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uma oportunidade única

20 Setembro, 2012
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O estado miserável em que o governo de José Sócrates deixou o país teria exigido, de líderes responsáveis da oposição, a apresentação pré-eleitoral de um acordo de governo com objectivos, medidas e prazos claros para quatro anos. Em vez disso, Pedro Passos Coelho convenceu-se, graças às sondagens eleitorais de início da campanha, que o PSD poderia chegar à maioria absoluta e que, com ela, enfiaria Paulo Portas num bolso, enquanto que este julgou que o CDS atingiria um resultado próximo do do PSD, e, que, com ele, conseguiria uma posição de quase paridade no futuro governo. Os resultados demonstraram que ambos estavam errados, e obrigaram os dois líderes a um casamento de conveniência, feito à pressa e sem princípios comuns, que não fosse o simples cumprimento das determinações do acordo com a troika. Em todo este processo percebeu-se que, verdadeiramente, Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e os respectivos inner circle não se estimavam por aí além, e, pior do que isso, que não  tinham confiança recíproca. A proximidade no governo e a tragédia do país, em vez de os aproximar como seria natural, agravou essa distância, em razão do que se têm sucedido os já muitos desencontros deste primeiro ano de governação, que vão das discordâncias sobre a privatização da RTP até ao desentendimento público sobre a TSU.

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Nesta altura em que as pontas da corda já se extremaram para além do que é razoável num governo de emergência nacional, que todos os dias pede e impõe novos sacrifícios aos cidadãos, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas têm agora uma oportunidade única, porque singular e irrepetível, para refundarem a coligação de governo, e para apresentarem um entendimento aos portugueses para os próximos três anos, que seja verdadeiramente reformista e esperançoso, e se não esgote em medidinhas avulsas para tapar os buracos do défice do estado. Se, em vez disso, deixarem permanecer os sentimentos de desconfiança e de reserva mental entre eles e os seus, enquanto continuam a ir placidamente aos bolsos dos contribuintes, serão eles os verdadeiros responsáveis pelo regresso próximo do PS à chefia do governo.

11 comentários leave one →
  1. António Pedro Pereir permalink
    20 Setembro, 2012 06:32

    Senhor Rui a.:
    Já pôs o termómetro?
    Vigie a febre, deve estar alta.
    Tirando a crença de que, quem não se entendeu no período de estado de graça se vai entender agora, pela 1.ª vez subscrevo o que diz, caso raríssimo de acontecer.
    Mas continua a não perceber que o problema está no erro conceptual de, numa moeda forte e num entorno de forte competição tanto no âmbito da UE como no âmbito global, pensar-se que as medidas austeritárias resolvem o problema.
    São necessárias (se razoáveis e ponderadas) mas não só são insuficientes como contraproducentes.
    Com o escudo as medidas de austeridade eram a solução do problema (retiravam rendimento internamente através da inflação e desvalorizavam os custos e os externos dos produtos, melhorando a competitividade); no euro agravam o problema e não há maneira de o resolverem.
    Há que tenha dito isto desde antes da entrada no euro, de efeitos catastróficos, mas nunca foi ouvido.

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  2. Nuno permalink
    20 Setembro, 2012 07:24

    .
    De facto, este governo, embora com lucidez, prevarica — e muito — pela ausência de explicações claras que o Povo Poruguês entenda pois a verdade é que “não entende” a linguagem da grande maioria dos políticos, pese embora julgar “!entender” o linguajar fala-barato, armado em espanpanante, dos socialistas.
    O actual leader do ps, o sr. Seguro, que não segura nada, quer iniciar tão depressa quanto possível uma corrida ao ouro tal como o faz o seu antecessor, o sr. Sousa (que quis ficar só com o Sócrates — que não era nem é, mas passa por ser –, e meteu o Pinto na algibeira por esse apelido poder ser tomado como baratucho e sem sainete nem direito a Infantes, olé!). E, a exemplo, a espalhar uma data de guita da boa em milhões, bem arrumadinha, que valem bem a pena e fazem feliz qualquer um mesmo aem ser ou ter seguro.
    O que é engraçado é haver tanto jornalista, comentarista e uma data de …istas a arrepelarem-se para conduzir de novo o desgraçado Portugal à reles miséria socialista.
    Até parece que estavam no melhor dos mundos!…
    .

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  3. JDGF permalink
    20 Setembro, 2012 08:33

    A actual ‘crise política’ continua a ser endossada ao passado (remoto ou recente).
    Embora muitos portugueses tenham a noção que ela é condicionada pelo futuro…(não necessariamente do País, entenda-se).

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  4. piscoiso permalink
    20 Setembro, 2012 09:13

    Se o problema do país fosse o relacionamento de Passos Coelho com Paulo Portas, bastava irem a uma consulta de terapia para casais.

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  5. Observador permalink
    20 Setembro, 2012 09:35

    “O estado miserável em que o governo de José Sócrates deixou o país…” e que este governo, teve o condão de o deixar pior, deve ter resposta adequada – RUA!

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  6. Portela Menos 1 permalink
    20 Setembro, 2012 09:58

    rui a. ajudou à composição do comunicado de ontem do psd? parece.

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  7. Fenris permalink
    20 Setembro, 2012 11:59

    Refundar a coligação parece-me uma miragem ou, então, um futuro que nem a Maya se atreveria a prever.
    Pode é acontecer-lhes o mesmo que acontece ao comum dos casais nestes tempos que vivemos: porque não há carcanhol, não se separam porque isso custa dinheiro em todos os sentidos.
    .
    Quanto ao facto de este governo estar a abrir a porta a um governo PS, não podia estar mais de acordo. Acrescento, ainda com mais pesar, que além desta oferenda ao PS ainda pode ter o condão de ajudar o BE e o PCP a aumentar a sua representatividade, caso em que vamos todos dançar alegremente para a fogueira…mas a cantar “o povo unido jamais será vencido” e com meia dúzia de ervas (os cravos estão caros) nas mãos.

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  8. anamaria permalink
    20 Setembro, 2012 15:58

    ouvi essa noticia hoje de manhã e fiquei esclarecida…ou melhor, fiquei desiludida… então (só) agora é que eles se vão encontrar??? pensei que se encontravam constantemente, pelo menos para discutir assuntos tão importantes como estes que originaram a discórdia. Um governo de coligação é uma entidade frágil que necessita de uma atenção especialissima principalmente da parte do partido mais forte (não convem esticar demasiado a corda não vá o parceiro sufocar…) de diálogo, de compromissos. Parece que o PSD está a dizer “agora que estás amuado toma lá um rebuçado e vem conversar!!”… se não fosse um assunto tão sério acho que o PP devia cruzar os braços e dizer “agora não quero eu!”…
    Espero sinceramente que se sentem, conversem e que, de futuro anunciem medidas sómente depois de internamente chegarem a um acordo.

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  9. PMP permalink
    20 Setembro, 2012 16:47

    Muito bem Antonio Pedro Pereira,
    .
    Esta malta nunca vai admitir o erro crasso des estarmos numa moeda forte e externa como o Euro , e as consequências macroeconomicas que isso nos traz, especialmente nesta altura.
    .
    Depois o Passos e o Gaspar vão continuar a surpreender-se e a estender o tapete vermelho á esquerda !

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  10. Carlos permalink
    20 Setembro, 2012 17:06

    Venho por este meio desafiar o autor deste post a viver com 485.00 € mensais, com renda de 250.00 € para a habitação mais água, luz, despesas para a alimentação, etc.

    É muito fácil falar quando se fala de barriga cheia!

    Cumprimentos,
    Carlos

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  1. Uma última oportunidade para esta coligação « O Insurgente

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