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O gráfico do brutal aumento de pobreza

26 Março, 2014

pobreza2012

Algumas coisas a reter sobre o “brutal aumento de pobreza”:

  • Após transferências de pensões, há menos pessoas em situação de risco de pobreza que em 2009;
  • Sem transferências sociais o aumento de situações de risco em relação a 2009 é notório mas esse aumento é colmatado com aumento de prestações sociais para os mais desfavorecidos;
  • O “brutal corte de pensões” não ocorreu nas pensões mais baixas, pelo contrário.
  • O gráfico demonstra mais igualdade, não se compreende o que aborrece os suspeitos do costume.
49 comentários leave one →
  1. piscoiso permalink
    26 Março, 2014 10:29

    Segundo alguns comentadores dos gráficos no post “Perspectivas” abaixo, o gráfico acima enferma do facto de não ter 100%.

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    • vitorcunha permalink*
      26 Março, 2014 10:29

      O que, naturalmente, não é o seu caso.

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      • piscoiso permalink
        26 Março, 2014 10:40

        Claro que não. É tão válido este gráfico como o primeiro do “Perspectivas”.
        Neste pretende-se ampliar as distâncias entre as transferências sociais.

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  2. Castrol permalink
    26 Março, 2014 10:33

    Os suspeitos do costume estão-se borrifando para os pobres e para as pensões…

    Estão é já a fazer campanha para as Europeias.

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    • neotonto permalink
      26 Março, 2014 10:51

      Os emigrantes também entrao a participar neste jogo estadistico ou perdem pela sua “incomparecencia”…:)

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      • vitorcunha permalink*
        26 Março, 2014 10:55

        Porque não? 25% de 10.000.000 é mais que 26% de 9.500.000.

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  3. Trinta e três permalink
    26 Março, 2014 10:40

    Os conformados “do costume”, insistem em ignorar que já em 2009 Portugal era referido como um dos países com mais acentuadas desigualdades sociais. Os culpados, são os “do costume”. Embandeirar em arco com valores entre 26,4% e 25,6%, não passa da propaganda “do costume” (o Sócrates era especialista nisso!).

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  4. muito atento permalink
    26 Março, 2014 11:14

    Mais de 40% dos portugueses desempregados estavam em risco de pobreza em 2012, uma subida de 1,9 pontos percentuais face a 2011, de acordo com o Inquérito do INE às condições de vida e rendimentos dos portugueses.

    Em Portugal, o risco de pobreza afecta 18,7% dos portugueses, mas são os desempregados os mais vulneráveis a esta situação: 40,2% dos desempregados já estão em risco de pobreza. Mas se a estes se juntarem os portugueses inativos, a taxa sobe para 69,7%. Mais de metade da população

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    • vitorcunha permalink*
      26 Março, 2014 11:20

      Fantástico. 70% dos portugueses em risco de pobreza. Num jogo de dominó só duas pernas e um dedo se safam.
      Vou queixar-me disso na internet.

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    • Tiradentes permalink
      26 Março, 2014 11:32

      por este andar daqui a pouco são mais de 100% em risco de pobreza…….basta estar muito atento e verificar que não há ricos em Portugal e arredores…..

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  5. 26 Março, 2014 11:24

    Acho que a conclusão final está errada: acho que se compreende MUITO bem o que aborrece os suspeitos do costume.

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  6. 26 Março, 2014 12:12

    Continuam a ver o problema pelo lado errado.
    Havia pobres, há pobres, haverá pobres.
    E também ricos.
    O aparecimento destas notícias tem apenas ver (aguardem pelo estudo com gráficos que oportunamente publicarei) com o tempo do telejornal.
    Foi aumentado para uma hora e é preciso arranjar chouriços (bem carcaças) para o alimentar.
    Além disso o Correio da Manhã já trás desde a madrugada todos os casos escabrosos.
    A concorrência é tremenda, todos querem dar a má noticia, que vende.
    Os jornalistas são pressionados.
    A vida está difícil.
    Agora vou almoçar.
    Até logo.

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  7. Carlos permalink
    26 Março, 2014 12:35

    “Sem transferências sociais o aumento de situações de risco em relação a 2009 é notório mas esse aumento é colmatado com aumento de prestações sociais para os mais desfavorecidos.”

    Vitor Cunha

    Gostava de ser elucidado sobre quais foram as prestações sociais que aumentaram.

    Foi o valor do subsídio de desemprego? A duração do mesmo? Os abonos de família? O SASE? O RSI?

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    • vitorcunha permalink*
      26 Março, 2014 12:39

      Veja o gráfico. Agora pode tentar discriminar as prestações sociais e verificar quais tiveram mais impacto. O gráfico é cumulativo de todos os efeitos.

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  8. manuel permalink
    26 Março, 2014 12:40

    VC: e se deixasse de perorar sobre a miséria da nossa terra.

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  9. BEIRAODOS SETECOSTADOS permalink
    26 Março, 2014 13:43

    Tanto pobre em Portugal? Nao e possivel! Pelo menos para ja – para o futuro la se podera chegar, nao digo que nao.
    Cada vez ha mais lojas de artigos de luxo, bons restaurantes, hoteis com todos os requesitos, locais de entretenimento e lazer, droga a rodos, enfim tudo o que a sociedade endinheirada precisa.
    Portanto ainda ha em Portugal muita gentinha que ganha muito dinheiro e…se calhar nao produz nada.

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  10. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    26 Março, 2014 14:28

    Coitadinhos dos pobrezinhos. São o seguro da existência da esquerda, que gosta muito da surfar a miséria alheia, para parecer que se preocupa com os eles.
    Os campeões da miséria são os comunistas, que nunca conseguiram conduzir nos últimos cem anos um único país ao progresso económico e social, e sempre a falarem em nome do povo que nunca votou neles para governar.
    Depois temos a esquerda intelectual e subsidiodependente, a que alguns chamam esquerda caviar, cá na parvónia representada pelo Bloco de Esquerda , que depois de ganhar finalmente o referendo do aborto e casar os maricas, ficou sem agenda politica.
    Finalmente a esquerda burguesa, um saco de gatos que se autodenomina Partido Socialista, campeões da demagogia e da mistificação. Esses são os mais perigosos, porque de vez em quando são chamados a governar o país com os resultados que se conhecem: pré-falência em 2001 e bancarrota em 2011.
    A esquerda a falar da pobreza? deviam ter vergonha!

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    • basto_eu permalink
      26 Março, 2014 15:02

      Estou consigo e acrescento…seis milhões de subsídiodependentes do Estado todos aleijados da tola não vêem, ou não querem ver, que já em 2005 e nos anos seguintes ( os anos socratinos) já havia 2 milhões no limiar da pobreza. Só se lembraram agora.

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      • carlos reis permalink
        26 Março, 2014 16:47

        …seis milhões ? Serão os tais do Benfica ?

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  11. basto_eu permalink
    26 Março, 2014 15:20

    O fim do Estado-Providência é inevitável porque se entende que este modelo é inútil e indesejável. Em particular, há quem diga que:
    1. O Estado-Providência induz situações de dependência dos seus apoios.
    2. O Estado Social é acusado de promover um modelo de sociedade avesso à mudança, ao risco à inovação.
    3. Os beneficiários de prestações sociais tendem a tomar por adquiridos os direitos sociais e respectivos apoios e garantias.
    E há quem diga, e a realidade confirma, que o Estado Providência é insustentável.

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  12. Ze Gneiss permalink
    26 Março, 2014 15:46

    À luz destes critérios, provavelmente a percentegem de portugueses em risco de pobreza já foi muto maior.
    Só teremos que recuar no tempo o suficiente.
    O problema está em opinarmos sobre a realidade destes números (aceitando que são verdadeiros) em pleno século XXI, na Europa Comunitária.
    Em última análise o nosso Páis será aquilo que quisermos fazer dele.
    Agora por favor, deixem de procurar culpados e concentrem-se em construir um Páis melhor.
    Aprendam com os erros dos outros.

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  13. Portela Menos 1 permalink
    26 Março, 2014 15:49

    Há menos pobres devido aos 2 euros de aumento nas reformas… Contributivas.

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    • vitorcunha permalink*
      26 Março, 2014 15:50

      Ninguém disse que há menos ou mais pobres. Muito menos que os números se referem a pobres. Está tudo escrito no título.

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      • Ze Gneiss permalink
        26 Março, 2014 16:13

        É esse precisamente o meu ponto de vista.
        Então o Vitor está-me a dizer que o único propósito deste post era demonstrar que alguém que disse que houve um “brutal aumento da pobreza” estava errado?
        Francamente, não consegue arranjar assunto mais interessante?
        O facto de o nível de pobreza ser elevado, independentemente de haver ou não aumento, não o preocupa?
        Ou será que se tornou num comentador profissional que nem o José Sócrates, Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes, Pacheco Pereira, António Costa, Santana Lopes, etc, etc, etc.

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      • vitorcunha permalink*
        26 Março, 2014 16:17

        Não estou preocupado por haver gente que mata. Só me preocupo se aumentarem os assassínios.

        Quanto ao tema, não aceito discos pedidos.

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  14. basto_eu permalink
    26 Março, 2014 16:03

    O País já era pobre, vivia era com vida de rico,( à pala dos mercados internacionais…)
    O País começou a empobrecer em 1976 a partir da altura em que se inseriu na CRP os direitos sociais para todos. A partir daí foi sempre a pedir emprestado e nunca mais parou. Que culminou com a troica 1, a troica 2, o pek 1, o pek 2, o pek3, a troica 3 e, se não colocarem travões a coisa nunca mais pára. Pelos vistos até já estão a preparar a carta de chamada para o vendedor de medicamentos vir dar sequência ao progresso encetado por esse moina…

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  15. Ze Gneiss permalink
    26 Março, 2014 16:32

    Vitor, pelos seus princípios morais, só você é responsável.

    “First they came for the Socialists, and I did not speak out–
    Because I was not a Socialist.

    Then they came for the Trade Unionists, and I did not speak out–
    Because I was not a Trade Unionist.

    Then they came for the Jews, and I did not speak out–
    Because I was not a Jew.

    Then they came for me–and there was no one left to speak for me.”

    Martin Niemöller (1892-1984)

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    • vitorcunha permalink*
      26 Março, 2014 16:48

      Princípios morais nada têm a ver com o assunto de X ser mais importante que Y como post num blogue.

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  16. Fernando S permalink
    26 Março, 2014 17:15

    Anda efectivamente para ai muita gente a dizer que houve um “brutal aumento da pobreza” em Portugal nos ultimos 2 anos em resultado da politica de austeridade do actual governo. Por exemplo, desde que sairam as estatisticas do INE que os principais telejornais abrem com a pobreza, passam quase todo o tempo com a pobreza, e facham com um especial sobre a pobreza. Como se a pobreza em Portugal não existisse antes e seja sobretudo um resultado da austeridade.
    Por isso o Vitor Cunha faz muito bem em mostrar graficos onde se ve claramente que não é verdade que a pobreza tenha aumentado em Portugal nestes anos de austeridade.
    A verdadeira noticia, que merece analise e comentarios, é que, apesar de tudo, apesar do pais ter sido levado para a quase bancarrota, apesar do duro programa de austeridade que foi necessario seguir para evitar o colapso,… a pobreza em Portugal não aumentou “brutalmente” !!!!
    O que teria certamente acontecido se o pais não tivesse feito os sacrificios e as reformas que permitem agora encarar como possivel uma normalização da situação financeira e o regresso do crescimento e do emprego.
    De resto, talvez seja precisamente por os telejorais não terem agora más noticias sobre a economia que enchem antes o tempo com reportagens sucessivas sobre a pobreza dos portugueses. No fim de contas, não é nada complicado para um jornalista qualquer encontar, filmar e entrevistar uns quantos pobres que se queixam. Em Portugal como em qualquer outro pais, seja ele dos mais desenvolvidos (até na badalada Suécia, com cerca de 12% da população abaixo do limiar de pobreza) !

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  17. Portela Menos 1 permalink
    26 Março, 2014 17:39

    Retirado da famosa página 6 do relatório do INE:

    .

    (…) De acordo com o inquérito realizado em 2013, a proporção da população em risco de pobreza ou exclusão social – pessoas em risco de pobreza ou vivendo em agregados com intensidade laboral per capita muito reduzida ou em situação de privação material severa – era de 27,4%, constatando-se um aumento de mais de 2 p.p. face ao valor de 25,3% no ano anterior.
    .

    Sobre a Linha de Pobreza ancorada no tempo
    Uma vez que a taxa de risco de pobreza constitui um
    indicador que considera, por definição, apenas a
    distribuição do rendimento monetário líquido em cada
    ano, é, assim, condicionada pelas alterações do
    rendimento mediano.
    A título complementar procedeu-se ao cálculo de uma
    linha de pobreza ancorada em 2009 e atualizada em
    2010, 2011 e em 2012 com base na variação do índice
    de preços no consumidor.
    Com uma linha de pobreza ancorada em 2009,
    observa-se o aumento da proporção de pessoas em
    risco de pobreza: 17,9% em 2009, 19,6% em 2010,
    21,3% em 2011 e 24,7% em 2012.
    Regista-se o aumento do risco de pobreza para as/os
    menores de 18 anos de 4,8 p.p. em 2012 (26,1% em
    2011 e 30,9% em 2012), e sobretudo um aumento do
    risco de pobreza para a população em idade ativa

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    • Alexandre Carvalho da Silveira permalink
      26 Março, 2014 19:15

      Portela, não li o relatório do INE, tenho mais que fazer, mas ( e agora vou ser buéé de politicamente incorrecto) fala lá na explosão demográfica dos ciganos? como vivem todos (estatisticamente, pelo menos) abaixo do limiar da pobreza, e as ciganitas começam a ter filhos logo aos 13-14 anos, é só fazer as contas. Não há estatistica sobre a pobreza que resista.
      De qualquer maneira, e sabendo nós que estas coisas (o aumento da pobreza) não acontecem de um dia para o outro, e estes números dizem respeito a 2012, o aumento de pobreza de que estamos a falar, terá de ser imputado às politicas de felicidade e progresso social do governo do PS e do seu querido líder José Sócrates. Não é?

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      • Portela Menos 1 permalink
        26 Março, 2014 19:58

        “do governo do PS e do seu querido líder José Sócrates” … “seu”, líder do PS, certo?
        quanto ao resto, adicione aí Bloco Central e ficamos de acordo.

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      • Portela Menos 1 permalink
        26 Março, 2014 20:00

        quanto aos ciganos, não consta que o INE faça séries estatísticas pela cor dos olhos.

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      • Alexandre Carvalho da Silveira permalink
        26 Março, 2014 23:44

        Pois haveria de ser lider de quê, Portela? apenas do governo dele. Óbviamente.
        Quanto ao resto: o bloco central governou entre 2005 e 2011? devo ter andado muito distraído.

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      • ferreira c permalink
        26 Março, 2014 23:54

        Alexandre,o que o portela quis dizer é que não há diferenças programáticas entee o PSD e PS,dai o desígnio de bloco centeal,e que foram estes os partidos que governaram em Portugal.Ou seja,diferenças entre um e outro,nicles
        Aliás por falar em bloco central,prepare-se porque vem ai um em 2015

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  18. JorgeGabinete permalink
    26 Março, 2014 17:53

    Como já tinha aludido, o mais assinalável dos resultados deste indicador do INE continua fora das congeminações, até deste post. O indicador não numera pobres, quantifica potencial risco de pobreza e exclusão social, daí ser um indicador e não uma contagem de pobres.
    Concretamente, e quanto a um resultado assinalável que refiro:

    – Taxa de Risco de pobreza para indivíduos com 65 ou + anos

    Ano de referência dos dados 2009 2010 2011 2012

    Após transferências sociais
    Total 21,0 20,0 17,4 14,7

    Após transf relativas a pensões
    Total 24,9 23,3 20,2 17,5

    Antes de qualquer transferência social
    Total 84,8 85,0 87,5 87,0

    Mais que verificar o actual efeito corrector de pensões e outras transferências sociais e a mentira que é o drama do corte de pensões, verifica-se uma redução gradual e drástica deste índice, mas isto não é notícia, não serve os propósitos dominantes de quem se “preocupa”.
    De modo semelhante:
    – Os juros da dívida Portuguesa descem de modo consistente e até drástico (termo usado por analistas, não meu) em todas as maturidades
    – As previsões de crescimento do produto e indicadores conexos continuam de modo consistente a serem confirmados ou revistos em alta.
    – As previsões subjacentes, nomeadamente de descida do desemprego, são também revistas favoravelmente
    – A execução orçamental demonstra um controlo inédito, estando a acumular excedentes (face ao orçamentado)
    – As previsões quanto a exportações com sustentável crescimento robusto e excedentes continuam favoráveis
    – Manutenção de tendência de recomposição do PIB
    – O peso do sector público na economia reduz-se gradualmente e de modo sustentado, ainda assim sem afundar a economia…

    Exemplos acima dizem como boas notícias traduzem más perspectivas na boca de muitos.

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    • Portela Menos 1 permalink
      26 Março, 2014 18:06

      os dados anunciados (a partir de “De modo semelhante”) só vêm provar a teoria do deputado presidente de grupo parlamentar do PSD, segundo o qual “o país está melhor mas os portugueses estão pior”. A percepção positiva das pessoas sobre o que os indicadores macroeconomicos lhe dizem, tende para zero.
      Baixem os impostos sobre o rendimento e aumentem as prestações sociais e verifiquem o que dizem as pessoas.

      Gostar

      • JorgeGabinete permalink
        26 Março, 2014 18:38

        Mais uma vez, quando os indicadores servem representam pessoas, nos outros casos são só indicadores. Os indicadores são construídos também a partir da percepção, a dita por si percepção positiva ínfima não existe a não ser em argumentário.

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  19. Fernando S permalink
    26 Março, 2014 22:56

    Portela,
    O que os numeros do INE mostram, seja qual for a metodologia utilizada, é que não houve uma aumento “brutal” da pobreza nos ultimos anos em resultado da politica de austeridade.
    A metodologia principal considera um limiar de pobreza relativamente a um rendimento mediano nacional. Parte da ideia de que a pobreza não deve ser principalmente avaliada em termos absolutos mas antes em termos relativos. Esta metodologia faz algum sentido na medida em que, se não fosse assim, um pobre de hoje seria rico no passado e um rico de um pais pobre poderia ser pobre num pais rico. Tudo isto é naturalmente discutivel. Pela parte que me toca considero que as comparações de valores absolutos, como aquela que o Portela refere, continuam a fazer sentido em certas analises. Mas acontece que, bem ou mal, o indicador em termos relativos é o que tem sido mais utilizado para comparações ao longo do tempo e com outros paises. Repare que esta metodologia absoluta aparece no relatorio do INE num pequeno enquadrado e como sendo apenas complementar da metodologia principal, a relativa. O que não se justifica é que, para o mesmo tipo de analise, se adoptem os indicadores à vontade do fregues, isto é, conforme deem mais ou menos jeito para a argumentação. A verdade é que, com a metodologia habitual, se verifica que a situação da pobreza em Portugal se tem mantido bastante estavel no longo prazo e que a crise e a austeridade não a alteraram significativamente.
    Os numeros que o Portela cita, e que resultam da metodologia absoluta, mostram que, efectivamente, ha hoje (2012) mais portugueses com um poder de compra inferior ao do limiar de pobreza do ano de 2009 (eram então cerca de 18% e são agora cerca de 25%). Mas atenção às conclusões que se podem tirar. Em primeiro lugar, embora esta degradação seja naturalmente importante, não é propriamente dramatica. No fim de contas nada permite determinar que o limiar de pobreza de 2009 seja aquele que deveria ser utilizado em termos absolutos para se decidir em cada ano, incluindo o actual, se uma pessoa é ou não é pobre. Se assim fosse, recuando no tempo, chegariamos rapidamente a uma situação em que a maioria dos portugueses seriam declarados pobres … Em segundo lugar constata-se que esta degradação começou em consequencia da crise de 2008 e continuou a seguir sem descontinuidade. Isto é, não foi um resultado especifico da politica de austeridade da Troika e do governo actual. No fim de contas é a consequencia inevitavel da diminuição do rendimento médio do conjunto dos portugueses desde então. Em terceiro lugar, o que seria surpreendente é que a situação de crise financeira e economica grave em que o nosso pais tem vivido desde então não tivesse qualquer efeito em termos da condição das pessoas, incluindo as de rendimentos mais baixos. Mas nada justifica que se tire a conclusão de que a responsabilidade por esta situação é do governo actual e do programa de ajustamento contratado com a Troika. Antes pelo contrario, graças à ajuda financeira e às medidas de correcção dos desequilibrios financeiros e economicos, evitaram-se males ainda maiores, muito maiores. Como alguém ja aqui disse, se se pretendem atribuir responsabilidades politicas pelas consequencias sociais da crise, então é preciso recuar uns anos e apontar o dedo a muitos daqueles que agora fazem demagogia com o aumento da pobreza e dão lições sobre como teria sido possivel resolver tudo sem sacrificios por parte dos portugueses.

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