É um fogo que arde sem se ver
Os eventos recentes e o que sobre eles escrevi poderão ter levado os três leitores assíduos a pensar que entrei num ciclo de desilusão com a política actual. A esses pretendo deixar uma pequena nota que visa o esclarecimento: é ao contrário; os eventos recentes não foram dotados de significado suficiente para me fazer sair do estado de desilusão que desde o berço acolhi de braços abertos.
Obter contentamento com a política nacional parece-me no mínimo uma imprudência, no máximo uma infantilidade. A condição indispensável à portugalidade, e a que — como os restantes nativos — não escapo, é precisamente a de nunca um português contentar-se de contente. O andar solitário entre a gente e que é ferida que dói e não se sente é, mais que o acidente demográfico e geográfico de ter sido parido nestas terras, o que nos define e une como povo.
Sim, considero uma ignomínia a aprovação dos projectos de eutanásia porque concedem ao estado o poder de determinar quem vive e quem morre, mas sei que, ao contrário dos calvinistas do norte que vivem contentando-se de contentes e infelizes de descontentamento, enquanto depender da exclusiva vontade do doente, não haverá mais que um par de portugueses a pedir o extermínio, contando estes como excepções que confirmam a regra.
O português tem uma cultura católica, pelo que sabe que a sua felicidade deriva do contentamento na miséria. Nenhuma lei muda isso. Haverá algo mais católico do que deixar de votar em eleições, correndo o risco da situação melhorar para que se alcance a infelicidade decorrente do contentamento?
Não se governam nem se deixam governar. Pudera: permitir que alguém invente soluções de prosperidade é tirar-nos a felicidade de vivermos modestamente. Ninguém o mudou antes, também não serão estes novos (ou velhos?) jacobinos que o farão. Ainda há quem não perceba porque elegemos sistematicamente o Partido Socialista para nos governar? A resposta está, como sempre esteve, em ter com quem nos mata lealdade.
“Ainda há quem não perceba porque elegemos sistematicamente o Partido Socialista para nos governar?”
Não exageremos, Vítor:
– os caóticos anos pós-Abrilada foram divididos;
– depois o PSD da Múmia Cavaca reinou supremo durante dez anos;
– só depois veio o PS e o pântano Guterrista;
– depois foi a bandalheira do Burroso e do Santana que abriu a porta ao 44;
– depois o fantoche Passos ganhou duas eleições;
– e veio a Gerimbosta, que ainda não fez cinco anos.
A coisa parece-me bastante a meias. A preferência pelo PS, a existir, será ligeira e de forma alguma sistemática.
Muitos direitistas parecem é estar em permanente negação quanto a duas evidências tão velhas quanto esta partidocracia:
1) O PS é socialista só de nome. Sempre serviu mamões, foi capacho do BES, privatizou tanto ou mais que o PSD, e apesar do catarro de um ou outro xuxa, sempre lambeu o cu à Banca, à Merkel e aos ‘mercados’.
2) PS e PSD são farinha do mesmo saco. O centrão podre da nossa ruína. Dividem o pote, rodam o tacho e garantem a impunidade mútua.
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E lá teve de usar a palavra chave “mamões”… (tem outras derivadas da mesma). Coitadinho…
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Pode tornar-se repetitivo, mas como havemos de chamar à Banca, aos ‘mercados’, à EDP, Golpe, Altice, Mota-Engil, etc., à Apple, à Amazon, às grandes seguradoras, farmacêuticas… mamões em geral?
Chulões? Parasitas? Ambos seriam verdade, mas mamões é mais exacto e completo. Ou o Expatriado, qual pacóvio extasiado com tanta mama, poder e riqueza, também lhes lambe o cu?
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O que eu reparei foi o “salto” que deu da governação socratina. Mamou / escondeu.. Por outro lado mamou também os anos somados da governação socialista (de partido) sozinho geringonçado ou limiannado. Reduzindo assim apenas a uma teta até parece que a coisa se equilibrou …isso supondo que a dita social-democracia é “direitalha fássista” apesarde toda a gente saber que é quase tão socialista quanto os mamões socialistas. E pronteeeessss vamos mamando entre mamões.
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Verdade, referi o Trafulha sem discriminar os 6 anos do seu “governo”. Há coisas que preferimos esquecer, mas fez bem em lembrá-lo.
Continua a ser dividido entre PS e PSD. Há outro impasse: v. diz que só tivemos socialismo. Eu digo que não há socialismo algum; Portugal é um país capitalista inserido num Ocidente capitalista, à mercê da Banca capitalista e de ‘mercados’ capitalistas. E que só direitalhas alucinados não o vêem.
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Capitalista é a China e não deixa de ser comunista /socialista. Enquanto vc vê capitalismo como sistema político no seu preconceito dialéctico, até imagina capitalismo num dos países mais atrasados da Europa no aspecto económico a que se poderia referir no capitalismo. Creio que é o tal problema que uma vez aventei. Anda com os seus “raciocínios” em circulo fechado num dos hemisférios do cérebro onde tem alojado pré-conceitos que se não tiverem a interacção do outro hemisfério é como bater contra uma parede, ou estar fechado num quarto escuro. O suposto capitalismo tuga semi-medieval não sai desse estado exactamente por isso……porque o impregnaram de “socialistice” Pelo menos os chineses no sistema económico mandaram às urtigas a dita “socialistice” dos “filepes”que os amaravam à pobreza, senão miséria do socialismo.Creio mesmo que se vc fosse chinês e viesse com essas “teorias” seria pelo menos preso (senão executado) por traição à pátria, como aliás acontece por lá naquela “democracia socialista”.
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Neste permanente benfica-sporting ideológico, todos têm a sua definição de capitalismo e de socialismo e esticam-na conforme lhes convém; por isso estas discussões se tornam tão cansativas e estéreis.
Para mim, Tiradentes, o essencial da questão é o mesmo de sempre: ricos e pobres, haves e haves nots. Redistribuição da riqueza. Não temos e nunca tivemos nada disso. Continua tão concentrada como sempre.
Depois o lado político: gestão da sociedade e dos meios de produção pelo colectivo, não por uma pequena elite. Idem.
O económico: estamos todos completamente dependentes da Banca, do seu dinheiro criado do ar, dos seus sacrossantos ‘mercados’, que o criam do mesmo ar, e do consumismo alucinado que mantém a doce ilusão de crescimento perpétuo e infinito.
Até esgotarmos os recursos ou rebentarmos com o planeta, os direitalhas vão comparando quem cresce mais e cresce menos; uma espécie de jogo de pilinhas no recreio. E vamo-nos entretendo nestas discussões.
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Sim Filipe , eu já percebi que vc é o arauto da justiça social e económica qual cruzado da idade média a espalhar a fé. Que também tal como eles o Apocalipse, caso os infiéis não se convertam, está próximo O que vc não percebeu de si próprio foi a sua catequese,mas também não vou ser eu a tratá-lo da sua lavagem cerebral por conta dos amanhas que cantam na sua cabeça cheia de boas intenções (qual inferno). A sua infelicidade só por si pode ser enfrentada e tratada, sob risco de um estado catatónico quiçá disfarçado discursivamente com as aleivosias do bem fazer.A sua seita religiosa é hoje bem aceite naquilo que se chama “novos tempos renovados de mais do mesmo” …e por mais que queira é uma repetição da matéria dada ao longo dele, apenas mudando os objectos adorados e a lista de pecados. Fique bem.
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Então agora com o caso positivo de Coronavírus do nosso compatriota Adriano Maranhão, já não vemos nem ouvimos a bloquista Graça Freitas animada e sorridente a relatar casos de resultado negativo e a dizer que está tudo bem em descarada propaganda do Governo Costa que a trás ao colo?
Nem a Marta de Arroios com a sua conversa desembaraçada a fazer parecer uma jovem ministra firme e determinada?
De um dia para o outro ficaram mudas.
É isto a Esquerda. Paleio e propaganda, ação ZERO.
Agora o Adriano e a sua família que se amolem. E que peçam ajuda mas com jeitinho não seja o caso de ferir suscetibilidades dos senhores de Esquerda da governação.
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Um triste Fado…
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Um pequeno e bom manifesto do VCunha.
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Existe algum partido politico que o vitor gostaria que os estúpidos dos portugueses votassem em vez do PS ?
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Vejam mais esta trafulhice do Costa.
Já há vários países da CE que não vão na conversa do perverso.
Anda por lá a ver se lhe dão maçaroca para o bicho estribuir.
Mas a coisa começa a estar feia e já não lhe querem meter mais dinheiro no bolso.
Vai daí, o bicho sai-se com esta; ah e tal, é como se os mais ricos do país queiram que lhe devolvam algum do dinheiro que pagaram em impostos.Olhem que isto é chico esperteza a mais, trafulhice.
Naquela cabecinha isto é da Europa é o mesmo país. Como se os outros não prezassem pelo seu próprio país. O perverso faz que não percebe que o nacionalismo existe e está cada vez mais forte. Quer que os países mais ricos o financiem. Grande malandro!
Já que soube manobrar para se escarranchar no poder, organize o país para não precisar de andar na pedincha.
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Mais “fogo que arde sem se ver” e fogo que se vê a arder: Ana Leal, jornalista da TVI, afirma (in SAPO) que contra sua vontade, o seu programa vai acabar, e acusa o AC-DC de ter telefonado para a estação de TV para exterminar o programa. A TVI desmente.
A TVI, se não estou equivocado foi comprada pela Cofina, não quer conflitos, segundo ouvi, muito menos com o poder político-partidário vigente. Uma das duas partes abusa da realidade. O “serviço público” tem de ser explicado.
Este caso lembra-me o que aconteceu com Flor Pedroso vs. Sandra Felgueiras na RTP. Por enquanto –até quando ?–, prevejo, a SFelgueiras será em tempo certo “removida”.
Num país quase todo corruptor e corrompido desde o favorzinho à mais alta magistratura e ao poder governamental (e também presidencial talvez…), este e outros episódios não me surpreendem “a bem da nação” tranquila até 2023 e 2027.
Maravilhante e entusiasmante país.
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“O português tem uma cultura católica, pelo que sabe que a sua felicidade deriva do contentamento na miséria”.
Não concordo. Quanto muito a ganância é que não é considerada uma virtude.
Nem o “sucesso” que se traduz por dinheiro- isso é prot.
A felicidade para um católico é algo muito mais simples. É de graça e o oposto da acedia.
É valorizar a Vida por ela ser uma dádiva.
E sim, ajudar o próximo. Por caridade. Não por “solidariedade estatal”. Nem aquele tipo de “caridade prot” que só ajuda ricos a serem mais ricos e gente de sucesso- à Grant Cardone e toda a merda de seitas heréticas que coleccionam a granel e até já exportam, como modas “new-age”.
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“Não concordo. Quanto muito a ganância é que não é considerada uma virtude.
Nem o “sucesso” que se traduz por dinheiro- isso é prot.”
Não sabia a zazie tão esquerdalha, quero dizer, tão decente e razoável. Bravo, zazie.
Só é pena confundir a decência, a empatia e a compaixão, qualidades humanas, com a religião, seja a católica ou outra qualquer. Ou talvez não a confunda; mas também não vê a religião como o cancro civilizacional que realmente é.
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“Só é pena confundir a decência, a empatia e a compaixão, qualidades humanas, com a religião, seja a católica ou outra qualquer. Ou talvez não a confunda; mas também não vê a religião como o cancro civilizacional que realmente é.”
Alguém traga uma fralda, que o menino Filipe bolçou qualquer coisa…
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Ninguém falou de religião. O que eu disse é que Portugal é um país católico, não falei da fé dos portugueses e sim da sua cultura.
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Até os ateus são de tradição católica 🙂
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Penso que a queda para as utopias terá maior ligação à tradição católica.
Mas depois temos o problema da inveja que é o pior de todos. E esse nem sei de onde virá. É muito português.
Daí à esquerda nem precisa de ir um passo- já lá está. E a auto-comiseração também está entranhada.
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A cultura dos portugueses é antes paganismo romanizado ou cristianizado.
Agora estamos da altura do entrudo.
A “justiceira social” de então católica ainda tentou acabar com tais festas “diabólicas”. Mas na europa e em Portugal há raizes mais profundas do que a da “ordem natural” da igreja católica . E é engraçado como muitos catoliqueiros como ali a zazie , tal e qual como a escardalhada dos justiceiros sociais que dizem desprezar, têm ambos a tendência para a amnésia selectiva histórica.
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“Mas depois temos o problema da inveja que é o pior de todos. … É muito português.”
Todos os povos pensam o mesmo. Ainda no outro dia um amigo irlandês me garantia que a inveja é algo quintessentially irish.
Tall poppy syndrome, Janteloven, “Harrison Bergeron”, aquele célebre conto de Vonnegut, haverá poucos temas tão universais como a inveja. É natural e humano invejar: cada vida é única e irrepetível; como não desejá-la melhor?
E quanta inveja é uma reacção a desigualdade, sobretudo extrema, ou injustiça? Até macacos, nas experiências do Sr. Frans de Waal, demonstraram uma noção elementar de justiça e de equidade.
Quando um macaco recebia menos que o macaco do lado, revoltava-se. E muito bem. Não somos todos iguais, mas nada justifica as diferenças absurdas que vemos.
Por cá, sempre notei que se confunde muito inveja com justa indignação. Isto é também muito português.
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Pois é graças à cultura e filosofia cristã que o Filipe categoriza decência, empatia e compaixão como “qualidades humanas”. Muita gente gosta de ignorar e atacar os alicerces da casa em que habita. Aliás, a decadência do Ocidente não é mais que o resultado directo disso mesmo. Não falta muito para a casa se esmoronar. Depois queixe-se ao califado (ou à escumalha de esquerda) e apele às suas “qualidades humanas” que tão bem conhecemos.
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Lê-se e fica-se atónito e mais esclarecido sobre este sítio que fala na hipótese de uma apresentadora de TV de nome Cristina ser candidata à PRepública. Não tenho obrigação de dar confiança à tadinha populaça-NADA, podem lamber-se uns aos outros.
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