O prazer de ler
O artigo do Paulo Tunhas sobre a Volta a França: “A cena repete-se invariavelmente. Por volta das cinco da manhã entro na cozinha para fazer café e sou acolhido por uma gata que emite lancinantes protestos, algures entre o rosnar de um cão e um grito de gaivota. A mensagem é clara: Black Cats Matter. Ninguém, por mais avisado que seja, está, àquela hora, preparado para tal reivindicação sonora, mesmo que venha de uma anciã que, pelos métodos de conversão da idade dos gatos em idade humana, deve andar pelos 104 anos, e que, suspeito, anda a ler às escondidas a New Yorker, onde bebe o arsenal teórico das suas exigências. Mesmo assim, resisto ao pânico e obedeço a prioridades: o primeiro gesto é ligar a máquina de café. Só depois, com os primeiros e promissores barulhos da máquina redentora, me ajoelho, de acordo com o consagrado método Kaepernick-Pelosi, e lhe ponho a comida no prato. Segue-se alguma, sempre precária e provisória, paz. (…) Mas há boas novidades. O trauma matinal não se limita a ajudar-me a relativizar as desventuras quotidianas. Sublinha também, por contraste, os prazeres da vida. E um dos grandes prazeres que tenho por esta altura do ano é ver a Volta à França. Ao vivo, só a vi, em dose mínima, por duas vezes, com um grande intervalo de tempo: uma vez, muito miúdo, no tempo de Eddy Merckx, a outra, muito depois, durante o reinado de Lance Armstrong. “
Ninguém é indiferente ao tour de France.
Todos nós gostamos de bicicletas. Elas fizeram parte das nossas infâncias e adolescências. Das nossas aventuras e brincadeiras.
O tour de France é uma máquina de organização. Que deve orgulhar os franceses.
O espectáculo que proporciona é inigualável.
Toda a logística que movimenta. O colorido das camisolas. O brilho das bicicletas, A agitação dos espectadores.
A admiração e o respeito pelo enorme esforço que fazem. Montanha acima, gigantesca e impiedosa.
As motas e os carros que acompanham o tour. Os tempos da fuga ou os abastecimentos sólidos e líquidos.
As quedas de dor e sangue. As desistências e os abandonos porque também há limites.
Também Eddy Merckx é e será sempre o meu ídolo. Esse belga voador, que andava sempre de amarelo e que tinha o nome escrito vezes sem conta nas estradas por onde passava.
E por onde passava não deixava ninguém indiferente…
Mas o tour deste ano, o primeiro em tempo de pandemia, trouxe uma luta fantástica e inesperada entre dois eslovenos: Primoz Roglic e Tadej Pogacar.
São amigos e treinam muitas vezes juntos. E são campeões em todo o terreno.
O mais novo, Pogacar, de apenas 21 anos, vai ser consagrado em Paris.
Roglic, mais velho, de 30 anos, perdeu a amarela no contra-relógio.
Um país tão pequeno como a Eslovénia, vai colocar dois ciclistas nos dois primeiros lugares. É um feito histórico!
Ao contrário dos franceses, que o último tour que venceram já data de 1985, através de Bernard Hinault. Santos da casa não fazem milagres…
Eu gosto do tour. Era impossível e impensável não gostar.
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Nao tarda , vão estabelecer quotas para os primeiros lugares , com preferência para os anos pares /negros , impares / transgêneros e anos bissextos para os hispânicos e latinos . É aproveitar enquanto dura este regabofe de ires ver o branco opressor em cima das duas rodas ganharem as corridas todas . Duas vezes , passa…
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Tambem podemos reivindicar quotas para brancos no atletismo? E para os salarios na NBA?
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No Tour, de acordo com as teorias que agora são moda:
As rodas, os pedais e os punhos do guiador das bicicletas deviam passar a ser de cor branca, bem como os fundilhos dos calções dos ciclistas…
Pretos, os troféus.
Grande espectáculo a Volta à França em Bicicleta!
Esforço pessoal e colectivo
Camaradagem
Luta por um objectivo
Juventude
Alegria de viver!
……….
Oxalá não seja perturbada por análises anti-doping positivas…
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