Cavaco e a síndrome da gasolineira de Boliqueime
Com a autoridade de quem foi primeiro-ministro 10 anos e, seguidamente, esteve uma década como presidente da república, Cavaco Silva falou. Ou melhor, escreveu um texto ontem de celebração do chamado “dia da Europa”. E, curiosamente, quase da primeira à última linha disse asneiras e defendeu opções políticas erradas que se seguidas irão manter Portugal numa rota de marasmo cívico e mais profundo empobrecimento.
Cavaco louva a presidente da comissão europeia pelo seu suposto combate às alterações climáticas como se estivesse ao alcance de Ursula von der Leyen ou de qualquer político europeu ser deus do céu e da terra, senhor do clima ou capaz de controlar as dinâmicas da Natureza. Uma tirada cavaquista muito alinhada com as ideias mirabolantes do adolescente apocalíptico António Guterres. Lirismos deste tipo têm por exemplo colocado em risco o aquecimento dos lares de milhares e milhares de famílias pobres e feito aumentar o custo de vida de milhões de pessoas, esquecendo até Cavaco as suas origens paternas e a gasolineira de Boliqueime.
Depois Cavaco contemporiza com os confinamentos a pretexto da covid19, embora – e bem – aponte os graves efeitos económicos dessas medidas estapafúrdias. Mas o ex-primeiro ministro espalha-se logo a seguir ao comprido, quando afirma que as centenas de milhões de euros de subsídios e afins da comissão europeia ajudarão à recuperação económica, sem perceber que é exactamente a política de despejar dinheiro na economia que prolongará a crise e aprofunda o desespero dos mais pobres.
Por fim, à boa maneira socialista, Cavaco Silva acha que os fundos do PRR podem ser bem utilizados e, sendo-o, mágica e keynesianamente assegurariam um crescimento económico de 3 ou 4%. Depois de mais de 30 anos com Portugal de mão estendida a receber subsídios de Bruxelas, o experiente político ainda não percebeu que o país não cresce apesar dos fundos europeus que recebe, mas que é precisamente por causa dos vícios e distorções que os subsídios introduzem que o país vai para o fundo da Europa.
Cavaco Silva tem, todavia, uma característica a seu crédito: quer diga coisas certeiras, quer diga disparates, irrita profundamente a esquerda mais assanhada e instalada.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Ler um artigo de opinião com comentários tão levianos sobre Cavaco Silva deixa-me com um amargo na boca. Penso que está a achincalhar em demasia um dos raros estadistas da nação, o qual teve defeitos e cometeu erros na sua governação mas distancia-se a milhas da esmagadora maioria dos pulhiticos atuais em termos de seriedade e honestidade.
Este artigo reforça, para mim, (mais uma vez) o estereótipo dos liberais proto GOP que pululam na IL e nos seus simpatizantes que põe o (seu) capital acima de todos os humanos e imaginam que todos os que não partilham das suas ideias como seres abjetos e sem pensamento.
Muito insuficiente.
Shields up, warp drive on stand by!
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Que tal em vez de atacar o autor, atacar o que não concorda que o autor escreveu?
Cavaco liberalizou no momento em que o PS ainda estava discutir se era Marxista-Leninista e estava contra TV privadas e liberdade que outros países Europeus tinham. Essa foi a parte boa mas muito limitada. O monstro e o estado do país miserável do país devem muito a Cavaco e o seu PSD não ter diferenças ideológicas para um Guterres ou um Sócrates.
Costa já está mais inclinado à extrema esquerda.
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Cavaco foi um bom primeiro-ministro e um bom presidente da república, sóbrio e equilibrado, tanto quanto se podia ser na altura, em que exerceu os ditos cargos.
Mas, o passar dos anos causa danos no cérebro a todas as pessoas, prefiro pensar que foi isso que lhe aconteceu do que pensar que ele se vendeu ou se rendeu a quem tenta controlar o mundo, ou que é não é mais um tonto que ainda não percebeu o que se está a passar.
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Não estou bem a ver onde é que o combate às alterações climáticas tem colocado em risco o aquecimento dos lares de famílias pobres.
Pelo menos cá em Portugal não deve ser. Talvez o Telmo esteja a fazer confusão com algum país estrangeiro.
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“Não estou bem a ver onde é que o combate às alterações climáticas tem colocado em risco o aquecimento dos lares de famílias pobres.”
Não vê o custo da energia a aumentar em grande parte pelo combate às alterções climáticas?
O grande ataque à produção de alimentos na Holanda e outros importantes produtores (UK, NZ) de alimentos pelos politicos “centristas”?
Aumenta assim os custos base para as famílias impedindo as de gastar em energia?
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Devo ter colocado uma palavra proibida pois a minha resposta foi censurada.
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Deve ser divertido “combater alterações climáticas”. Não há aldrabão nenhum que não goste de sacar dinheiro ao incauto, para avançar de lança em riste contra esses moinhos. Ahaha!
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