Em algumas, além do problema atrás referido, eram incrívelmente racistas ( Moçambique).”

    “Racistas” são aqueles que consideram que a Africa é para os negros e não para os brancos.
    Pela mesma logica, os pretos que estão na Europa deviam ser “corridos de forma razoavelmente pacifica”.
    Quando os europeus chegaram a diferentes pontos da costa africana não existiam paises, não havia Moçambique.
    Num territorio imenso encontravam-se tribos que vinham de algures e que mudavam de localização, tribos que se distinguiam, que se guerreavam, que dominavam ou eram dominadas. Os brancos foram mais uma, apenas mais desenvolvida e poderosa.
    Tal como a Europa, a América, a Asia e a Oceania,… a Africa não é dos pretos, nem dos arabes, nem dos asiaticos, nem dos brancos, nem dos mestiços … é de quem lá quer viver e trabalhar !

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  46. A C da Silveira permalink
    4 Fevereiro, 2011 18:49

    Os portugueses fizeram uma colonização que mais nenhum país europeu foi capaz, ou quiz fazer. Fomos nós que inventamos os mulatos, que fomos viver para o mato, que iamos para as colonias para ficar lá com as nossas familias. No anos 50 no Congo Belga ali ao lado de Angola as mulheres belgas quando estavam gravidas iam parir os filhos à Belgica, não queriam ter filhos nascidos em Africa. Os ingleses deixaram o maior país africano entregue ao apartheid, os franceses e os espanhois, deixaram as colonias africanas praticamente como as encontraram. Nenhum país da Europa tem relações com as suas ex-colonias como nós temos com as nossas.
    As admnistrações coloniais portuguesas, cometeram muitos erros, mas temos que os situar na época.
    Quando estive em Angola no principio dos anos 70 até praticamente à independencia, as escolas eram para todos e havia liceus onde o numero de alunos pretos e mulatos, já era superior ao de alunos brancos. Abrir a educação a todos foi uma das maiores obras que deixamos nas nossas colonias. Por isso e por muitas outras coisas mais, somos o país europeu mais respeitado em Africa.
    Não há nenhum comunista, do PCP, do BE ou da esquerda caviar que consiga destruir esse patrimonio.

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  47. 4 Fevereiro, 2011 18:51

    Salazar e Caetano, sobretudo Salazar-o-botas que nunca percepcionou correctamente nem conheceu in loco o Mundo, pelo modo como “geriu” politica, sociologica e culturalmente “o Ultramar”, durante décadas, foram os principais culpados(!) pelas consequências do que os antigos colonos ainda hoje se queixam ! — alguns, poucos, com razão.
    (Colonos. Colonizadores, e tudo o que essas denominações acarretam. Nunca perceberam ou se perceberam, fizeram tábua-rasa, ‘distraíram-se’ das raízes e ambições dos colonizados. Não acompanharam nem entenderam a História libertadora africana. O seu quintal era demasiado ‘familiar’…).

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  48. 4 Fevereiro, 2011 18:58

    Se tivesse havido discernimento político, humano entendimento social, cumplicidade cultural e boa-vontade económica e financeira por parte de Salazar, talvez hoje Portugal fosse um bom exemplo com “colónias” prósperas, autónomas, como as tem a Holanda, Grã-Bretanha ou França….
    Mas a javardice, o lucro-pelo-lucro-a-todo-o-custo e o laxismo tuga tudo permitiu.

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  49. 4 Fevereiro, 2011 19:11

    A guerra foi uma dezena de milhar de mortos em 13 anos e um milhão de mobilizados

    A guerra foi uma guerra civil?
    Dificilmente
    Logo colonial não fica mal
    lá por republicanos vários quererem ter colónias não quer dizer que os restantes quisessem
    mesmo as colónias madeirenses querem autonomia

    a distância do poder cria fome do poder quer se chame colonial ou outra merde

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  50. 4 Fevereiro, 2011 20:14

    Esta discussão não nos pode fazer esquecer a corrupção dirigida pelo Largo do Rato:

    http://mentesdespertas.blogspot.com/2011/02/corrupcao-ps-socrates.html

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  51. 4 Fevereiro, 2011 20:45

    Fernando S
    Posted 4 Fevereiro, 2011 at 14:33 | Permalink
    Obrigado.
    Embora tivesse na ideia as nossas ex-colónias estava a referir-me mais notóriamente aos vários casos de genocídio que por lá tem havido, Uganda, Costa do Marfim, Libéria e a miséria da próspera e linda ex-Rodésia que conheci.
    Não faltam mais exemplos.

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  52. Fernando S permalink
    4 Fevereiro, 2011 21:29

    fado alexandrino,
    … Rwanda, Burundi, Congos, Somalia, Sudão-Dafur, Serra Leoa,…
    No Zimbabwé, o “nosso amigo” Mugabe e a sua clique “anti colonialista e anti racista” conseguiram em poucos anos por na miséria a população daquele que foi o pais mais rico da Africa (a Rodésia) !…

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  53. jojoratazana permalink
    4 Fevereiro, 2011 21:37

    Trágico a maioria desta gente continua a pensar que a única coisa que existia no mundo, era o Império Colonial Português.
    Mas não era, quem pensava assim era o lírico do Salazar e pelos vistos mais uma catrefada de ignorantes, que ainda hoje não vêem a realidade.
    Que pena tenho pena desta gentinha.

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  54. 4 Fevereiro, 2011 22:50

    “Para Angola em força !” (e para as outras “colónias”) foi o slogan, redutor pensamento e trágica acção de Salazar e de Caetano. Não bastava a força; descuraram a inteligência e a”fé” inabalável dos nativos…
    Estiveram durante décadas mal informados por esclerosados militares. E os colonos expeditos a percepcionarem o que os movimentos libertadores preparavam (e mais tarde consumaram), nada consistentemente avisaram a “Metrópole”, e São Bento. Houve muita “fartar vilanagem”, objectivo único de uns quantos…
    Há quatro tipos de “retornados”: os que tudo perderam; os que conseguiram salvar bens e dinheiro; os que, ressabiados ainda hoje culpam unicamente os “turras” e finalmente, hoje, alguns desempregados e “empreendedores” que regressam e se entregam aos ex-colonizados…
    Salazar, se entendeu, não quis aceitar a tgragédia eminente. Salazar jamais projectou um plano global para “o Ultramar”: salvaguardando espólios, estruturas, legados humanos, físicos e culturais, reforçando e redimensionando a História.
    Salazar e Caetao “lixaram” tudo e todos. São responsáveis por dezenas de milhar de mortos, outros tantos feridos e de incontáveis traumatizados.

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  55. 4 Fevereiro, 2011 23:55

    Concordo com o A C da Silveira,porque sabe do que esta a falar,tem conhecimento de causa. Pelo contrário MJRB,não sabe do que esta a falar, neste caso concreto só diz disparates.
    Ainda hoje, aos portugueses lhes é escondido o que era a vida social em Angola e Moçambique, a RTP tem arquivos imensos de imagens dessa época e não as mostra porque não interessa à opnião dominante desta esquerda caviar,que criticam a censura do Estado Novo, mas no poder são mestres nessa arte.
    O Imperio Colonial Português só existiu no tempo do Estado Novo…de facto estas gerações são enganadas diariamente por estes jornalistas que só sabem fazer fretes, pois não têm opinião propria,pois não passam duma carneirada à semelhança da maior parte dos portugueses.

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  56. 5 Fevereiro, 2011 02:25

    mas as colónias não continuam?
    por acaso a Coreia do Norte não é um campo de concentração-colónia da China?
    E Myanmar, idem aspas?
    E quem segura o racista assassino do Sudão?
    Não são as armas chinesas (e vetos no Conselho de Segurança da ONU)..os $$$ árabes?

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  57. Fernando S permalink
    5 Fevereiro, 2011 08:19

    “Não bastava a força; descuraram a inteligência e a”fé” inabalável dos nativos…”
    (…)
    “Salazar e Caetao “lixaram” tudo e todos. São responsáveis por dezenas de milhar de mortos, outros tantos feridos e de incontáveis traumatizados.”

    MJRB,
    Claro que não bastava a força.
    Claro que também era necessario um projecto politico diferente para as colónias.
    Já aqui reconheci a responsabilidade do regime no que acabou por acontecer.
    Talvez a principal causa tenha sido a ausência de uma democracia, na metrópole e nas colónias. A questão colonial nunca foi verdadeiramente discutida, as diferentes opções sériamente ponderadas. A potência colonial não criou condições para o aparecimento de uma elite política “africana”, pretos, brancos, mestiços.
    Poderia ter existido uma real transição, progressiva, faseada, pacífica, democrática. Certamente para uma maior autonomia. Pouco importa se o resultado final fosse alguma forma de federação ou uma independência plena. O essencial teria sido que se tivessem evitado as roturas que aconteceram, entre o passado e o presente, entre a velha potência colonial e o novo país africano, entre brancos (“os retornados”) e pretos, entre os próprios cidadãos dos novos países (os regimes marxistas e as guerras civis). Tudo teria sido melhor se os brancos não tivessem sido forçados a partir e se não tivessem ocorrido as guerras civis do pós independência.
    Mas se tal não aconteceu não foi apenas da responsabilidade do regime anterior.
    O contexto internacional e ideológico da altura não ajudou.
    No quadro do conflito este-oeste, entre os comunismos e os capitalismos, os paises comunistas, com a União Soviética à cabeça, criando e apoiando os “movimentos de libertação”, tudo fizeram para desestabilizar a região e impedir qualquer tipo de evolução pacífica.
    Com a mudança de regime do 25 de Abril de 1974, e com o rumo “revolucionário” que se seguiu, o Estado português abandonou de imediato qualquer veleidade de organização de um processo de transição que não fosse a entrega pura e simples das colónias aos movimentos independentistas.
    Não é verdade que o que aconteceu correspondia à vontade das populações negras. Essa vontade não foi sequer verdadeiramente auscultada. Durante as guerras coloniais as populações foram sobretudo intimidadas e terrorizadas pelas guerrilhas. Não existia uma real hostilidade contra a presença dos brancos e a administração portuguesa. Exceptuando alguns sectores, essencialmente urbanos, de resto não apenas negros, não existia na massa da população uma qualquer consciência colectiva anti-colonial e nacionalista.
    A independência, sobretudo nos moldes “anti-coloniais” em que se verificou, não era de modo nenhum a única opção disponível.
    Os principais responsáveis pelo que aconteceu a seguir, em particular pelos imensos dramas humanos que afectaram milhares senão milhões de pessoas, foram todos aqueles que defenderam activamente e aplicaram no terreno modelos de ruptura política radical com um passado e um presente que não era apenas negativo.

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  58. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 10:41

    “Os principais responsáveis pelo que aconteceu a seguir, em particular pelos imensos dramas humanos que afectaram milhares senão milhões de pessoas, foram todos aqueles que defenderam activamente e aplicaram no terreno modelos de ruptura política radical com um passado e um presente que não era apenas negativo.”

    Plenamente de acordo. Não vale a pena buscar explicações difíceis quando temos as mais simples e verdadeiras è frente dos olhos. Só não vê quem não quer.

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  59. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 10:42

    Punhamos os nomes aos boys:

    Os responsáveis directos e sem intermediários foram os comunistas e os que fizeram o jogo deles. Só isso.

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  60. 5 Fevereiro, 2011 11:05

    Fernando S,
    Parcialmente de acordo.
    Salazar e Caetano persistiram no erro crasso de não quererem aceitar, entender e solucionar frentes de batalha politica e militarmente perdidas.
    Havia um “império” que poderia ser poderosíssimo no contexto africano e internacional, mas que Salazar, teimoso, ignaro e anti-democrático perturbou e desleixou.
    (“Império”, hoje, só os bons bifes da cervejaria…).

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  61. 5 Fevereiro, 2011 11:15

    José,
    Nas antigas “colónias”, “os comunistas e os que fizeram o jogo deles” foram mais perspicazes do que “o patrão”… Estavam em desvantagem quando iniciaram as guerrilhas e assim estiveram durante algum tempo.
    Ganharam terrenos e apoios, devido ao alarve autoconvencimento dos tugas e de Salazar) de que resolveriam “aquilo” com mais ou menos tiros, boicotes, etc. Só que os “turras” singravam e consolidavam-se em frentes militares e notoriamente políticas e diplomáticas… “A capital do império” já estava politicamente condenada a nível internacional e ainda pensava resolver revoltas com acção psicológica e tiroteio… Acresce que militarmente “o império” estava perdido.

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  62. A C da Silveira permalink
    5 Fevereiro, 2011 11:45

    Marcello Caetano não pode ser posto ao mesmo nivel do Salazar, na leitura que ambos faziam do que devia ser a politica colonial. O Salazar nunca lá foi, mas Caetano foi , e mais do que uma vez, e a viagem que ele fez em 71 a Angola foi historica, porque ele percebeu o que se estava lá a passar ao nivel do desenvolvimento economico e social desde que lá tinha ido no fim dos anos 50. No regresso dessa viagem Marcello Caetano atribuiu um grau de autonomia sem precedentes a Angola e Moçambique, que não por acaso deixaram de ser Provincias Ultramarinas, e passaram a ser Estado de Angola, e Estado de Moçambique.
    Quanto às opções de descolonização, convem não esquecer que em meados dos anos 70, a guerra fria estava no auge, os americanos tinham acabado de sair do Vietname com o rabo entre as pernas, e nós apenas fomos uma peão naquele jogo de xadrês. Naquela época especifica, o destino das nossas colonias não podia ser outro, senão cair na esfera sovietica, e não foi por acaso que o 25 de Novembro aconteceu poucas semanas depois da independencia de Angola. Cunhal e os seus aliados do MFA, já tinham feito o trabalhinho.

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  63. 5 Fevereiro, 2011 12:20

    ACSilveira,
    A designação (“Estado”) e as supostas “autonomias” atribuídas por Caetano, não resolveriam a “descolonização”. O Estado português já estava, antes do 25 de Abril, ‘cercado’ militar, politica e diplomaticamente. E Caetano, tal como Salazar, não quis accionar qualquer plano estratégico sob e sobre esse ‘cerco’…

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  64. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 12:44

    “Naquela época especifica, o destino das nossas colonias não podia ser outro, senão cair na esfera sovietica, e não foi por acaso que o 25 de Novembro aconteceu poucas semanas depois da independencia de Angola. Cunhal e os seus aliados do MFA, já tinham feito o trabalhinho.”

    Também estou de acordo…mas precisávamos de traidores entre nós, os portugueses?

    E quem foram esses traidores em nome do internacionalismo proletário seja lá isso o que for ( o que era)? Os comunistas. Todos, incluindo os de extrema e os do PS que alinhavam ainda nessas tretas.

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  65. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 12:47

    Esses traidores merecem os lugares que têm na A.R. actualmente? Não merecem. O que merecem é verem desenculatrados os esquemas de acesso ao poder que são os respectivos partidos. Tal como aconteceu na Europa de Leste depois da queda do muro.

    Que venham outros partidos com nomes de cores, como na Itália. E uma história contada como deve ser. Por exemplo, hoje no Expresso José Pedro Castanheira dá umas castanhadas valentes na história oficial da CGTP cheia de “verdades a que temos direito”, com mentiras e ocultações de todo o tamanho.

    Os comunistas não esqueceram nada e nada aprenderam: por isso desmantelem o PCP!

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  66. 5 Fevereiro, 2011 13:45

    “Desmantelem o PCP”, exige José. Estranha forma de viver em democracia…
    E o P”S”, pode ficar intacto ? O mesmo para o PSD, para o BE e para o PP ? — tudo partidos cor-de-rosa ou arco-íris, boas cores a pedido por José para “novos partidos”…
    A democracia não recuperou dos “estragos” provocados pelo PCP (e não só) até 25 de Novembro de 1975 ? O melhor (e democrático) “desmantelamento” do PC não está demonstrado pelo voto ? A maioria dos autarcas comunistas (por exemplo) não trabalham afincada e exemplarmente ?
    A democracia não foi já prejudicada e a sua prática perturbadíssima com o P”S” no governo, sobretudo desde 2006 ? O país não está falido, de rastos, e os seus habitantes desesperados por causa do P”S” ? — e só o PCP é que deve ser “desnmantelado” ?

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  67. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 14:51

    “A democracia não recuperou dos “estragos” provocados pelo PCP (e não só) até 25 de Novembro de 1975 ? ”

    Não. Nunca recuperou porque o discurso da nossa democracia continua a ser o do PCP e da Esquerda em geral. É esse discurso que ganha eleições. O da igualdade, dos pobrezinhos e contra os ricos, burgueses e capitalistas. Isto grosso modo é o discurso actual e de sempre.
    Houve uma vez, uma única, na nossa democracia em que tal não funcionou apesar dos apelos lancinantes da Esquerda: em 1979 com o advento da AD. Nessa altura, supunha-se que poderia haver alguma esperança na desconstrução desse discurso que nos tolhe o progresso social e económico há mais de trinta anos. Houve até Sá Carneiro morrer. Logo a seguir tomou conta do governo quem?
    Pinto Balsemão, vejam só! Um capitalista que pensava e pensa no umbigo e cujas ideias de modernização eram nulas. Abafadas pela asma.
    Desde então até agora, não há nenhum candidato a eleições que se perfile abertamente contra essa esquerda. E a prova está nestas últimas eleições cujo tema central , tirando as facécias das casas e acções de Cavaco, foi o Estado Social e o seu desmantelamento iminente, pelos que não votariam no Alegre.

    Foi ou não foi assim?

    Defendo por isso o que aconteceu na Itália: desmantelamento do PCP e do PS. Já esteve mais longe…

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  68. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 14:54

    “A maioria dos autarcas comunistas (por exemplo) não trabalham afincada e exemplarmente ?”

    Dêmos de barato que assim seja. E daí?
    Não estou contra os comunistas como pessoas. Julgo até que serão das pessoas mais qualificadas para governar. E digo sem ponta de ironia.
    O problema não são as pessoas mas a ideologia da qual eles não se libertam enquanto se enfeudarem ao partido. Libertem-nos do partido e as qualidades pessoais de cada um ressurgirão noutro partido. Ex novo.

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  69. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 14:58

    Nós enquanto democracia não precisamos para nada de um partido comunista. É um contra-senso, um anacronismo. E por isso deve acabar pura e simplesmente, como acabaram no Leste.

    Será isto dizer algo de extraordinário? Não é a lógica das coisas que o impõe?
    E as pessoas do PCP se quiserem podem sempre fundar outro partido com outras ideias mais adequadas à “democracia burguesa” que triunfou como previu Fukuyama.
    Façam como na Itália.

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  70. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 15:00

    Este Inenarrável que governa não se diz socialista? E sê-lo-á? Claro que não é e nunca o foi. É um apaniguado da boa vida que o sistema lhe pode dar e diz-se de esquerda para enganar os eleitores. De resto, vive como um qualquer burguês ditos de “direita” e pensa como tal.

    É ou não assim?

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  71. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 15:05

    A ironia das ironias é esta: o verdadeiro revolucionário que ainda existe chama-se…Jorge Lacão!

    Propõe a redução do número de deputados que seria a machadada final no PCP e no CDS como o conhecemos.

    Esse fenómeno se acontecesse, daria azo a uma autêntica mudança de regime . Os partidos nunca mais seriam os mesmos.

    E não é isso que todos esperam que aconteça? Não é disso que todos precisamos?

    Então…

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  72. 5 Fevereiro, 2011 15:15

    O José ensandeceu.
    A Zazie deu-lhe cabo do miolo.
    Já nem os benfiquistas pensam assim.

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  73. Fernando S permalink
    5 Fevereiro, 2011 16:23

    MJRB,
    Completamente em desacordo com a atribuição de responsabilidades exclusivamente a Salazar e Caetano.
    Por sinal, em termos de simples contabilidade em vidas humanas, a guerra colonial fez muitissimo menos vitimas do que o desgoverno e as guerras do pos independencia !

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  74. 5 Fevereiro, 2011 20:02

    José,
    Acalme-se depois das suas elocubrações. Crive qualquer coisinha.
    No caso, sobre um momento da história tuga que Vc. pensa ter sido sempre linear, cristalino, exemplar… Ou que Vc. defende com memória selectiva.

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  75. 5 Fevereiro, 2011 20:14

    Fernando S,
    Quem foi o responsável máximo deste país e do “ultramar” durante décadas ? Não foi Salazar ?
    Caetano não lhe sucedeu ?
    Concedo só nisto: os militares, os conselheiros, os banqueiros e mega- empresários, os diplomatas, os grandes colonos de então, não quiseram “ler” os sinais das revoltas. Com mais tiro, menos tiro, QUISERAM assim e com o entendimento e autorização de Salazar (e de Caetano) resolver um destuino que lhes fugia…
    —-
    O que é que nos interessa a quantidade de mortos e de feridos post-independências ?
    Hoje, só interessa a muitos tugas (uns quantos estiveram nas antigas “colónias” enquanto militares ou “empresários”…), isto: pedirem emprego e autorização para investimento aos antigos “turras”…

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  76. José permalink
    5 Fevereiro, 2011 21:10

    MJRB:

    Isso que escrevi é pensado, repensado e estou disposto a debater com qualquer pessoa. Quer dizer, com qualquer pessoa, não. Mas consigo, sim.

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  77. Fernando S permalink
    5 Fevereiro, 2011 21:18

    “O que é que nos interessa a quantidade de mortos e de feridos post-independências ?”
    MJRB,
    Interessa porque, no minimo, mostra que “foi pior a emenda do que o soneto”.
    Quer-me parecer que o MJRB, voluntaria ou involuntariamente, escamoteia as enormes responsabilidades daqueles que, antes e depois do 25 de Abril, procuraram impedir por todos os modos qualquer solução de transição pacifica e democratica das sociedades coloniais, prolongadas até 1974 pelas politicas conservadoras de Salazar e Caetano, para sociedades mais abertas e autonomas.
    Refiro-me concretamente aos comunistas de todo o tipo, aos progressistas, e até aos socialistas, de dentro e de fora, que tudo fizeram para que o poder fosse entregue de bandeja (sem referendos, sem eleições, sem garantias dos direitos das minorias, etc) a bandos de guerrilheiros cujo unico projecto consistente era correr com os brancos e fazer a “revolução socialista”.
    Viu-se no que deu !…
    Se não fosse o enorme desperdicio do que foi a “descolonização exemplar” e o desgoverno do pos independencia, os novos paises saidos das antigas colonias portuguesas poderiam estar hoje muito mais desenvolvidos e prosperos.

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  78. 5 Fevereiro, 2011 21:38

    José,
    Com todo o gosto, debata-se este e outros casos.

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  79. 5 Fevereiro, 2011 22:03

    Fernando S,
    São nações independentes. Repito: independentes, e tudo o que esse estatuto significa e o reconhecimento internacional legitima. Já não sob a tutela tuga.
    Óbvio: lamento destruições, guerrilhas e mortos post-independêcias,cujos responsáveis são os nativos.
    As descolonizações poderiam ter ocorrido melhor ? — podiam e deviam. Há culpados (e alguns oportunistas…) ‘lá’ e ‘cá’. Mas não havia outra e melhor hipótese, do que entregar o poder aos partidos mais representativos, responsáveis, e que verdadeiramente lutaram pelas independências.
    Um caso: Vc. entregaria Angola à UNITA ? Savimbi estava interessado em eleições ? Aceitaria os resultados se perdedor ?
    Os “comunistas de todo o tipo”, os “progressistas” e “até os socialistas” tiveram mais discernimento, sagacidade e inteligência do que “as políticas conservadoras de Salazar e Caetano” durante décadas.

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  80. 5 Fevereiro, 2011 22:04

    Caros,
    Retiro-me por hoje. Boa noite.

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  81. Fernando S permalink
    6 Fevereiro, 2011 00:35

    Caro MJRB,
    “Mas não havia outra e melhor hipótese, do que entregar o poder aos partidos mais representativos, responsáveis, e que verdadeiramente lutaram pelas independências.”
    Havia certamente outra melhor hipótese : a da via democrática.
    Nada garantia então que os “movimentos de libertação” fossem os “mais representativos”, ainda menos os mais “responsaveis”.
    Existiam e apareceram outros grupos de cidadãos e partidos, com pessoas de dentro e de fora dos territórios, mais ou menos integradas nas sociedades coloniais e mais ou menos afectas ou opositoras ao regime. É verdade que alguns dos grupos apareceram no seio e por iniciativa de pessoas da comunidade branca. Algo de perfeitamente legítimo na sociedade democrática que o regime saido do 25 de Abril anunciara. Mas, desde o início, estes grupos incluiam aderentes não brancos e projectavam alargar-se no seio das diferentes comunidades, incluindo a da população negra. Vários outros grupos tinham uma composição social essencialmente “africana”. Grande parte destas pessoas pertenciam às elites “africanas” já existentes. Todos representavam sectores, correntes de opinião, projectos para o futuro do território. Alguns eram pela manutenção de uma ligação forte a Portugal. Outros por uma maior autonomia, num quadro confederal, ou pela independência. Todos tinham igualmente direito a existir, a exprimir os seus pontos de vista, a procurar conquistar a adesão da população, a ter voz no processo político democrático que se abria na sequência do 25 de Abril, nas colónias como na metrópole.
    Ao favorecer a entrada de forças armadas dos movimentos de guerrilha nas principais cidades e ao desistir de qualquer tipo de contrôlo da acção das mesmas, ao constituir governos provisórios que integravam únicamente os movimentos de guerrilha (que com a excepção de Angola, era um único em cada território), as autoridades civis e militares portuguesas comprometeram sériamente a viabilidade de um processo equilibrado de transição democrática.
    Antes e durante os processos das independências, os outros grupos e partidos políticos foram perseguidos, reprimidos, esmagados, e desapareceram rápidamente da cena. O aniquilamento brutal de qualquer oposição, com prisões arbitrarias, torturas e assinatos, começado ainda antes da saida dos territorios das autoridades e da tropa portuguesas, é uma pagina dramatica e vergonhosa da “descolonização exemplar”.
    Não existiu nenhum processo de consulta das populações, não houve competição política, não houve eleições.
    O facto de os movimentos de guerrilha terem levado a cabo uma luta armada pela independência não lhes dava à partida nenhuma legitimidade democrática. Não eram sequer os vencedores da guerra contra o exército português. O único direito que tinham era o de poderem participar ao lado de outras forças políticas num processo de transição que determinaria pela via democrática a escolha do modelo constitucional e do (ou dos) partido(s) de governo. Não foi o que aconteceu.
    O poder foi entregue directamente e sem condições aos movimentos de guerrilha que impuseram rápidamente regimes completamente ditatoriais.
    Este processo perfeitamente antidemocrático e precipitado foi a causa principal das tragédias humanas e da destruição das economias durante as independências e no periodo que se seguiu.

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  82. Fernando S permalink
    6 Fevereiro, 2011 00:58

    MJRB,
    “Um caso: Vc. entregaria Angola à UNITA ? Savimbi estava interessado em eleições ? Aceitaria os resultados se perdedor ?”
    Não entregaria o poder nem à UNITA, nem ao FNLA, nem ao MPLA. Como ja se sabia e como se comprovou a seguir, nenhum era melhor do que os outros. Nomeadamente em matéria de eleições e respeito pelos resultados.
    O que as autoridades portuguesas fizeram foi precisamente entregar o poder a estes 3 partidos. Favorecendo descaradamente, como toda a gente sabe, um destes grupos, o MPLA.
    O resultado foi uma das guerras civis mais brutais e mais longas em Africa.
    Teria, como ja referi antes, organizado e tutelado um processo de transição democratica, tão longo e trabalhado quanto necessario.
    Que poderia ou não ter levado à independencia “total” e à escolha de algum destes partidos para o governo do novo pais…

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  83. Fernando S permalink
    6 Fevereiro, 2011 01:17

    MJRB,
    “Os “comunistas de todo o tipo”, os “progressistas” e “até os socialistas” tiveram mais discernimento, sagacidade e inteligência do que “as políticas conservadoras de Salazar e Caetano” durante décadas.”
    Concordo que “tiveram mais discernimento, sagacidade e inteligência” : conseguiram em tempo record levar a cabo um projecto de neutralização de qualquer tentativa de evolução pacifica e democratica dos territorios coloniais portugueses.
    Deste modo contribuiram decididamente para destruir o que de bom existia e tinha sido conseguido naqueles territorios ao longo da época colonial e para o aparecimento de regimes autoritarios e corruptos orientados para o enriquecimento facil das nomenklaturas e não para o bem estar do grosso das populações.

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  84. 6 Fevereiro, 2011 01:35

    Meu caro Fernando S os nossos soldados entenderam o ‘espírito do tempo’, não havia ninguém disposto a obedecer a ordens ou sequer embarcar p’ra o referido país ou arriscar a vida em m#$%&”s que se sabiam que iam acabar.
    Sabia-se, e muito.
    A partir daí o contra-almirante que eu sei que vc. sabe que eu sei fez o que lhe era possível…
    Se não tem ‘gaita’ vc. não assobia, verdade ??

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  85. Luzograalense permalink
    6 Fevereiro, 2011 02:07

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  86. Luzograalense permalink
    6 Fevereiro, 2011 02:16

    Moçambique 1894-1897…

    num grande Filme de Jorge Brum do Canto – com grande rigor histórico, muito realismo na documentação militar (e assistência do Exército) e documentação administrativa históricas – e realismo nos diversos dialectos falados (conforme as Tribos) da língua indigena daquela região de África.

    Era mais que um “Império de Salazar”. Santa Paciência. Só olhando históricamente, com crítica(em todos os angulos e no bom sentido), imparcialidade e clarividência.

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  87. Luzograalense permalink
    6 Fevereiro, 2011 02:17

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  88. Fernando S permalink
    6 Fevereiro, 2011 18:04

    Caro James,
    O problema era precisamente esse “‘espírito do tempo’” …
    Os militares portugueses abandoram o controlo do terreno não porque não quizessem fazer o trabalho mas sobretudo porque os responsaveis politicos não deram as orientações e instruções que convinha, ou até as deram precisamente no sentido que não convinha, o de entregar o poder aos movimentos de guerrilha.
    Mas o “espirito do tempo” não é algo que cai do céu tal e qual e já determinado. Depende igualmente de opções e acções politicas. O problema foi que a seguir ao 25 de Abril a correlação de forças foi favoravel aos que desejavam a entrega das colonias aos movimentos independentistas.
    Em Angola, o então contra-almirante Rosa Coutinho, para não o nomear, sabia o que fazia e fez tudo para acelarar a saída dos portugueses e favorecer o MPLA. Sabemos que Rosa Coutinho era um elemento próximo do PCP e mereceu bem a alcunha de “almirante vermelho”.
    Mas os mais responsáveis não foram sequer os altos comissários e as hierarquias militares e civis que no terreno tinham de gerir situações complexas e dificeis. Foram sobretudo os políticos e os militares “politicos” que “negociaram” com os movimentos de guerrilha antênticas capitulações.
    Não concordo com a tese de que o que aconteceu era inevitável porque Portugal não tinha então condições para organizar um processo de transição democrático.
    Durante anos o país aguentou e práticamente venceu militarmente em 3 frentes de guerra em territórios imensos e distantes da metrópole. Tinha os meios e as capacidades necessárias.
    O que faltou foi apenas a vontade política. Ou melhor, a vontade e o projecto político que se impuseram de forma não democrática, tanto relativamente aos cidadãos portugueses como aos habitantes das colónias, foi precisamente o oposto.
    A “descolonização exemplar” foi sobretudo uma consequência do malfadado PREC em Portugal.

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  89. Fernando S permalink
    6 Fevereiro, 2011 18:56

    * ERRATA : “Os militares portugueses abandonaram o controlo do terreno …”

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  90. 6 Fevereiro, 2011 21:08

    Fernando os nossos militares são/eram do melhor que há. Capazes de fazer ‘milagres’ a partir de nada.
    Não estou a falar de cór, mas também não vou dar pormenores.
    Obedeciam a ordens.
    Se as ordens começam a ser contraditórias, ou cada um dá a sua, acontece bandalheira.
    Eu não culpo o “Rosa Coitadinho”.
    Se me tocasse a mim, com o Éme PêLá nas trombas e aos berros em Luanda, Kalash’s allover, sem ninguém que me obedecesse, também não sei se teria feito diferente.
    E note, eu não sou, nem nunca fui do PêCê ou sequer lá próximo.

    😦

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  91. Fernando S permalink
    6 Fevereiro, 2011 22:03

    Caro James,

    “Se as ordens começam a ser contraditórias, ou cada um dá a sua, acontece bandalheira.”
    Foi o que aconteceu !… E as consequencias foram terriveis !

    “Não estou a falar de cór, mas também não vou dar pormenores.”
    Não duvido de que quando fala de militares … o James sabe do que esta a falar… (pena não poder conhecer os tais pormenores, mas compreende-se)

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  92. 6 Fevereiro, 2011 22:31

    Háde-se saber, mas não agora, e não por mim.

    Colónias ou províncias ultr-essa-m#$%&a, resumo:
    .Goa: não tínhamos a menor chance, e o Nehru (um tipo admirável) tinha avisado que… a sorte foi que a comissão de serviço do meu late Pa (na altura capitão, do Estado-Maior do Vassalo e Silva) acabou uns dois meses ou três antes de akilo cair, era injusto e impossível resistir.

    .Timor: mais do mesmo, substituir Índia por Indonésia.

    .Angola: depois do princípio que foi um desastre, o Chico Cortiça fez um excelente trabalho a partir de muito pouco que ele tinha. Acabou-se com a FNLA, o MPLA fugia para o Congo, a Unita para baixo e para o leste.
    .Moçambique: o gen. Kaúlza bem tentou, mas não conseguiu estragar tudo, difícil encontrar um comandante em chefe mais incompetente.. . A Frelimo estava «contida» a norte e a oeste, iam e vinham.
    .Guiné: aí estávamos com problemas sérios. O armamento do PAIGC era muito superior ao nosso, e e o conhecimento do terreno (montes de pântanos e lamaçais…) também. Perdi uns amigos lá.
    😦

    Um paízeco destes conduzir guerras nestas frentes todas, fica complicado, sobretudo se o propósito fôr estúpido ou injusto.
    😦

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  93. Fernando S permalink
    7 Fevereiro, 2011 00:13

    James,

    Claro que não era possivel derrotar completamente e definitivamente uma guerrilha proveniente e apoiada do exterior pelo comunismo internacional.
    Mas há muitos protagonistas e historiadores que sustentam que a situação militar estava perfeitamente controlada.

    Trabalhar para uma transição democrática e de bom senso seria tudo menos “estúpido e injusto”.
    Mesmo que para tal fosse necessario continuar, pelo menos durante o processo de transição, a fazer algum esforço para conter militarmente os movimentos de guerrilha.
    Era uma obrigação moral do Estado português para com as populações, “europeias” e “africanas”, das então colónias,.
    Bem mais estúpida e injusta do que a guerra colonial foi a “descolonização exemplar”.

    Dito isto, o que aconteceu aconteceu, passaram já mais de 3 décadas, os novos paises fizeram história, depois de “bateram no fundo” teem vido a recuper progressivamente e, apesar de tudo, são hoje parceiros e interlocutores válidos para Portugal.
    Vivemos actualmente uma fase completamente diferente no relacionamento entre estes paises lusófonos e Portugal.
    Muitos portugueses e luso-moçambicanos vivem, trabalham, e passam férias nesses países.
    Muitas pessoas oriundas desses países estão instaladas ou teem laços fortes em/com Portugal.
    O passado não deve agora prejudicar a qualidade dessas relações.
    Mas o passado não se muda nem deve ser evacuado.
    A discussão sobre as diferentes leituras do passado colonial e post-colonial não é incompativel, antes pelo contrário, com o desejável reforço das relações entre Portugal e os paises saídos das antigas colonias.

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  94. 7 Fevereiro, 2011 05:33

    Exactamente.
    🙂

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  95. Fernando S permalink
    7 Fevereiro, 2011 10:46

    Claro que quando falei em “luso-moçambicanos” me queria também referir a outros “luso-africanos”, em particular aos “luso-angolanos” … (foi um lapsus !…)

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