Sonsice
A política portuguesa é frequentemente dominada pela sonsice. Há anos que se debate se o Estado deve ser proprietário de um banco, com o risco inerente a essa propriedade. Desde 2012 que está estabelecido um sistema de resolução bancária que em nada difere do futuro mecanismo europeu de resolução bancária e que se baseia nos mesmos princípios que o sistema de resolução bancária dos Estados Unidos. Portanto, desde 2012 que existe o risco de a CGD participar nos custos de falência de qualquer banco. Quando o BES faliu havia duas alternativas, ou se aplicava a lei ou o governo entrava com dinheiro dos contribuintes para salvar o BES. O governo optou por não intervir no que já estava definido desde 2012. É uma completa sonsice que quem sempre defendeu a existência de um banco público venha agora choramigar porque a CGD corre o risco de pagar os custos da resolução do BES. Esse risco não foi criado em 2014. Existe desde 2012. Mais, que a CGD corre o risco de perdas, nunca foi ocultado, e decorre do que está na lei que determina as regras da resolução bancária. Este debate sobre se a ministra mentiu ou não sobre este assunto, para alem de sonso, é infantil, no sentido em que se anda a perder tempo com interpretações literais de frases que qualquer adulto percebeu.
O que vale é que os chineses vão tomando conta disto tudo. Chegará também a vez da CGD.
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A sondagem da SIC hoje publicada não confirma a que o CM publicou há dois dias: afinal parece que o salvador da pátria não descola da coligação e estão técnicamente empatados. Isto em pleno “caos” da colocação de professores, do CITIUS e em tempo de estado de graça inerente à recente eleição.
Parece que os portugueses não estão virados para a salvação proposta pelo alcaide da capital, e então não resta mais do que o diz-que-disse, porque é agora evidente que nem Costa nem ninguém no PS têm uma ideia para governar Portugal, o que os move é o poder pelo poder.
Querem eleições tão rápido quanto possivel, porque já perceberam que a maralha não papa o que eles lhe querem impingir, e o discurso do Costa do “depois falamos nisso”, ou ” mais tarde vamos ver” não pega.
O que se passou esta manhã no Parlamento foi surreal e quase tive pena do Ferro Rodrigues, tal a figura triste que ele fez durante o debate; Ferro Rodrigues é a imagem que o PS tem para oferecer aos portugueses: sem ideias, mal preparado, largando atoardas que não têm adesão com a realidade, como foi a referência à PT.
Às tantas a 1ª fila da bancada do PS parecia que estava num velório. No velório do futuro politico de António Costa que é o maior embuste da politica portuguesa.
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Plenamente de acordo Alexandre Carvalho da Silveira, após o debate desta manhã não vi como é que o PS vai fazer frente à coligação que neste momento governa o País, e é pena porque só com uma forte oposição é que se pode governar.
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Lembro aqui uma frase de Napoleão: “Quando vires o teu inimigo a cometer um erro, não o interrompas”.
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Sobre o alcaide da capital leia isto, está lá tudo:
http://www.veraveritas.eu/2014/10/o-embuste-politico-chamado-antonio-costa.html
Cumprimentos
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E ainda faltam ser referidos aqui os da favoráveis à mutualização da dívida.
Que é sem dúvida uma coisa muito gira até sabermos o que nos seria imposto para não criarmos mais dívida. Ou quando aparecerem outros com dívidas ainda maiores que a nossa.
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Ainda não vi ninguém favorável à mutualização da nossa dívida com a Grega. Porque será?
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João Miranda : “Este debate sobre se a ministra mentiu ou não sobre este assunto, para alem de sonso, é infantil, no sentido em que se anda a perder tempo com interpretações literais de frases que qualquer adulto percebeu.”
O JM tem toda a razão quanto aos factos e quanto à “soncise”.
Claro que a ministra se referiu sempre a uma contribuição directa dos contribuintes.
Mas, infelizmente, muitos “adultos” não percebem estas “nuances”.
Nestas campanhas, altamente demagogicas, os factos contam pouco …
Ha muita gente, mesmo no eleitorado mais à direita, convencida pela tese propalada de que se os contribuintes portugueses não tivessem de tapar os buracos dos bancos não seria necessaria a austeridade, ou pelo menos tanta.
O caso BES, e sobretudo o modo como se tem falado nele, é mais agua para este moinho.
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E porque é que o caro João Miranda não menciona a terceira via? O Estado ter feito exatamente o mesmo que faz com qualquer empresa privada, grande ou pequena, que vai à falência, deixando no desemprego trabalhadores e prejudicando seriamente os credores. Ah, percebo, os bancos estão proibidos de falirem! Não foi assim na Islândia.
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Muito bem!
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Mas nesse caso teriam que aceitar a falência em cadeia de toda a banca por falta de liquidez e perdas para os depositantes. Se o João estiver disposto a aceitar isso eu também estou.
Já agora, na Islândia o Estado só Impos perdas a depositantes estrangeiros e accionistas.
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Isso é uma mentira que por ser repetida muitas vezes no espaço público querem os seus arautos que seja verdade. Isto tem um nome: embuste. O que é que os depositantes da CGD ou do BPI perderiam por exemplo se o BES falisse? Sim os depositantes do BES ficariam prejudicados e a economia sairia afetada temporariamente mas não é essa a essência do capitalismo, o risco e as flutuações económicas? Ou é função do Estado ser o fiador dos investimentos do setor privado? Tenho todas as minhas poupanças no banco público por questões ideológicas e de segurança, mas já fui enquanto contribuinte chamado por duas vezes a salvar bancos privados que faliram por gestão danosa. É mais fácil para o objetivo do défice cortar pensões de sobrevivência e RSI.
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João Pimentel,
Tem que colocar a pergunta ao contrário. Se há risco para os depositantes porque haveria alguém de arriscar colocar dinheiro em bancos num país em que os bancos estão a falir? Portanto, a resposta à sua pergunta sobre o que perderiam os depositantes do BPI/CGD com a falência do BES é: quais depositantes? Haveria depositantes por quanto tempo?
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O seu sofisma podia ser generalizado a muitos outros sectores de atividade. Porque haveriam as pessoas de ir trabalhar para uma empresa dedicadamente se depois vai à falência ficando a dever salários? Porque haveriam as pessoas de compar ações se depois podem perder tudo? Porque haveriam as pessoas de comprar casas para investir se depois o mercado baixa drasticamente? Não é o risco a base do capitalismo?
Talvez assim os depositantes e acionistas fossem muito mais exigentes com a gestão do banco se soubessem que os seus investimentos estivessem em risco. Não essa também a vantagem do privado em relação ao público?
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João Pimental,
Um banco é uma empresa muito particular. No caso do BES, tinha cerca de 90 mil milhões de activos e um passivo de cerca de 86 mil milhões. Deste passivo cerca de 44 mil milhões eram depósitos. A esmagadora maioria do activo são empréstimos de longo prazo do banco aos clientes, os quais não têm liquidez. Havendo duvidas sobre a solvabilidade do banco, se todos os depositantes acorrerem a levantar depósitos o banco não tem liquidez para pagar. Sem apoios externos de emergência um banco não conseguirá pagar muito mais de 1% dos depósitos. Haverá ainda um conjunto de fluxos que o banco tem que assegurar (juros aos depositantes e obrigacionistas). Sucede ainda que os primeiros depositantes a levantar dinheiro são os que conseguem sacar a liquidez existente. Os seguintes ficam sem acesso às contas. Há a ainda a questão óbvia de transferir dinheiro para outro banco ser uma opção cujo retorno numa situação de pânico pode ser muito elevada (o custo de transferir o dinheiro é muitíssimo inferior ao que se pode evitar perder com a transferência). Não há qualquer paralelismo com isto noutras actividades.
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Ou seja, o João Pimentel tem razão.
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Ou seja, o caro João Miranda está a dizer-me que o BES, e muitos outros bancos, funcionavam e funcionam como um esquema Ponzi, e por ser “uma empresa muito particular” os contribuintes teriam sempre de ser chamados a resolver os seus problemas internos, mormente os de gestão danosa. E as mercearias que fornecem pão e leite todos os dias ao povo, não são “empresas muito particulares”? E as empresas de recolha de lixo, de serviços postais ou de fornecimento de bens essenciais como água ou eletricidade, não são “empresas muito particulares”? O argumentário do João Miranda representa os cânones dos ideias que têm regido o mundo na última década: os ativos são dos privados, os passivos ficam no público.
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João Pimental,
Um esquema de Ponzi é outra coisa. Um esquema de Ponzi não só não tem liquidez como tem activos muito inferiores aos passivos. A banca tem por norma activos superiores aos passivos (cerca de 10% acima da linha de água) e poderá ter problemas de liquidez facilmente supríveis pelo banco centro.
Num sistema de resolução bancária como o que está em vigor em Portugal, ou como o que existe nos EUA, os contribuintes não são chamados para nada. É a própria banca que funciona como seguro de último recurso para os bancos que vão à falência. Nesse sistema, como aconteceu com o BES, as perdas são suportadas por ordem, primeiro os accionistas, depois os obrigacionistas, depois os depositantes. O fundo de resolução supre eventuais perdas no processo.
Para criticar o cânone que tem regido o mundo tem pelo menos que o perceber e conhecer como funcionam as coisas. Por exemplo, convém saber a diferença entre um esquema de ponzi e uma instituição alavancada mas com valor acima da linha de água. Tal como convém perceber como funcionam os sistemas de resolução. Convém distinguir casos em que o contribuinte paga o prejuízo de casos em que entra a funcionar um sistema de resolução bancária que atribui as perdas a accionistas, obrigacionistas e depositantes.
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Caro João Miranda, estou ciente como funciona um esquema Ponzi. Se o BES tinha ativos, cuja grande maioria eram de clientes sem liquidez, eram ativos dúbios, ou seja, empréstimos de cobrança difícil ou impossível, fazendo com que na realidade o BES tivesse passivos bem superiores aos ativos, logo similar a um esquema Ponzi. O mesmo se aplicou ao BPN.
Também sei como funciona o atual sistema de resolução bancária e as suas prioridades no pagamento aos lesados. Primeiro, tem de referir que o sistema atual na realidade foi implementado pela UE, como forma de tentar salvar os contribuintes dos desvarios da banca, e que como saberá, este sistema não foi aplicado no BPN.
E segundo, também por certo saberá que não é totalmente certo que os contribuintes não sejam prejudicados, pois quem injetou capital no fundo de resolução foi o Estado (não me refiro à parte da CGD). Já para não falar que o empréstimo que foi concedido ao fundo de resolução tem taxas de juros muito mais baixas (incluindo spread), que aquelas que a banca andou a emprestar ao Tesouro durante anos, que contribui em parte para a nossa dívida pública colossal.
Resumindo, eu enquanto contribuinte e trabalhador, que tenho todas as minhas poupanças no banco público, já paguei 700€ para o BPN e muito provavelmente vou ser chamado como contribuinte (e também como depositante CGD) a salvar os desvarios financeiros do Dr. Ricardo Salgado.
Afinal parece que existe socialismo no capitalismo!
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“Afinal parece que existe socialismo no capitalismo!”
O que existe é crony-capitalismo que é muito diferente do capitalismo livre.
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A velha máxima de que o sistema até é bom, as pessoas é que não cumprem as regras favorecendo o clientelismo e o nepotismo. Creio já ter ouvido esse argumento de outros regimes políticos ideologicamente antagónicos.
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Não foi isso que eu disse. Você não percebeu.
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Claro que somos um país de clientelismos, assim o somos desde 1143, quando Afonso Henriques doou a maior parte das terras do país a meia dúzia de ordens religiosas, como as de Cister, de Santiago ou dos Templários. Achar que o neo-liberalismo ou o capitalismo resolveriam o nepotismo endémico que existe em Portugal, foi, parafraseando João Miranda, “sonsice”. Eu abstraio-me dos regimes, os problemas e as soluções estão nas pessoas, por isso apesar de ser de esquerda, gostava de Vítor Gaspar, e tenho um repúdio ao argumentário de Heloísa Apolónia ou de António Costa.
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