Elites tontas e ignorantes e a demissão de Portas
“Não podemos fazer eleições e ninguém tinha percebido isso”. Esta frase faz algum sentido e é natural que deputados do CDS a digam. Afinal nos últimos meses só se ouviu senadores, ex-dirigentes do PSD, ex-ministros, ex-secretários de estado, autarcas e comentadores em geral a pedir eleições e a informar o povo que não se aguenta tanta austeridade, que a austeridade é a causa do problema e que mal o Vítor Gaspar se vá embora vem aí o crescimento e a prosperidade. Afinal o que precisamos é de mais défice e de menos dívida e ninguém tem grande noção de como as duas se relacionam. Qualquer pessoa que diga o contrário é um estrangeirado e um traidor a mando da troika, um ultra-nedo-liberal. Ora, podia Paulo Portas pensar diferente disto? Claro que não. Portas não olha para os números nem os sabe ler, nem percebe a lógica do financiamento público nem a relação entre variáveis macroeconómicas. Os membros das nossas elites emprenham de ouvido uns com os outros, por isso, é natural que depois dos factos nos venham dizer, “ah, ninguém tinha percebido”.
Noto o silêncio de alguém que até aqui, diariamente, pedia eleições.
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«Era uma vez um tempo em que havia um mecanismo obsoleto de gestão integral de sociedades designado por Democracia. Era um tempo curioso onde, imagine-se, ainda não se tinha descoberto um modelo de solução optimizada e integral das sociedades. Era um tempo em que o Mercado era ainda subdesenvolvido e não havia conquistado a sua inexorável e inquestionável posição de poder e supremacia. Hoje parece-nos estranho que algo tão luminoso, verdadeiro e óptimo como o Mercado tenha demorado tanto tempo a impor a sua supremacia e poder indiscutível. Parece-nos ainda mais estranho que algo tão obsoleto e frágil como a Democacia tenha obstado ao domínio do Mercado. O Mercado é bom, é óptimo, é tudo. A Democracia é má, perversa e inimiga do Mercado. A Democracia foi inventada por um mundo velho e demente de ociosos, que na sua anormalidade acharam mais sensato dar prioridade e desenvolver tal atrocidade, na vez de se concentrarem no desenvolvimento do Mercado, afinal a simples e total solução final optimizada para os Homens.»
(in «Esboços para o Mercado Finalizador»)
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A tese maniqueísta mais uma vez: o contrário desta austeridade é mais despesa e instabilidade.
Qualquer pessoa que repudie esta austeridade é um despesista, um estalinista e estatista empedernido.
A demagogia ad nauseam…
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Estamos a ter metade da austeridade necessária. Austeridade tem sempre os mesmos efeitos: menos dinheiro no bolso e muita gente insatisfeita.
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“E muita gente insatisfeita”, ou morta, como será o caso de o Estado Social acabar. Pode dizer o que quer, João Miranda, aqui ninguém o acusará de ser insensível.
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Não estou contra a austeridade. Estou contra esta austeridade fácil, de merceeiro, que se abate sobre o trabalhador por contra de outrem, que não significa menos despesa do Estado mas sim menos rendimento dos trabalhadores.
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Metade ou o dobro?
E ‘nesta onda’ convém esclarecer como com uma ‘dose de cavalo’ de austeridade se ‘salva’ a vertente económica. produtiva.
Não será melhor reler – e entender – a carta de demissão de Vítor Gaspar?
Sabe perfeitamente que para além do que lá está estampado existem muitas entrelinhas…
O que será preciso acontecer para existir a percepção que o discurso fundamentalista austeritário não tem aceitação social e política. Vamos falar e ‘governar’ só para o sector financeiro?
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A carta do Vitor Gaspar diz que é necessária mais austeridade. Quem leu que é necessária menos não sabe ler.
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Relembrando da carta:
“O incumprimento dos limites originais …. foi determinado por uma queda muito substancial da procura interna e por uma alteração na sua composição que provocaram uma forte quebra nas receitas tributárias. A repetição destes desvios minou a minha credibilidade enquanto ministro das finanças.
Acrescento eu:
Parecendo legítimo admitir que o ministro não esperava os resultados que aconteceram, urge concluir que o pior não foi a perda da sua credibilidade, mas as consequências desses mesmos resultados alcançados, a requererem – volta o ministro – a transição rápida e urgente para uma nova fase:a do investimento, em paralelo, volto a acrescentar eu, com os cortes dos tais 4.7 mil milhões de EUR.
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devíamos ter continuado a viver num ‘jardim à beira-mar plantado’
SE nos últimos 20 anos não o tivessem transformado num ‘cadáver morto’
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É irónico que o CDS-PP não queira eleições, mas também é perfeitamente compatível com a política de Portas ao longo do tempo. O CDS-PP sabe que se o país for a eleições, conseguirá, muito provavelmente, ficar atrás do Bloco de Esquerda, ou seja, seria muito provavelmente o último partido da Assembleia.
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Os membros das nossas elites emprenham de ouvido uns com os outros, por isso, é natural que depois dos factos nos venham dizer, “ah, ninguém tinha percebido”.
O mesmo se pode dizer de Vitor Gaspar. Só alguem que não percebe grande coisa do assunto é que se sai com uma tirada destas:
http://novoadamastor.blogspot.pt/2012/03/o-ministro-das-financas-meteu-se-com.html
http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=44874
“Salazar optou por uma estratégia de fecho do País sobre si próprio. Durante décadas prescindiu da possibilidade de se financiar nos mercados financeiros internacionais. A nossa opção é diametralmente oposta”.
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«Axioma experimental: o Mercado tem prioridade sobre a Democracia.»
«Hipótese: as eleições são anti-económicas.»
«Corolário: as eleições enquanto processo democrático subordinado ao Mercado devem decorrer somente por determinação do Mercado.»
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O mercado, não é o Estado, a instância política monolítica que os totalitarismos sempre privilegiaram. É, antes, constituído por um conjunto de decisões individuais que se constituem como resultado da liberdade de cada um. Se o Mercado (nos seus termos) matar a Democracia, é porque esta foi sempre um privilégio de alguns que sempre tiveram meios de controlar os fluxos gerados por impostos pagos pelos cidadãos, em seu próprio proveito. Nem por acaso, para contrariar a sua tese, o que é, as maiores e mais livres democracias são aquelas em que o mercado se desenvolveu.
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Tranquilos, muchachos. QUe ainda ninguém falou em matar a democracia…
Ainda falta por acodir na solucao tipo técnico ( modelo Draghi-italiana) . Glup. Ou ainda como ultimissima opcao e de emergencia a volta de…Barroso cargado com novas pilhas. Glup.Glup.Glup.
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Glup. Queria dizer Monti.
Por certo que modo de acaparar Europa os PIGS italianos. 🙂
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Precisamente por o Mercado (procedimento instrumental) não poder dimensionar-se à escala e matriz de um conceito bem mais complexo e subtil como sucede com o Estado (princípio de ordem), é que tentativas para fazer equivaler as intervenções e acções de ambos (e mesmo tentativas de naturalização de uma qualquer prioridade do Mercado justificada e alicerçada numa decorrente «liberdade individual mercantil») são bem indicadoras das inversões de ordem pretendidas sobre a sequencialização e submissão entre princípios essenciais agregadores de sociedades e procedimentos parciais (ainda que úteis e necessários como funcionalizadores materiais) inclusos nas estruturas dos princípios agregadores e organizadores de algo mais amplo e essencial que o Mercado.
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A demonização das eleições é um dos traços autoritários mais preocupantes dos dias de hoje. …A questão tem a ver com a ideia de que a democracia é uma perturbação inaceitável, ou apenas aceite no limite da condescendência, para um ideal de funcionamento tecnocrático, aplicado por uma burocracia “racional”, a mando de não se sabe de quem..
Assino por baixxxo.
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Aqueles que se levantam contra a realização de eleições deveriam compreender que este acto cívico da democracia é o único que – por enquanto – permite mudanças sem passar pela violência. Quero dizer, portanto, que alguns dos opositores de eleições, quando a situação política e social se tornou insustentável, estarão a empurrar o País para rupturas democráticas, necessariamente, violentas.
Tentar dourar esta pílula é ‘engonhar’, mereceria uma ‘declaração de interesses’…
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Meus caros, tenham pena do João Miranda…
Tão esforçado e agora arrisca-se a ver o barco partir sem ele sequer ter podido por um pé no convés. Admitamos que é complicado!
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Não entendo alguns comentários.
Parece-me evidente que o Presidente pode dissolver o Parlamento e convocar eleições. Parece-me também não estar em causa o direito legítimo de os actores políticos reclamarem que o PR o faça.
Não entendo portanto os comentários alarmistas (para não dizer demagógicos) sobre a alegada suspensão da democracia pelos mercados.
O que está verdadeiramente em causa é se estamos disponíveis para viver com as consequências que a incerteza que a convocação de eleições induzirá em quem ainda vai continuando disponível para nos emprestar dinheiro ao ritmo de mais de 10b/ano.
É que a julgar pelos últimos dias não seria bonito de se ver, nem de viver neste país.
Imaginar que somos financeiramente auto-suficientes, que os mercados não existem ou que em caso de eleições não reagiriam em linha com o que pudemos ver ultimamente, parece-me uma atitude de alheamento deliberado da realidade, tomada pelos mesmos que disso acusam o governo
Cumprimentos
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“ podemos fazer eleições e ninguém tinha percebido isso”
Poder, podemos, mas o problema é que elas ‘podem’ nâo se encaixar
no actual ‘resgate’. E então temos três opções: ‘invalidar’ as eleições / renegociar os termos do ‘resgate’ / ameaçar com a intensificação da austeridade’ .Qualquer destas soluções tem graves problemas. Mesmo assim a mais pacífica será renegociar os termos do ‘resgate’ que apesar dos desastrosos resultados continua a ser um ‘tabu’.
Mas o incómodo nas hostes do CDS é maior. A necessidade de eleições começa pelo próprio partido sem uma ‘questão doméstica’ mas não ‘domesticada’. Este poderá ser o 2º. tabu.
E existirão mais…
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A carta de Gaspar defende que, face ao falhanço dos resultados da sua política, como o desemprego, a “rápida transição para uma nova fase do ajustamento: a fase do investimento”. Aliás, via-se a necessidade que Gaspar tinha em atropelar o ministro Álvaro, retirando-lhe o (pouco) mérito que ele tinha por andar a pedir condições para o investimento desde o início.
E eu, que gosto de mandatos cumpridos até ao fim, estou a ver que, perante garotada inconsequente, indigna sequer de, politicamente, merecer o cargo de delegado de turma, não haverá hipótese de evitar eleições. Poderiam fazer também para a Presidência da República, porque sete anos sem presidente são excessivos. Tanto mais que houve um presidente que ganhou as eleições afirmando-se especialista e grande sabedor de Finanças. Repito, Finanças.
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Não podemos ter eleições, nem Passos pode continuar a ser Primeiro-Ministro de Portugal!! depois da carta de Vitor Gaspar…
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relativamente a Passos estou de acordo ,mas quanto a eleições, se o P.R. não quer um governo de emergência teremos de ir a votos não vejo alternativa.
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mas você acha que ter novamente um jotita como Primeiro-Ministro é alternativa!!?? já não bastou o Socrates e o Passos!!???
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aquilo que TODO o país
repito
TODO O PAÍS
a começar por governo e deputados
devia estar a discutir
era isto:
http://www.jn.pt/multimedia/galeria.aspx?content_id=3304512
e ainda houve uns desgraçados mentais, supostamente de direita
que fez campanha contra cavaco
imaginem se em belém estivesse o pateta…ou o sampaio..ou o gajo q tem centenas de milhares de €€€ de reforma pelas fundações……
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para quem não conseguir abrir o link:
Portugal vai pagar
18 MIL MILHÕES DE JUROS/ANO em media nos próximos anos
18 MIL MILHÕES
18 MIL MILHÕES
leiam bem
nem o medina carreira sabia disto, com certeza
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isso deve ser amortização de capital (dívida que vence e que tem de ser paga ou pede-se a outros para pagar).Os juros andam mais ou menos pelos 9 mil milhões. O drama é que nós nem para os juros temos. O nosso défice anda pelos 12 mil milhões/ano.
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