O urinol de António Costa
Ao contrário dos nazis, que, inspirados numa peça de teatro do dramaturgo Hanns Johst, sacavam da pistola quando ouviam a palavra Cultura, eu gostaria apenas, em iguais circunstâncias, de sacar do polígrafo. Não é que a mentira, democrática como é, não atinja também outras áreas da governação, mas nesta em particular, fossem os actuais responsáveis políticos da família do Pinóquio, e já teriam caído para a frente com o peso do nariz.
Em 2015, último ano em que os rústicos liderados por Passos Coelho trataram do assunto, o orçamento destinado à cultura era de uns míseros 219 milhões de euros; em 2016, afastados os bárbaros dos salões da civilização, logo o orçamento passou para uns generosos… 179 milhões! À primeira vista parece uma diminuição, mas as “primeiras vistas” são para saloios e António Costa é um príncipe florentino. Num passe de mágica pegou na RTP e nos 244 milhões que lhe estavam destinados, e toca a metê-los no Ministério da Cultura, elevando o orçamento global, em microssegundos, para uns espectaculares 423 milhões de euros. Desde o dia em que Marcel Duchamp comprou um vulgar urinol numa loja de Nova Iorque e o rebaptizou como obra de arte que ninguém fazia cultura de uma forma tão rápida, o que diz bem da qualidade do artista. É também provável que, sem contar com Alves dos Reis, seja o português que mais dinheiro conseguiu criar a partir do nada, o que só reforça a conclusão anterior.
É, pois, perfeitamente natural que, cumprido com sucesso o primeiro truque da multiplicação do orçamento, António Costa avance com naturalidade para novos ilusionismos. Em Guadalajara, questionado sobre o famoso 1% do PIB que é reivindicado pelo PCP, pelo Bloco de Esquerda e pelos agentes culturais, puxou da “transversalidade do que são as verbas dedicadas à cultura” para garantir que, em 2019, o assunto ficaria resolvido. Se fosse apenas pelo PCP e pelo Bloco, que aprovam os actuais orçamentos na Assembleia da República e sabem muito bem o que se passa, não valia a pena gastar o meu latim. Mas pelos agentes culturais eu sou capaz de tudo, incluindo traduções de frases artísticas.
A invocada “transversalidade das verbas”, prova viva de um investimento extraordinário na iluminação do povo, significa que o primeiro-ministro se prepara para pescar em todos os ministérios as rubricas que estejam de alguma forma relacionadas com a cultura e fazer com elas uma bonita conta de somar. O ensino artístico (Ministério da Educação) e o Instituto Camões (Ministério dos Negócios Estrangeiros) são dois bons candidatos a inaugurar o processo, mas com o tempo e com a adopção do conceito alargado de cultura utilizado pelos antropólogos, não será de estranhar que o orçamento do sector atinja em breve os vinte ou trinta por cento do PIB. Agostinho da Silva, por exemplo, dizia que a cultura era a soma de três S – sustento, saber e saúde, pelo que só nesta frase temos uma grande margem de progressão. E há também todo aquele conjunto de características definidoras de um povo e que pode ser muito útil na reclassificação financeira em curso. Para não me acusarem de má vontade, até deixo umas sugestões: se a fuga ao fisco faz parte da cultura dos portugueses, o salário dos inspectores das finanças deverá ser contabilizado no orçamento de Graça Fonseca; e se estacionar em cima do passeio pode ter o mesmo enquadramento antropológico, o orçamento da EMEL deverá ter o mesmo destino.
Claro que tudo isto só tem lógica num cenário de acumulação, nunca de substituição: o ensino artístico, por exemplo, será uma verba da cultura nos debates relacionados com o ministério sediado no Palácio da Ajuda; quando o tema for a educação, volta para o ministério de Tiago Brandão Rodrigues. Com uma boa dose de agilidade, o mesmo dinheiro poderá servir como prova da paixão governativa por múltiplas e diversas áreas. Assim o permita a imaginação e a lata.
Pessoalmente, não ligo nada à famosa “questão do 1%”. É uma percentagem como outra qualquer, que serve mais de fétiche retórico do que de espelho da situação cultural de um país. No entanto, para não continuarmos a alimentar a comédia de enganos, ficam aqui os números: a verba de 2019 para a cultura, limpa do passe de mágica da RTP e da treta da “transversalidade”, representa 0,32% do Orçamento de Estado e 0,12% do PIB, nem mais nem menos.
Como já disse, não ligo nada ao 1%. Mas, como há muitos portugueses que ligam, talvez seja boa ideia não os fazer de palhaços. Apesar do circo ser, justa e naturalmente, cultura.
Portugal cria alguma cultura?
Não noto nada… os jornais, ou seja o forum da cidade existem apenas para discutir quem fica com o dinheiro dos impostos, ou seja os resultados da violência socialista.
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Não tem cultura porque não tem quem a consuma ou quem tenha capital para arriscar. E não há quem consuma porque a nível local ou regional não há elites burguesas com dinheiro. E elas em parte não existem porque o PREC e o socialismo estoiraram o país.
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Cria pois. Cultura marxista e policitamente correcta.
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Na Andaluzia a Cultura agora é outra. É a Cultura Democrática.
Os democratas lá do sítio já se mobilizaram e manifestaram-se em várias cidades contra o resultado das eleições de Domingo!
São iguais aos democratas de cá que governam Portugal.
É a Democracia ao mais alto nível!
Oh larilas!
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E o troféu para a melhor parelha de malabaristas vai para Costa e Centeno 🙂
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A Imprensa Nacional tem os livros caríssimos, uma vergonha pois é paga por todos nós e deveria lançar as edições a preços acessíveis para o cidadão comum. Aliás, a Imprensa Nacional poderia lançar materiais de apoio digitais para os estudantes. Por exemplo, um guia de preparação para os exames pode custar 50 euros, de uma qualquer editora. É de loucos. E num país pobre lançaram uma taxa para financiar a Sociedade Portuguesa de Autores, país esse onde o material informático já consegue ser mais caro que em Londres.
Destas coisas ninguém fala.
Já agora, compare-se a programação da RTP1 actual com a programação nos tempos em que Marcelo Caetano estava no poder….
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Aí está um bom princípio para uma grande Manifestação em Lisboa contra o aumento dos impostos, taxas para tudo e emolumentos.
Para revalidar a Carta de condução pagamos 30 euros. Nas agências do IMTT, os funcionários atendem dezenas de condutores por dia. O que recebem paga o vencimento deles todos, a electricidade, a água, as comunicações e ainda sobra dinheiro para o Costa distribuir das mais variadas formas pelos seus camaradas do PS e amigalhaços das muletas que o sustentam, instalados com bons tachos no aparelho do Estado.
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Com pensionistas da FP que vivem em média 20 anos a receber 14 pensões iguais ao último salário num país onde o índice de fertilidade é inferior a 1,5 e onde a economia está na prática estagnada há quase duas décadas… com perto de 700 mil FPs na Administração Central e um número indefinido distribuído por Hospitais Empresa, IPSSs, Fundações ou Empresas Públicas… é óbvio que isso das Taxas e taxinhas ou das multas é para pagar salários e pensões pois os impostos e os descontos não chegam.
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Poderão ainda ser incluídas na rubrica da cultura todas as seguintes despesas:
da presidência dado tratar-se de uma “stand-up comedy” (apesar de, como muitas outras, não ter piada), ou se preferirem uma “one-man show”;
da assembleia da república podem ser incluídas no capítulo dos espectáculos – nomeadamente das touradas com IVA reduzido e tudo;
as verbas entregues aos partidos enquadram-se na manutenção de zoos e diversificaçãao da fauna nacional;
as verbas do governo vão para o “pesquisa, desenvolvimento e aprofundamento de novas linguagens e semânticas”;
-etc.
Outra forma de atingir esse objectivo sem sentido – e receio que num futuro próximo se torne realidade – será baixar o PIB…
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Há dias, um dos comentadores sem vergonha do sistema televisivo dizia destes orçamentos que um factor positivo foi não haver rectificativos. E fê-lo depois de falar em cativações, juntando-se o arnáldico putedo à falta de vergonha. O sujeito que deu como primeiro passo sobre a fatídica pedreira pôr-se de fora dos custos a assumir pelo estado (despejando a responsabilidade em exclusivo na autarquia) representa o expoente máximo a que aspira o português mediano – o sucesso pela chico-esperteza e o gozo que dá fazer dos outros palermas.
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em Ciudad Rodrigo existe o Museu do Urinol com famosa colecção de penicos
onde falta o de antonio das mortes
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Decifre-se 🙂
RELATÓRIO PROVISÓRIO DE INCÊNDIOS RURAIS – 2018 –
“Num exercício que procura retirar o efeito da meteorologia na avaliação da extensão de área ardida anual, foi atribuído a cada incêndio rural de 2018 um valor de “área ardida ponderada”, obtido com base na média da área ardida de todos os incêndios (do decénio 2008-2017) da respetiva classe de DSR no respetivo distrito.”
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ninguém fala disto ?
https://www.google.pt/search?q=marcelo+baba&oq=marcelo+baba&aqs=chrome..69i57.3458j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8
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Infelizmente não creio que seja a última e a mais embaraçosa das coisas que está para fazer. Alguns já perceberam – mesmo quando ele põe aquele ar grave a falar de si na terceira pessoa como o césar do Astérix . Mas a maioria ainda lhe acha “muita graça”
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Não se pode ser ingénuo em diplomacia, como diz o cabo sucialista Augusto Santos Silva.

Marcelo é muito sofisticado e a verdade é que prendeu o sr chinês na sua baba e este para sair do cativeiro, não viu alternativa a convidar o ilustre baboso a visitar a China com tudo pago, pensão completa.
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Virá o dia em que um se mija enquanto o outro se baba. Não tem mal.
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De facto , podia ser pior : podia ter sido em frente ao Costa .
Ok. Segundo off topic ( ou nao ) do dia , ninguem pergunta ao Pinho onde é que ele ganhou aquele bagulho todo ?
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Esse senhor anda a dar baile às autoridades na maior impunidade. Se fosse um pé rapado estava em preventiva.
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…e ja mais dentro do tópico ( urinol ) , ontem levantei os olhos para a tv que estava em surdina – e me serve de abat jour . e ia um rebulico ali para os lados do EPL com muita ciganada na rua e uma ala a arder , aquilo tinha alguma coisa a ver com a prisao do Vara ou foi só mais uma greve dos guitas ?
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=Yellow Vests’ Attack House of French Interior Minister – Reports
https://sputniknews.com/europe/201811241070093777-yellow-vests-attack/
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Se for verdade, seria a violencia popular (populista :)) ) contra a violencia politica, policiaL, quica mesmo sindical no entener deles.
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Por ca traz à memoria como a censurada Comunicação Social noticiou o Maio 68, estrondoso movimento cultural que mudou os habitos e costumes em toda a Europa.
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Bom mas sempre temos por exº a BfmTV para quem souber frances. Minimamente é um ‘study case´dos ‘coletes amarelos’ a seguir com toda a atenção
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Muito bom! Muito bom mesmo! O Costa é um verdadeiro artista! No sentido vernáculo do termo!
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