o frentismo de esquerda é coisa que não lhes apetece
A quem? À CDU, obviamente. Se lerem os resultados eleitorais, verificarão que, nos 20 círculos eleitorais nacionais, o Bloco ultrapassou a CDU em 16. Repito: em dezasseis círculos eleitorais dos vinte existentes, o Bloco teve mais votos que a CDU, e, em muitos deles, com o dobro dos votos e percentagens eleitorais. A CDU perdeu, também Lisboa e o Porto para o Bloco, no primeiro caso com 9,83% para 10,89% e, no segundo, com uns míseros 6,83% para 11,14%, o que é grave. A CDU aguentou-se, apenas, nos seus feudos tradicionais, a saber, em Beja, Évora, Portalegre e Setúbal, e, nestes dois últimos casos, com votações muito próximas do Bloco. Assim, duas conclusões evidentes: o discurso de bom rapaz, à Avô Cantigas, de Jerónimo de Sousa («Gente Séria»…) tem os dias contados; segunda, o inimigo principal da CDU deixou de ser a direita e passou a ser o Bloco. Por isso, com a CDU a direita pode dormir sossegada. O frentismo de esquerda é seguramente coisa que não está nos seus horizontes. A não ser que queira ser engolida de vez.
Rui, em 2009 o Bloco já tinha tido mais votos (e mandatos) do que a CDU. Teve até mais votos do que ontem (588 mil vs 549 mil):
http://www.eleicoes.mai.gov.pt/legislativas2009/
Dois anos depois, foi o que se viu. A CDU teve mais um deputado do que em 2009 e o Bloco perdeu 300.000 (trezentos mil) votos e perdeu metade dos deputados.
Os eleitores do Bloco são muito mais flutuantes do que os da CDU. Nas últimas três eleições legislativas, a diferença entre a melhor e a pior votação da CDU é de apenas 4000 votos (menos de 1%). O resultado final da CDU depende essencialmente da abstenção e dos caprichos do método de Hondt…
A probabilidade de haver mudança de voto da CDU para o Bloco é apenas ligeiramente superior à de se ser atingido por um raio…
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Admito que sim, Carlos, que a CDU esteja estável no seu eleitorado, mas, francamente, parece-me que a fórmula utilizada nos últimos anos é inconsequente e impossibilita o crescimento. Por outras palavras, os votos, ou parte deles, pelo menos, que o Bloco apanhou nestas eleições, e, se calhar, em 2009, poderiam ter sido da CDU. Ou do PS, obviamente. Também admito a volatibilidade dos votos do Bloco, embora me pareça que uma vez pode ser sorte, mas à segunda a coisa pode consolidar-se. E não esqueças que em 2011 o Bloco estava com uma crise de liderança, que agora parece bem resolvida. A ver nos próximos anos, embora tenha uma coisa como certa: não há espaço eleitoral estável, em Portugal, para duas grandes formações à esquerda do PS.
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De acordo quanto à conjuntura do Bloco, Rui. Mas a CDU é um case study, sem comparação com quaisquer outros partidos comunistas por essa Europa fora, por várias razões, mas no caso apenas pela estabilidade do eleitorado. Manter-se-á acima dos 400.000 votos por mais 10 anos, aconteça o que acontecer (suspeito que os manteria mesmo que viesse a integrar um governo). Já o crescimento do Bloco será sempre feito à custa do PS (e até de de algum eleitorado do PSD). Reformulando, não há espaço eleitoral estável para duas grandes formações eleitorais de esquerda, para além da CDU… O Bloco percebeu isso durante a campanha (daí os certeiros ataques de Catarina Martins ao PS), o PS não.
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partiram-lhes os últimos dentes
e o sol brilhou para todos nós
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uma a proposito 🙂
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Rui,
No site http://www.legislativas2015.pt/resultados/ creio que aparecem resultados diferentes.
Lisboa
B.E.Bloco de Esquerda
9,35% 29.105 votos
PCP-PEVCDU – Coligação Democrática Unitária
7,87% 24.476 votos
Porto
B.E.Bloco de Esquerda
11,35% 15.222 votos
PCP-PEVCDU – Coligação Democrática Unitária
8,36% 11.213 votos
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Prezado Miguel,
Agradeço as suas indicações, mas os dados que utilizei saíram daqui: http://expresso.sapo.pt/legislativas2015/2015-10-04-Legislativas-2015-todos-os-resultados-ao-detalhe—freguesias-concelhos-distritos.
Cumprimentos cordiais,
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“Se lerem os resultados eleitorais, verificarão que…”
Há uma grande confusão nisto tudo.
Ou melhor, não é uma confusão: é um lapso, um lapso muito conveniente.
Não tem meios de comunicação, não tem comentadores, não tem voz.
É uma imensa maioria silenciosa!
Que exerceu o seu direito de não votar.
E, apesar de tudo, ganhou as eleições com mais de 30% sobre o partido mais votado!!!
O maior resultado de sempre!
E sempre a crescer.
Batalha a batalha, até à vitória final.
Cada vez mais próxima!
Via a Abstenção!
Viva Portugal!
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“É uma imensa maioria silenciosa !” 🙂 por isso vamos chupar + de 20% de comunas no parlamento …. parasitas Q nunca formaram governo…
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… nem formarão!
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Estou baralhado…,mas o pc não ganhou ??
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Por pouco o PS+BE não conseguiram mais votos que o PSD+CDS. Se tivessem conseguido talvez a história fosse diferente.
Não deixa de ser interessante que após o desastre da Grécia, cá em Portugal ainda há muita gente que acredita em contos de criança e tenha votado no Siriza português.
Outro dado interessante foi ver o país partido ao meio entre norte e sul com resultados completamente diferentes.
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onde sera que votaram o to ze e família politica ? no ps ? ai tanto voto no be , era capaz de apostar .
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Bolota… onde estás? Acode-me!
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O PCP – e a sua extenção eleitoral CDU – é manifestamente o partido mais conservador de Portugal. Até tem tiques salazaristas!!! O PSD de Passos Coelho ao pé do PC até passa por «esquerda radical» 🙂
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Totalmente de acordo. Os mais conservadores em Portugal estão no PCP. Desde 1975, invariavelmente, estiveram sempre contra qualquer mudança.
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A esquerda (PS, BE e CDU) teve mais 662.796 votos do que a Coligação (CDS+PSD). Se cada voto corresponde a um cidadão, é claro que quem ganhou as eleições foi a esquerda. Ademais, do total nacional, incluindo votos brancos, nulos e abstenção, a Coligação tem 18% dos votos. Tanta basófia, sem suporte. A vitória foi de Pirro e será muito breve.
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brácaro,
A que esquerda se refere, exactamente? À que quer Portugal no Euro ou à que o quer fora? À que subscreveu o Memorando de Entendimento (que trouxe a troika) ou à que o recusou? À que diz que quem ganhou as eleições deve formar Governo ou à que diz o contrário?
Acredita por acaso que o PS tem mais em comum com o BE do que com o PSD? Se sim, vá rever o debate entre António Costa e Catarina Martins.
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Não abuse da capacidade lógica dele, já deita fumo.
Eles são tão inteligentes mas para eles isto não passa de um Benfica-Sporting.
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Abre-latas,
Não é bem um Benfica-Sporting, é mais um Lisboa-Porto. O FCPorto até pode acabar com mais pontos do que qualquer outro mas, como o SLBenfica e o SportingCP juntos têm mais pontos do que o FCPorto, o campeão tem que ser de Lisboa.
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