A febre de Domingo à noite
Quem já viu o filme em que Mr. Bean se faz passar por um prestigiado crítico de arte conhece-a bem: Arranjo em Cinza e Preto nº1, ou a Mãe de Whistler, como é popularmente tratada, é uma importantíssima pintura de James Whistler, artista americano do séc. XIX. De igual modo, quem nunca tenha querido perder tempo com as palhaçadas de Bean mas tenha visitado o parisiense Museu d´Orsay, na margem do rio Sena, já contactou também com o famoso retrato da mãe do pintor, uma vez que é nessa instituição cultural que a obra se encontra exposta. No entanto, se é esse o seu caso, talvez seja melhor parar a leitura por aqui. Pessoas que utilizam sabiamente as escassas horas da existência, percorrendo galerias repletas de impressionistas em vez de se rirem primitivamente de episódios burlescos, terão certamente melhores coisas para fazer.
A importância do quadro de Whistler, considerado um símbolo da maternidade e dos valores familiares defendidos à época, levou a que fosse muito utilizado em anúncios publicitários e campanhas, inclusive num poster canadiano de recrutamento de soldados para as fileiras da I Guerra Mundial. Sob o lema “fight for her”, tentava-se que os jovens abandonassem o conforto do lar e se dedicassem a arriscar o pescoço nas trincheiras europeias. Descubro agora, através de uma notícia relativa aos Comandos portugueses, que, um século volvido, não só deixou de ser possível invocar as mães como um motivo válido para ir à luta, como são as próprias mães que impedem a vocação guerreira dos seus filhos. De acordo com as palavras do Chefe do Estado-Maior do Exército, são os fins-de-semana em casa, e não as exigências físicas e psicológicas do treino, que estão a provocar o grande número de desistências do curso deste ano, fazendo com que dos 57 militares iniciais restem neste momento apenas 17. Estamos por isso a falar de homens de barba rija, capazes de sobreviver uma semana no mato apenas com uma fita na cabeça e um corta-unhas, mas que não conseguem superar a prova da mamã aos Domingos à noite. Sendo eu membro integrante, desde tenra idade, da tropa de elite dos copinhos-de-leite, foi com enorme satisfação que li esta notícia; felizmente, a auto-estima dos seres humanos nunca foi muito boa a distinguir os méritos próprios dos fracassos alheios.
Foi só em 2013, ano em que morreu Jaime Neves, chefe do Regimento de Comandos durante o Verão Quente de 75, que soube da existência de um grito de guerra nessa força especial. Depois da aprovação pelos deputados do voto de pesar pela morte do major-general, os camaradas presentes nas galerias do Parlamento levantaram-se e soltaram um ruidoso “MAMA SUME!” que deixou o plenário sem reacção. A expressão, adoptada pela unidade a partir do grito de uma tribo africana, significa qualquer coisa como “aqui estamos, prontos para o sacrifício”. Acredito profundamente no poder motivacional deste lema, e desconfio até que seja depois de o ouvirem que muitos mancebos se sentem com vontade de ingressar no quartel da Carregueira. E não é por alguns o interpretarem erradamente como “MAMÃ, SUMO!” que vou mudar de opinião.
Vi no filme e no D’Orsay. Vale? 😀
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Republicou isto em O LADO ESCURO DA LUA.
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o humor incomoda muito gente supostamente séria
porque lhes põe em causa a dita seriedade
a coulrofobia não indica medo de palhaços mas sim medo de espelhos
para quem padece desse receio patológico persistente
para quem olha o espelho e lá vê sempre a mãe
aconselha-se não gritar o valentaço MAMA SUME!
mas sim MAMÃ SOME-TE!
aí é que se vêem os valentes a sério
o resto é conversa de caserna
éramos 500 matulões, mulheres nenhumas excepto as nossas mamãs (em espírito sempre presente)
gozámos tanto!
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Jaime Neves não era chefe, era Comandante do Regimento de Comandos.
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Ok, ok, não foi minha intenção menorizar o Jaime Neves
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Vi essa situação em que ex-Comandos gritaram MAMA SUME aquando do voto de pesar pelo GRANDE Jaime Neves. Vi na televisão. Já corri a net toda à procura disso e não encontro, nem no youtube nem em lado nenhum!
Alguém tem o vídeo? Por favor publique ou envie para gabrielorfaogoncalves arroba gmail.com
Os ex-Comandos gritaram MAMA SUME e, acto contínuo, abandonaram as galerias do Parlamento. Nem a Presidenta, nem os deputados, nem os PSP fizeram coisa alguma. Pudera. Puseram-se foi todos em sentido! Foi das melhores cenas a que já assisti no meu Grande Portugal.
No youtube há vários vídeos sobre Jaime Neves. Vale a pena conhecer este Grande Português.
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MAMA SUME!!!!!!!
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Os grandes soldados portugueses que combateram em África não foram esses amélias do Mama Sume.,
Aprendam!
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Se hoje somos livres e podem continuar a existir “Arlindos das Costas” sem constituírem qualquer perigo, devemos isso aos Comandos e claro está ao seu Comandante Jaime Neves.
Foi em 25 de Novembro de 1975.
Obrigado a todos.
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“Ninguém ganha a guerra dando a vida pelo seu país, mas fazendo com que o inimigo dê a vida pelo seu.”- George Patton
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«A árvore da liberdade é regada com o sangue dos patriotas.» — Penso que foi Thomas Jefferson
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