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Liberalismo como peúgas

1 Fevereiro, 2021

Nos últimos anos, multiplicaram-se as iniciativas de diferentes grupos liberais portugueses. Uns são mais directamente ligados ao partido Iniciativa Liberal, outros mais para outras bandas, mas, na essência, as mesmas pessoas que andam nisto há muito tempo e que agora estão sujeitas à natural fragmentação decorrente de diferentes quintinhas onde as pessoas “conspiram” para o que se pode designar, sem grande ofensa, “um Portugal melhor”. Novos vieram, claro, com o entusiasmo que a juventude e a ausência de filhos para vestir originam. Outros já se foram.

Vou sendo convidado, não sabendo bem porquê, mas, ao longo do tempo, adquiri uma fadiga com tudo isto por um motivo: o liberalismo em Portugal é para ser visto como um exercício intelectual, uma coisa sem grande aplicação directa à realidade do país – um pequeno acidente histórico e geográfico -, e que não tem em linha de conta a especificidade latina. Isto é um país católico muito antes de ser um país socialista ou liberal. O que quer que seja a designação do regime é irrelevante, porque colada a cuspo como mera vestimenta sobre a psique católica do povo. O Partido Socialista sabe isto melhor que ninguém. A fadiga vem porque ao longo dos anos fui percebendo que, mais que exercitar os neurónios sem qualquer tipo de pretensão nestas reuniões, o que a maior parte das pessoas destes nichos quer é mesmo mudar o país, educar “as gentes”, disponibilizar-lhes as ferramentas para que tenham a epifania de que sempre estiveram erradas, agradecendo aos pastores que os levaram aos prados verdejantes. O erro foi meu, claro: uma pessoa vai atrás da patuscada e só depois percebe que é suposto desempenhar um papel na evangelização de inocentes.

Atribui-se a Einstein a frase espirituosa “atingi a idade em que, se alguém me diz para usar meias, eu não tenho que o fazer”. Assim, meus amigos, digo-vos, é graças à vossa influência então que não uso meias.

Não tenho nada a oferecer a ninguém além de umas palavras sobre várias coisas que aqui vou escrevendo. Nem o Dylan quis ser cantor de protesto, haveria eu de o fazer porquê? And when we meet again, introduced as friends, please don’t let on that you knew me when I was hungry and it was your world.

8 comentários leave one →
  1. Alberto Mendes permalink
    2 Fevereiro, 2021 01:04

    O Pedro Arroja anda a dizer isso há 10 anos. Ninguém lhe liga mas ambos têm razão.

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  2. JgMenos permalink
    2 Fevereiro, 2021 01:31

    Aguarda-se essa definição de psique católica.
    Nada como simplificar para parecer ter razão.

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  3. voza0db permalink
    2 Fevereiro, 2021 01:39

    Isto é um país católico

    Tem lá calma que o Chacineiro Mor da República Prof Martelo está empenhado em reduzir a quantidade de velhos e velhas (o grande grupo de otários pertencentes a essa ceita religiosa).

    Pelo que como a Chacina está a correr bem*, daqui a nada haverão menos católicos e então os delírios liberais terão um pouco mais de espaço para avançar graças às manadas de jovens pouco dados a essas tretas de religiões!

    *Na realidade poderia estar a correr bem melhor. Por este andar não vão conseguir-se livrar da maior parte dos velhos e velhas obsoletos com mais de 75 anos que por aqui parasitam os recursos da NAÇÃO.

    Dados de 2019 apontam para a existência de 1.097.767 de animais com +75 anos!

    Em Janeiro de 2021 com a época presidencial de caça em velocidade elevada só conseguiram chacinar algo a rondar 15.000 velhos e velhos com +75 anos.

    É que assim nem dá para baixar da fasquia do 1 milhão.

    Assim de facto não há Liberalismo que vingue.

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  4. lucklucky permalink
    2 Fevereiro, 2021 05:52

    Não confunda pieguice fabricada para ganhar favor com catolicismo.
    Nem sequer parecemos um país, parecemos mais ciganos sedentários…

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    • Velho do Restelo permalink
      2 Fevereiro, 2021 12:45

      Se contarmos com a emigração, não somos assim tão sedentários 🙂
      Podem não andar de corroça e macho, mas no resto há de facto semelhanças (olho vivo e pé ligeiro).

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  5. 2 Fevereiro, 2021 16:02

    A minha história reza que os portugueses sempre foram muito dados à subversão das palavras, das coisas, da vida. Esse agravo deu-se após o traidor dia 2504. Este caso dos libertários não foge à regra e alguns deles dirigentes incluso, nunca souberam qual a real origem e fundamento do Liberalismo. Usurpam-no para proveito próprio. Vigaristas!

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  6. 2 Fevereiro, 2021 21:59

    Não vale a pena perder tempo com QIs que funcionam em circuito fechado sem ligação com a realidade. Estes grupinhos de “intelectuais” que querem salvar o País sem sair dos restaurantes do Bairro Alto e se sentem a “elite” ilustrada que tem de pastorear o “povo” dão-me ao mesmo tempo pena e vergonha alheia.
    Desde Oliveira Martins que flutuam entre o pós socialismo e o proto fascismo. E não aprendem.

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