ISP – a farsa que nos sai muito cara
A falta de vergonha na cara da cambada que está no governo é já conhecida de todos. Mas algumas pessoas pensavam ingenuamente que o descaramento de António Costa e dos seus ajudantes já tinha atingido um pico máximo de desfaçatez.
Longe disso! O último episódio de gozo descarado com os portugueses e demonstração de total falta de escrúpulos dos socialistas pela gente que trabalha é a nova subida do ISP, o imposto sobre produtos petrolíferos. Os incompetentes jornalistas e avençados «opinadores» do costume chamam eufemisticamente a este aumento de impostos uma “redução do desconto no ISP”.
O rufia político João Galamba que se considera a ele próprio um urbano sofisticado e moderno mas que não passa de simplório serventuário de quem lhe pode dar esmolas de pequenos poderes, ainda ensaia a narrativa de que a subida do ISP quando o preço dos combustíveis nos mercados internacionais está em baixa se justifica por razões de política energética.
Mas ao contrário do que seria a expectativa deste «sectário de estado», nem todos os portugueses são parvos e muitos já perceberam que o governo de António Costa se está a marimbar completamente para a transição energética ou a diversificação de fontes de energia. Aquilo que eles chamam de “política energética” é uma aldrabice pegada. Do que se trata é única e exclusivamente de uma política fiscal do PS, ou melhor, do característico esbulho fiscal dos socialistas.
Quando os preços dos combustíveis subiram de tal modo que os portugueses, desprevenidos, se assustaram, o governo não teve outro remédio a, contrariado, diminuir ligeiramente o imposto para acalmar os ânimos. Agora, num cenário de inflação generalizada e persistente e mesmo com uma cobrança fiscal consolidada em valores estratosféricos e extraordinários, o governo de António Costa decidiu penalizar ainda mais os portugueses porque é insaciável e irresistível a sua vontade de encher os cofres do Estado quando as pessoas já estão psicologicamente conformadas em pagar 2€ por litro de combustível e, ainda por cima, estão por estes dias distraídas com o campeonato do mundo de futebol.
Os patetas da oposição, sempre disponíveis para embarcar nas historietas sinalizadoras de virtude da necessidade de diminuição do consumo de combustíveis fósseis, ainda não perceberam que a “política energética” é uma farsa para inglês e português ver e que serve de ferramenta para o PS fazer tudo e o seu contrário conforme der jeito a cada momento. Com uma única constância e invariável certeza: o povo é que paga.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Idiotas ou defensores da liberdade?
As manifestações na China contra as restrições impostas pelo governo chinês a pretexto do suposto combate à covid19 têm vindo a ser apresentadas em Portugal como eventos de grande mérito e coragem e vistos como acontecimentos louváveis em defesa da liberdade das pessoas e dos direitos humanos. Há quem faça até o paralelo com os chineses que em 1989 protestaram em massa por liberdade e democracia na Praça Tiananmen em Pequim (ver vídeo aos 35s).
Mas há um ano, em Novembro de 2021, por toda a Europa também houve protestos populares com os mesmos propósitos de lutar contra as restrições e imposições a pretexto da covid19, mas nessa altura os acontecimentos foram vistos como manifestações de negacionistas, chalupas ou idiotas. Ora veja o que dizia o ano passado o primeiro-ministro holandês, o nosso bonacheirão João Soares, ou o decano fariseu Paulo Portas no vídeo aos 2m14s.
Em 2022 as manifestações na China são virtuosas e incentivadas.
Em 2021, a comissão europeia contemporizava com a ideia de limitar manifestações e o pequeno alcoviteiro do regime Marques Mendes dizia sem nojo de si próprio ser contra a obrigatoriedade da vacinação das pessoas desde que estas se vacinassem voluntariamente. Já quem optasse por não se vacinar teria a liberdade de ser obrigatoriamente injectado a mando do estado (ver vídeo aos 3m46s)
A verdade é aborrecida de lembrar, mas enquanto se continuar a tentar reescrever a história dos últimos três anos passando um pano por cima de todos os crimes contra a liberdade, não aprenderemos nada e erros tremendos idênticos serão cometidos no futuro.
A minha crónica de hoje, completa aqui:
Václav Klaus para a Oficina da Liberdade
Václav Klaus é um dos mais importantes políticos europeus desde a queda do comunismo. É Economista e Professor de Finanças. Foi presidente da República Checa de 2003 até 2013 e primeiro-ministro entre 1992 e 1997. Intelectual de reconhecida craveira internacional aceitou o convite para escrever para a coluna de opinião da Oficina da Liberdade.
Abaixo o artigo completo:
Devolvamos ao Ocidente o seu significado original
Václav Klaus
Convidado da Oficina da Liberdade
Um pré-requisito para encontrar o caminho certo para a recuperação do Ocidente é livrar-se dos nossos próprios erros e pressuposições, não culpando o mundo em nosso redor.
O 17 de Novembro é um dia importante para a República Checa. Nesse dia, há exactamente trinta e três anos, teve lugar uma manifestação estudantil originalmente pequena no centro de Praga. Os participantes, incluindo o meu filho, foram brutalmente agredidos pela polícia comunista. Esse comportamento agressivo iniciou um processo de alteração social que ficou conhecido como a “Revolução de Veludo”.
Chegou no momento certo. O comunismo já estava tão fraco que não era capaz nem estava pronto para se defender com eficácia. Digo repetidamente que o comunismo não foi derrotado. De alguma forma, derreteu.
A “Revolução de Veludo” é considerada um marco fundamental da história moderna. Tornou-se o ponto de partida da nossa caminhada em direcção à liberdade, democracia parlamentar e à economia de mercado. E no sentido de uma vida normal. Três semanas depois, fiz parte do primeiro governo pós-comunista e assumi a importante pasta de ministro das Finanças. Essa circunstância deu-me a oportunidade de preparar e organizar uma radical transformação económica, social e política do país.
Mencionar este evento histórico já quase esquecido não é sem propósito. A experiência Checa, tanto antes como depois da queda do comunismo, não deve ser esquecida ou negligenciada. Pode-se aprender muito com ela. Deve tornar-se uma lembrança presente nos nossos actuais esforços para lidar com o momento muito problemático que vivemos da história humana. Devemos estar atentos, mais do que em qualquer altura destes trinta e três anos. Estamos numa encruzilhada. De novo.
O comunismo empobreceu-nos em muitos aspectos. Privou-nos de muitas “normalidades” que os cidadãos de países livres consideram – e sempre consideraram – um dado adquirido. Vivi 60% da minha vida antes do fim do comunismo. Não foi um período curto. Foi uma perda, uma privação, um empobrecimento. Por outro lado, foi uma oportunidade de aprender muito durante essa época. A nossa visão do mundo está, portanto, mais aguçada e, sem surpresa, a nossa análise da era actual mais crítica.
Acho esta experiência particularmente relevante quando vejo o que acontece no mundo. A minha frustração de hoje começa a ser comparável aos sentimentos que experimentamos nos últimos anos do comunismo. Os sonhos e ambições que tínhamos no momento da queda do comunismo não se tornaram – para meu grande pesar – na nossa realidade de hoje. A realidade actual não é o que considerávamos uma sociedade livre. Não apenas no meu país ou na minha parte do mundo.
O que está a acontecer connosco ou em nosso redor? Tenho dúvidas quanto à adequação da frase utilizada em diversos fóruns, bem como em tantos outros textos, de que “estamos perante um mundo novo”. Um mundo novo? Agora? Em que sentido é novo? Estamos a andar para a frente ou para trás? Eventualmente, quererão os autores dessa expressão lembrar-nos que, no Ocidente, estamos a sair da era relativamente livre, tranquila e próspera das últimas décadas? Terá sido essa era um período singular, uma excepção histórica?
Não falemos de um “mundo novo”. Vamos chamar-lhe pelo nome certo. Vamos chamar-lhe mundo pós-democrático, pós-político e pós-normal. Não parece haver algo de novo. No passado a humanidade viveu muitas vezes tais situações. No entanto, pode haver agora uma diferença. Estou alarmado com a inegável perda de normalidade, racionalidade e bom senso.
Alguns de nós – eu inclusive – frequentemente usamos a famosa expressão “admirável mundo novo” de Aldous Huxley. A minha ênfase sempre foi no adjectivo “admirável”, não no qualificativo “novo”. Todos os sinais indicam que entramos numa perigosa era da instabilidade política, económica e financeira ligada à supressão da liberdade e do mercado livre. Ouso dizer que estamos agora a aproximarmo-nos de uma variante desse admirável mundo novo.
Onde surgem os principais sintomas desta nova fase? Desde logo na esfera política. Há várias décadas assistimos à evaporação das disputas político-ideológicas. Com isso, os problemas fundamentais da sociedade deixaram de ser abordados politicamente. Coincide esta particularidade com o enfraquecimento dos partidos políticos, que se tornaram nada mais do que um adorno enganoso do nosso sistema. Funcionam apenas como uma aparência de democracia. Na realidade, os interesses da maioria passaram a ser subordinados aos interesses de minorias barulhentas e agressivas, representadas por grupos arrogantes de rentismo, e não por partidos políticos. A totalidade da sociedade não é agora, por isso, nem suficientemente representada nem satisfatoriamente levada em consideração.
As clássicas disputas políticas com base em ideias claras e bem definidas, formuladas e expressas com autenticidade pelos partidos, caíram em descrédito e estão a ser substituídas por talk-shows superficiais na TV e por uma “democracia de especialistas” em que os políticos perdem a preponderância do seu papel na sociedade. As figuras públicas e os autoproclamados especialistas, assumiram essa função.
A relevância sem precedentes dos especialistas ficou visível durante a epidemia de Covid. A política, significando a avaliação de alternativas e de custos e benefícios, como resultado do seu modo de pensar, desapareceu. Não tornou o sistema mais democrático, mais amigável, nem mais eficiente. Lembra-me os anos e décadas de esforços dos ideólogos comunistas para substituir a política pela “expertocracia”.
Aquilo com que lidamos agora não é uma importação do Leste. Foi auto-fabricado no Ocidente. Foi o próprio Ocidente que abriu as portas para a migração em massa ao aceitar a ideologia do multiculturalismo. Foi o próprio Ocidente que levou a uma profunda crise energética ao promover as loucuras do ambientalismo e do Green Deal, causando a si mesmo enormes prejuízos económicos. E foi o próprio Ocidente que minou sua competitividade ao suprimir os mercados por meio de uma extensa e prejudicial regulação burocrática baseada em objectivos políticos. Um pré-requisito para encontrar o caminho certo para a recuperação do Ocidente é livrar-se dos nossos próprios erros e pressuposições, não culpando o mundo em nosso redor.
Concentremo-nos nos nossos equívocos. Não falemos de “reconfiguração de alianças na Europa”, não tentemos encontrar “novos equilíbrios”. Falemos sobre um retorno à política com conteúdo ideológico. Sobre a necessidade de um renascimento dos partidos políticos. Procuremos novos líderes políticos corajosos. Regressemos à “política política”.
Concordo que é preciso – como se costuma dizer – “reinventar a política externa”. Temos de voltar a adoptar o seu significado e conteúdo originais. A política externa deve expressar e perseguir os interesses nacionais e promovê-los procurando compromissos úteis. Como estamos a ver agora na Ucrânia, onde não há compromisso, há uma guerra. Quando não falamos uns com os outros, disparamos uns contra os outros. Todas as partes do conflito actual deveriam há muito ter começado a negociar. Não apenas os russos e os ucranianos.
Todos sabemos que a guerra não caiu do céu. Há muito tempo que está em criação. Os problemas não começaram em Fevereiro de 2022. Já em 2014, alertei para a desestabilização da Ucrânia e o crescente confronto entre o Ocidente e a Rússia. Infelizmente, o então confronto transformou-se numa guerra de grande escala com milhares de vítimas, enorme destruição de vastas regiões da Ucrânia e mudanças fundamentais na cena internacional. Culpar o agressor é fácil, mas mais difícil é conseguir ver e compreender toda a sequência dos acontecimentos que levaram a isso.
Menciona-se frequentemente o papel fundamental dos estados do sudeste europeu na expectativa da NATO e da União Europeia. Após visitar recentemente o norte da Macedónia, posso confirmar que as pessoas estão confusas e se sentem maltratadas. Os Estados da Europa de Leste não veem com bons olhos a constante condescendência do Ocidente. Estes estados têm, sem dúvida, história, cultura, religião e experiências recentes diferentes da dos europeus ocidentais e centrais. Não estão apenas geograficamente mais perto de Istambul do que de Bruxelas, mas também mental e historicamente mais próximos. Devemos estar cientes disso.
O PSD descolará do socialismo?
Por estes dias muito se tem falado da especialíssima relação entre oligarquia socialista portuguesa e a oligarquia angolana, nomeadamente na facilidade com que Isabel dos Santos tomou posições nos bancos portugueses. Mas o governo socialista também acarinhou politicamente a aquisição do controlo accionista da EFACEC por parte da filha do ex-Presidente de Angola, visto na altura como a forma de salvação da empresa.
Apesar da lenga-lenga sobre o “caráter estratégico da Efacec ao serviço do desenvolvimento da indústria e do aparelho produtivo nacional” a verdade é que o mercado não teve, nem tem, a mesma opinião virtuosa que os políticos e assim a empresa acumula prejuízos na ordem dos 180 milhões de euros.
Isabel dos Santos tornou-se entretanto politicamente tóxica e o governo socialista resolveu nacionalizar a EFACEC. Apesar de o ex-ministro Siza Vieira ter anunciado diversas vezes que a reprivatização da empresa estava iminente, o processo revelou-se um fiasco monumental. O actual ministro Costa e Silva reconheceu o falhanço socialista e alertou que o Estado poderá não recuperar o dinheiro dos contribuintes que lá foi injectando. Mais, avisou recentemente que a segunda tentativa de reprivatização da Efacec que o Governo quer fazer poderá outra vez não ter resultado e, independentemente disso, que o Governo poderá mesmo torrar na empresa mais dinheiro dos impostos dos portugueses que trabalham.
António Costa pôs todos os contribuintes a pagar a manutenção de uma empresa zombie e moribunda que ninguém quer comprar e vai cavando um buraco cada vez maior à custa do nosso dinheiro.
Curiosamente, na discussão do orçamento de estado desta semana a proposta do PCP para integrar a Efacec no setor empresarial do Estado mereceu a abstenção do PSD, pelo que não se percebe se Luís Montenegro fosse governante não faria idênticas asneiras às dos socialistas.
O líder do PSD tem ainda um longo caminho para dar evidências e transmitir confiança ao eleitorado não-socialista de que um futuro governo liderado por Montenegro fará diferença significativa para as opções e prática política do PS.
O acordo que se prepara entre PSD e PS no âmbito da revisão constitucional e episódios como este do voto de abstenção à integração da Efacec no setor empresarial do Estado não ajudam a descolar o PSD de um socialismo empedernido.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
A normalização da anormalidade

Chama-se “agenda Woke” e está aí em força. É um movimento “progressista” que surge de décadas de formatação social para que haja uma percepção distorcida do que é certo ou errado, do que é normal ou anormal, do que é ciência ou teoria. Não tem nada a ver com aceitação, igualdade de direitos, respeito pelas diferenças. É a normalização, por imposição, do feio, do absurdo, do grotesco e das teorias sem fundamento científico com um objectivo (dissimulado) bem definido: o controlo social.
Ler mais…Diga o que disser a Constituição
No meu artigo de hoje para a coluna da Oficina da Liberdade no Observador escrevo sobre a perversa revisão da Constituição, usada para amnistia de responsabilidades políticas e respaldo de tiranetes:
(…)
Mas depois do contundente raspanete dos tribunais, as ratazanas políticas entendem que numa futura emergência sanitária “é preciso ter tudo bem certinho” e por isso querem fazer uma revisão da Constituição para tornar constitucional tudo o que se passou, ou seja, em vez de conformar as leis e a prática política ao cumprimento da Constituição, altera-se a Constituição existente para dar suporte legal aos actos governativos e administrativos que forem convenientes a quem está no poder. Por isso o bastonário da Ordem dos Advogados alertou que se trata de uma “deriva muito preocupante” e o Presidente do Tribunal Constitucional uma “situação comatosa” do Estado de direito.
Tal como todos os partidos abriram no Parlamento a porta para a reinstalação da censura por via legal com a aprovação da «carta dos direitos digitais», também agora PSD e PS estão mancomunados para subverter a Constituição garantindo salvo-conduto a intromissões dos governos na liberdade das pessoas, desconsiderando direitos e garantias dos cidadãos contra abusos do Estado e conferindo enquadramento legal à possibilidade de permanente governação em estado de excepção a pretexto de emergências sanitárias. Prevê-se que o estado de emergência passe a ser declarado por burocratas ou técnicos, sem controlo e vigilância democráticas dos órgãos de soberania, quando antes era necessária uma proposta do Presidente da República, uma autorização da Assembleia da República, consulta ao Governo, e tinha duração máxima de quinze dias. A possibilidade de decreto de estado de exceção constitucional servia até agora precisamente para que o Estado não pudesse reclamar poderes que extrapolassem o âmbito de um regime democrático.
(…)
Para contornar a ilegalidade de todas as medidas políticas adoptadas com argumentário sanitário desde 2020, o PSD e o PS estão articulados para consagrar que possa ser o Governo a declarar uma emergência de saúde pública de modo unilateral, passando apenas por uma resolução do Conselho de Ministros. Isso permitiria adoptar, sob a capa de uma legalidade contrafeita, as medidas que mereceram total repúdio do Tribunal Constitucional como isolamentos, quarentenas, testagem generalizada e confinamentos preventivos baseados em conceitos vagos e falíveis de «risco», «necessidade» e «ameaça iminente» que radicariam em pareceres especulativos e preditivos de uma futura «Comissão Científica» a ser nomeada para o efeito pelo próprio Primeiro-Ministro. É um pouco como escolher o carrasco de um condenado à morte para seu advogado de defesa.
De uma assentada, a revisão constitucional que se quer fazer ilibará de responsabilidades políticas e até criminais os protagonistas de todas as decisões anteriores. Pior ainda: a Constituição deixa de ser uma defesa do cidadão perante os abusos do Estado e dos governos e passa a ser uma justificação para a sonegação dessa proteção legal de acordo com os estados de alma de quem está no poder.
O texto completo, aqui:

PSD: um partido servil de Costa
A encenação do processo de revisão da Constituição é a seguinte: o PSD apresenta publicamente os traços gerais da sua proposta. Propostas essas que não têm qualquer interesse fundamental, mas que geram muito burburinho e cobertura mediática como a de redução do número de deputados no Parlamento, a risível e insensata proposta de direito de voto a partir dos 16 anos ou a de passar para mandato único a Presidência da República.
Mas é evidente para gente não distraída que as únicas propostas relevantes são as do Partido Socialista, pois a Constituição será revista na exacta medida e no exacto sentido que apetecer a António Costa. E o que o PS quer resolver são os problemas relativos à conformidade constitucional que permita aprovar uma nova «Lei de Emergência Sanitária».
A minha crónica completa está no vídeo partilhado abaixo onde a partir do 2m32s se podem apreciar declarações de soberba com respaldo de inimputabilidade ao mesmo tempo que se «aprecia» pitorescas imagens de Marcelo Rebelo de Sousa, na indelével apalhaçada marca da sua presidência:
“Queremos o Nosso Voto!”

A desinformação impera por todos os media do mainstream. Não é por falta de investigação. É mesmo propositado. Há uma narrativa em construção para que você acredite que os “bolsonaristas” querem o regresso de uma ditadura por “não aceitarem a derrota eleitoral”. Nada mais FALSO. Mas, a esta falsidade, nenhum “fact cheker” fará uma verificação séria. Não é para isso que eles servem.
Ler mais…Quatro «tesourinhos deprimentes»
Na minha crónica-vídeo de hoje mostro excertos de quatro «tesourinhos deprimentes»: 1) Guterres possuído; 2) o genro de Louçã saudoso de trogloditas; 3) o revolucionário ambiental que se identifica como do sexo feminino e 4) a rapariga alucinada pela justiça climática.
São exemplos de como os privilegiados profetas da seita eco-extremista como Guterres deixam em agonia a juventude.
António Guterres parece possuído por alguma entidade sobrenatural tão extraordinárias são as suas profecias catastrofistas, próprias de seitas apocalípticas e não de um homem no gozo das suas faculdades. A deriva de Guterres para a nova religião eco-extremista tem-se vindo a agravar, como se comprova pela sua recente intervenção na COP27.
Estes cenários fantasmagóricos e de fim-do-mundo que habitam a mente perturbada e histérica de Guterres são aproveitados por oportunistas neo-marxistas como o genro de Francisco Louçã para, à boleia da suposta virtude de protecção do ambiente, promover o regresso da nossa sociedade à idade das cavernas.
Sucede que narrativas insanas e desumanas, criam ansiedades e disrupções mentais nos mais vulneráveis, nomeadamente nos jovens que são apanhados na sua ingenuidade e ignorância pela vertigem de ideologias grotescas e perigosas.
Os lesados das profecias apocalípticas das alterações climáticas estão moribundos, mas não sabem.
Tenhamos esperança que ainda possam ressuscitar das trevas e viver a vida como qualquer pessoa.
Os vídeos podem ser vistos, aqui:
Os 125€ do Costa
Certo dia, estava no supermercado quando ouvi dois funcionários a comentarem os 125€ do Costa. A dado momento, disse um deles: “(…) bem… é pouco … mas é melhor que nada…” ao que o colega anuiu. Isto é bem representativo do nível a que chegou a sociedade durante anos consecutivos de formatação socialista: o conformismo com migalhas atiradas ao chão, quando se devia exigir de um Estado ladrão em impostos, o correspondente ao roubo.
Ler mais…Caras-de-pau
EFACEC: um morto-vivo pago pelos Portugueses
Os socialistas andaram anos a bajular a oligarquia angolana e a seduzi-los a serem accionistas da EFACEC tendo feito tudo para facilitar a entrada de Isabel dos Santos no capital desta empresa portuguesa. Entretanto os ventos políticos e da opinião pública mudaram e, com a mesma desfaçatez, os socialistas passaram a considerar o capital angolano um activo tóxico.
Vai daí que o governo de António Costa resolveu nacionalizar a EFACEC ficando com a quota de mais de 70% que pertencia à filha do ex-presidente de Angola. Siza Vieira, que à altura era o ministro Ronaldo da Economia, engendrou uma operação absolutamente magnífica e cheia de virtudes, vista aliás pelo presidente da República como um imperativo nacional. (ver vídeo aos 1m00s)
Os mais reputados e esclarecidos comentadores e analistas da nossa praça consideravam a empresa fantástica e a decisão do governo excelente (ver vídeo aos 2m03s)
A generalidade dos partidos políticos ou aplaudiram a opção do governo ou, através do seu silêncio, concordaram tacitamente com a nacionalização. Com a excepção, reconheça-se, do ex-líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos.
Mas na verdade, à boa maneira socialista, o que o governo fez foi utilizar o dinheiro dos contribuintes para nacionalizar a EFACEC escondendo a situação económico-financeira calamitosa da empresa ao mesmo tempo que manteve em funções a equipa de gestão que conduziu a resultados desastrosos.
Há mais de dois anos que a empresa é um sorvedor de dinheiro dos portugueses, com injecções de capital por parte do Estado, garantias públicas e mais endividamento. Em 2021, a EFACEC teve um prejuízo consolidado de 184 milhões de euros e uma dívida líquida de 193 milhões de euros. Este ano a empresa já agravou o buraco.
Ao contrário da narrativa com que quiseram enganar os portugueses, a EFACEC revela-se uma empresa inviável. Mas o governo socialista não tem pudor em torrar dinheiro dos contribuintes numa empresa zombie, falida, mal gerida e sem mercado.
Entretanto o actual ministro da economia, o pseudo-poeta Prof. Lero-Lero, já se comprometeu a resolver o imbróglio criado pelos próprios socialistas que é o mesmo que dizer que a conta será paga pelos portugueses que trabalham e que continuam a ser alvo de um saque fiscal.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Outra vez arroz, Maria João?

Não leio o que a Maria João Marques escreve desde que virou um camaleão político e feminista radical. Não tenho paciência. Mas às vezes tropeço em pérolas que não consigo ignorar pelas baboseiras grotescas que os ditos artigos contêm. É o caso deste que merece resposta à letra dirigido à autora:
Minha cara senhorita, começo por dizer que, se não sabe o que é ser de direita conservadora, poupe-se ao ridículo e remeta-se ao silêncio até aprender. A direita conservadora é formada por gente que defende os princípios e valores transmitidos pelos nossos pais e avós no trabalho, no respeito pela família e pelo próximo – independentemente da sua cor, religião ou etnia – e que fizeram desta sociedade aquilo que ela foi, até chegarem as “marias joãos” defensoras da parasitagem e revisionismo histórico e cultural . Caso não saiba, foram essas gerações que construíram o mundo que tínhamos antes do início da sua destruição pelo “wokismo” e que hoje a senhorita representa.
Ler mais…E o PÚBLICO escolheu ser um folheto
Eles é que são os presidentes da junta Liberal
O deputado Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, é conhecido pelo seu apurado sentido de humor. Esta semana protagonizou um notável número de stand-up-comedy que continua em palco para os apreciadores do género.
A leitura política que se faz da saída de Cotrim de Figueiredo da liderança da IL, do imediato anúncio da candidatura de Rui Rocha, seguido do apoio público formal a Rui Rocha por parte de Cotrim de Figueiredo é a de que os dois políticos estavam e estão mancomunados e trabalharam nos bastidores à sucapa de toda a gente um arranjinho, uma maquinação de passagem de poder no partido entre amigos.
Rui Rocha apresenta-se como um futuro líder forte para disputar eleições no país, mas ao promover um cambalacho ardiloso para chegar a presidente da Iniciativa Liberal demonstrou a sua fraqueza e receio de concorrência. Assumir esta contradição é inegavelmente uma boa piada de Rui Rocha.
A tramoia entre Cotrim e Rocha torna evidente que um pequeníssimo número de pessoas na cúpula da IL se considera dono do partido, sentindo-se legitimado na tentativa de criação de um protectorado para um futuro presidente da Iniciativa Liberal em desrespeito por outros potenciais candidatos à liderança, mas sobretudo por passar um atestado de menoridade e desconfiança à generalidade dos militantes, vistos como incapazes de fazerem escolhas políticas internas acertadas. O apurado sentido de humor de Rui Rocha ficará por isso sublinhado quando vier criticar a falta de democraticidade do Bloco de Esquerda, ao mesmo tempo que na Iniciativa Liberal usa métodos estalinistas-leninistas na luta pelo poder.
O deputado da IL apresentou-se de forma supersónica como candidato ao lugar de Cotrim de Figueiredo, sem sequer ter apresentado previamente uma moção estratégica ou um programa de candidatura. Será por isso também uma gargalhada geral quando Rui Rocha acusar André Ventura de ser um arrivista de ego exacerbado, ou depreciar o Chega como um partido sem ideias e oportunista.
Intrigas palacianas com intenção de condicionar a escolha livre dos militantes para um novo líder, assim como orientar as manifestações de apoio de simpatizantes na direcção conveniente a quem sai e quer continuar a tutelar o partido é uma novela pouco aprazível a liberais.
Os ingénuos chegam agora à conclusão de que um partido liberal é, na sua essência, igual a todos os outros partidos.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
O medo
Revisionismos históricos
Cada vez mais pessoas despertam e se apercebem das intrujices propagandeadas a pretexto da covid19 que resultaram na calamidade do excesso de mortalidade, em vidas suspensas e num retrocesso sem paralelo das mais elementares e básicas liberdades das pessoas.
Alguns reconhecem hoje em privado que claudicaram ao medo e foram envolvidos numa vertigem alucinante de desumanidade e egoísmo. Os poucos que pediram desculpa por essa fraqueza é gente de carácter que vale a pena acolher de novo em proximidade.
Porém os dirigentes e personalidades com mais influência que manipularam a sociedade para um execrável caminho de segregação, com condicionamento psicológico e controlo comportamental, esses autoproclamados “agentes de saúde pública” estão hoje ocupados a fazer um revisionismo da história do maior e mais despudorado atentado das últimas décadas feito ao método científico, ao pensamento crítico e à liberdade.
Quais ratazanas infames e cobardes, sem remorsos de consciência procuram disfarçar a pulhice e imoralidade das suas políticas. Uma das maiores mentiras à boleia da qual se cometeram barbaridades foi a da “pandemia de não-vacinados”. Para que não se diga que tal conceito nunca foi invocado, trago aqui um registo histórico datado de Novembro de 2021 de um dos nossos mais sinistros e populares comentadores: ver vídeo abaixo aos 2m02s.
Desonestidades intelectuais deste género e patifarias ignóbeis deste calibre não merecem perdão popular. A quem se quiser manter inimputável e exonerar-se do desastre social que ajudou a promover só lhes restará a indulgência divina.
a minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Espantoso! Costa, tem razão.
Há uma crítica unânime e transversal da Oposição à proposta de Orçamento de Estado que é a de que, ao contrário do que António Costa quer fazer crer, o Orçamento de Estado proposto pelo governo e apoiado pelo PS é um orçamento de austeridade.
Para o PCP e o Bloco, já se sabe, tudo o que não seja gastar a tripa forra com o dinheiro dos outros é um espartilho do progresso. Já espantoso é o facto de a nossa direitazinha, não lidar maravilhosamente com o conceito de austeridade. Esta direitazinha disfarça até muito mal o facto de, no fundo, entender a “austeridade” como algo condenável e censurável.
Ora, creio ser insuspeito de qualquer complacência, afinidade ou até respeito político por António Costa, mas neste caso não posso deixar de concordar com o primeiro-ministro: o Orçamento de Estado não é de austeridade.
Austeridade é a qualidade ou característica do que é rigoroso. É uma política de redução de gastos e de diminuição da despesa pública. Austeridade implica princípios sérios, exigentes e sóbrios na gestão do dinheiro que o Estado retirou coercivamente aos portugueses ou pediu emprestado a quem poupou.
Que fique bem claro: austeridade não é aumentar impostos, nem aumentar o montante da cobrança fiscal. Austeridade é, tão só, reduzir despesa pública. Austeridade é diminuir o Estado. Lamentavelmente, nada disto se prevê no Orçamento de Estado socialista e, por isso, António Costa tem razão: não é austeridade.
O orçamento de Estado serve para tirar à força riqueza a uns para dar a outros. O Orçamento distribui benesses por grupos de interesses e dessa forma compra apoios políticos junto do eleitorado.
Um euro de despesa pública é um euro a menos nas famílias portuguesas. A austeridade é a forma de resgatar a autonomia das famílias e colocar na órbita das escolhas e preferências das pessoas e não do Estado o uso dos recursos de que cada um dispõe e da riqueza que criou com o seu trabalho. A austeridade é a forma de responsabilizar cada um pelas suas opções, tratando os portugueses como seres adultos.
Os orçamentos de estado são a ficção de construir um mundo novo igualitário, mas que resulta, invariavelmente, em que a grande maioria de nós fique mais pobre.
A austeridade é, pois, a única via para o crescimento futuro. E não será nunca o PS a ter juízo para arrumar a casa e nos colocar numa rota de desenvolvimento.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Das Bedenklichste in unserer bedenklichen Zeit ist, dass wir noch nicht denken1.
— Martin Heidegger (1889–1976)
Os blogs estão mortos, tal como está Deus. Não há nada inerentemente mau neste princípio, só dele decorre o terror da responsabilidade individual. Durante a massa da história registada, Deus serviu o propósito de enquadramento das acções humanas. O Bem e o Mal, portanto, mesmo quando a divisória que os acantona acaba escondida pela espuma das marés dos tempos. Deus morreu quando deixou de exercer influência na definição do certo e do errado — independentemente das pessoas com fé que aderem a diferentes igrejas, é nas sociedades seculares que encontram a bússola comportamental do seu Bem e Mal. Em suma, os comportamentos são moldados por medo de condenação a pena de prisão e não por condenação à danação eterna.
Os blogs, durante algum tempo, criaram um “nós”, uma sensação de comunidade, mas essa comunidade só foi possível de sustentar através do princípio da materialização. Não há rede social ou qualquer outro formato digital que permita a manutenção de comunidade através da separação física que um ecrã proporciona. Sem a corporização das pessoas no mesmo espaço físico, enquanto pode subsistir alguma forma de comunicação, perde-se a comunidade. Os blogs morreram quando deixamos de fazer jantares. É mesmo tão simples como isso.
Comunicamos com palavras, uma ferramenta da oralidade. Diferentes línguas têm diferentes ritmos, diferentes sons, gerando diferentes musicalidades auditivas. Não existe uma relação unívoca entre uma língua e outra. Não admira que se discuta animada e apaixonadamente sobre qual das traduções de Dostoevsky melhor consegue a aproximação ao texto original.
Quando digo que os blogs estão mortos, não me refiro necessariamente ao que entendemos por blog e sim, de uma forma abrangente, a qualquer das ferramentas digitais de expressão escrita ou audiovisual à distância. Inclui tudo, seja Twitter, Facebook ou qualquer outra coisa. Isto porque não há materialização corpórea dos intervenientes. Sem as pessoas se conhecerem, sem estarem na presença uns dos outros, a comunicação torna-se fraccionada, parcial, um aglomerado de palavras sem emissão directa do ser que as profere. Uma abstracção.
Não foi por passarem a existir versões impressas acessíveis da Bíblia que se dispensou o sermão. Não é por passar a eucaristia dominical na televisão que se pode dispensar a missa presencial. “A mensagem é o meio” (McLuhan), logo a mensagem da eucaristia é a própria comunidade que se agrega na igreja. O conteúdo é o próprio evento.
No mundo digital não há eventos. Nem sequer há artigos de jornal: a mensagem é o ecrã. Artigos de jornal existiam quando a mensagem era o papel, o acto de o dobrar e de o transportar debaixo do braço, um acessório de identificação do indivíduo.
(Em The White Lotus, uma mini-série HBO, a certa altura as duas adolescentes que se apresentam como existindo sem porém viverem – uma contradição muito milenial – ironizam com o bronco sobre terem um consultor de moda para os livros que devem usar na berma da piscina).
Por isso, agora somos todos existencialistas em declarada má fé. O inferno são as outras pessoas. A democracia nem sequer existe além de um artifício ficcional (quem elegeu a Ursula von der Leyen?). Somos governados por ecrãs, por figuras ausentes, desconhecidas, que estabeleceram uma comunidade real, presencial, estabelecida por apatia da des-comunidade global, mas que se encontram fisicamente para delinear o Bem e o Mal e a consequente salvação ou danação dos súbitos, obrigados a aceitar os preceitos burocrato-divinos estabelecidos. A alternativa do inferno deixou de ser uma perspectiva tão negra como antes era.
Podemos simular uma discussão acerca dos BMW da TAP, mas tal seria irrelevante. Seriam bits e bytes dignos da Les Assassins des Fauteuils Rollents2 que comporiam parte do “the Entertainment” (Infinite Jest, David Foster Wallace) e que apenas serviriam para perpetuar a má fé de Sartre, a nossa incapacidade de assumir responsabilidade pela decisão individual de optar pelo entretenimento light perante quer a ameaça de fome extrema imposta pela neo-religião de combate ao carbono, quer a ameaça de de devastação nuclear.
Assim, perante o Geworfenheit3 (Heidegger) que o mundo me apresenta, escapando a viver em má fé, resta-me assumir a responsabilidade pelas minhas acções, sendo que estas poderão ser melhor descritas pelo filosofo americano Paul Simon:
Hello darkness, my old friend
I’ve come to talk with you again
Because a vision softly creeping
Left its seeds while I was sleeping
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence
1 Tradução mais ou menos aceitável: o maior pensamento crítico neste tempo crítico que vivemos é que nós não pensamos.
2 Seria algo como “os assassinos das cadeiras de rodas”, mas o uso de rollent em vez de roulant intui para um trocadilho com “laissez les bon temps roulez” ou “deixar os bons tempos rolarem”.
3 Conceito usado por Heidegger para descrever a condição humana de ser “atirado para o mundo”, ou seja, de não existir escolha humana para o local ou a família em que um indivíduo nasce.
4Olá escuridão, minha velha amiga / Encontramo-nos novamente / Por uma visão lentamente introduzida / Deixar semente enquanto dormia / E essa visão plantada na minha mente / Subsiste / Por entre o som do silêncio.
O caso Pizarro é bizarro
O caso Pizarro é bizarro. Um ministro pode ao mesmo tempo ser sócio de uma empresa? Pode. Não pode é ser gerente dessa sociedade. É o que diz claramente a lei através do “Regime de funções por titulares de cargos políticos”. Portanto, em 9 de setembro passado, dia em que tomou posse como ministro da Saúde, Manuel Pizarro já não poderia ser gerente da sua empresa.
Se Manuel Pizarro quisesse ter cumprido a Lei, teria bastado apresentar a renúncia à gerência da empresa, comunicação essa quem nem depende de registo e que se torna efectica em apenas oito dias.
O bizarro no caso Pizarro é que o homem admite que se encontra em flagrante incompatibilidade, ou seja, foi nomeado para as funções de ministro num quadro de patente ilegalidade, mas de forma ostensiva e arrogante torna pública a sua vontade de praticar actos contrários à Lei.
Lembro que aquando da demissão de Marta Temido, António Costa disse que não havia urgência especial em substituir a ministra e por isso Pizarro teria mais do que tempo para simplesmente comunicar a sua saída dos órgãos sociais da empresa e entregar a gerência ao seu sócio ou a uma terceira pessoa. Optou conscientemente por não o fazer.
Recordo ainda quem em 2017, o ex-ministro Pedro Siza Vieira também acumulou o cargo, durante alguns meses, com o de gerente de uma empresa que detinha com a mulher. Mas ao contrário de Pizarro, na altura, Siza Vieira disse não ter consciência de que não poderia ser gerente. Acabou por se safar a ser compulsivamente demitido pelo Tribunal Administrativo, porque, entretanto, António Costa fez uma remodelação governamental e uma troca cosmética de pasta para o seu amigo Pedro, passando Siza de ministro-Adjunto para ministro-Adjunto e da Economia. Siza Vieira aproveitou-se desta “troca” e solicitou oito dias depois o arquivamento do processo.
Dantes, a baixíssima condição moral, o vazio ético e a ausência de dignidade da rede de políticos em torno de António Costa levavam a maralha socialista a fintar conflitos de interesses, incompatibilidades, nepotismo, favorecimentos, truques, fintas e malabarismos indecentes invocando de forma desavergonhada que tais práticas estavam dentro da Lei. Agora já nem isso. Mesmo que seja ilegal, quem está no poder sente-se inteiramente merecedora de regimes de excepção e privilégios.
Os idiotas inúteis do costume já vieram dizer que o caso Pizarro é menor, e que se trata de minudências sem relevância para o país, acusando os críticos de populistas e demagogos.
Mas com isto institucionaliza-se verdadeiramente uma sociedade de castas: de um lado a oligarquia e os legisladores e, do outro, o povo.
A rebaldaria e o atrevimento desta gente e em particular, agora, de Manuel Pizarro é tão grande que pela força das circunstâncias impostas pelos donos disto tudo, há que reconhecer que estamos entregues a bichos.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Foi em Setembro que te conheci
Estou muito contente com o 8º anúncio da ligação em TGV entre Porto e Lisboa. Já tinha ficado muito contente com o 7º anúncio, até mais de que com o 5º anúncio, e agora este 8º teve tanto impacto positivo no meu empoderamento como pessoa como teve o 1º. Estou certo que ainda vou vibrar mais no meu íntimo com o 9º anúncio.
O TGV permitirá a ligação das duas únicas cidades que interessam no país em 75 minutos, uma melhoria significativa em relação aos 170 minutos de agora. Na realidade, uma melhoria de exactamente 95 minutos. Se agora a ligação custa 37,35€, portanto 21,97 cêntimos por minuto, decerto que custará em alta velocidade algo como 16,47€. Se um indivíduo num carro a gasóleo poluente dos que gasta 7 litros a cada 100 km tiver a indecente ideia de se deslocar por uma das duas (ainda esperamos a terceira, que há-de vir, pelo menos em anúncio) autoestradas completamente fundamentais (à altura, agora já não são ecologicamente desejadas) para o desenvolvimento económico do universo lusitano, com portagens, acabaria a gastar 22,40 em portagem e 22 litros de gasóleo, o que, de acordo aqui com a bomba do local em que vivo, seriam só 1,834€/litro, ou seja 40€. Por 62,40€ um comum poluidor burguês chega a Lisboa quando poderia usar o baratíssimo e hipster comboio por apenas 37,35€. Claro, há a hipótese do poluidor ser um membro de um casal com filhos e aí o carro continuaria a custar 62,40€ face aos 74,70€ do comboio lento (e supondo que os filhos não pagam, o que pode até acontecer se, por exemplo, ficarem em casa enquanto os pais vão ver as luzes de Natal à grande metropole). Quando o comboio custar 16,47€, não só a viagem será muito mais rápida como até os filhos poderão ir ver os deputados da nação e ainda outras atracções do jardim zoológico.
Por isso mesmo estou entusiasmado e vejo com excelentes olhos as medidas de poupança de energia a bem do nosso planeta. Vale bem a pena passar um bocado de frio ou uma pequena amputação por esta causa. Vale bem a pena desligar a iluminação pública na hora mais propícia a violações, até porque é necessário assegurar a privacidade dos envolvidos e a não discriminação dos trans. Vale bem a pena construir-se mais uma ponte sobre o Douro para assegurar que a viagem demora 75 e não 76 minutos. Vale bem a pena passar um bocado de fome ou escorbuto para cumprir com o desígnio mundial de lutarmos todos pela paz e pela democracia até ao último ucraniano.
Em último lugar, quero agradecer pessoalmente ao governo pelos 125 euros. Tenho a certeza que todos os portugueses poderão viver uma vida mais folgada com este incentivo à felicidade e subsistência do planeta. Espero que a devastação nuclear ocorra só depois de os podermos usar numa festa de arromba.
Guterres, profeta do apocalipse
António Guterres é um político que deslustra Portugal. O homem é, como se sabe, politicamente pantanoso que tenta disfarçar a sua falta de decisão e deserto de ideias com discursos palavrosos, redondos, de pura baboseira. Neste aspecto Guterres é em tudo igual ao seu amigo Marcelo Rebelo de Sousa, o nosso infantil e narcisista presidente da república. Com uma diferença: enquanto ninguém fora do nosso país tem de gramar as atitudes e comentários atolambados de “Narciso” Rebelo de Sousa, sendo secretário-geral das Nações Unidas António Guterres, expõe internacionalmente o circo de personalidades que brotam em Portugal.
Após tantos anos em Nova Iorque, Guterres poderia pelo menos minimizar o nosso embaraço de o ver discursar na ONU tendo aulas de pronúncia de Inglês, mas o bonacheirão nem a isso se dá ao trabalho. Pior: o seu sotaque ridículo e confrangedor também se nota em Espanhol (ver vídeo que acompanha este post)
Para além disso, o bondoso e alegre Guterres que conhecíamos deu lugar a um dos mais alarmistas profetas do fim do mundo, e ao contrário do que se esperaria nas suas actuais funções, está exclusivamente dedicado a espalhar ansiedade e promover o medo na sociedade.
No vídeo cujo link se deixa abaixo vemo-lo falar em “mares perigosos”, “inverno de descontentamento”, de um “planeta a arder” e de uma “crise que ameaça a humanidade” e coloca em causa a sobrevivência do nosso planeta. Depois repete que o “planeta está a arder” e dá conta da inutilidade da ONU e do seu trabalho porquanto considera que as convulsões sociais são “inevitáveis” e que um conflito (presume-se uma guerra) está próxima. Guterres assusta o mundo dizendo que vivemos “uma guerra suicida contra a Natureza” e, catastrofista, que a humanidade enfrentará um desastre climático. Depois o ex-chefe dos socialistas nascido no Fundão transforma-se em meteorologista encartado e diz que desde a Idade Média as temperaturas nunca estiveram tão altas. Como se não bastasse o deboche cómico desta afirmação, previne e sobressalta os povos para a sua terrível constatação de que “ainda não vimos nada”…
Com asneiras deste calibre é provável que os estrangeiros sejam levados a crer que os portugueses são uma cambada de pírulas dados a achaques apocalípticos. E não estão errados.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
A pimbalhada das TVs nacionais
No ambiente cultural progressista e ateísta que vivemos, não deixa de ser curioso que na última dúzia de dias a propósito da morte da Rainha Isabel II, bateram-se records de audiências com cerimónias religiosas, múltiplas manifestações de fé, inúmeros discursos com dimensão espiritual e simbólica, exibições de cânticos e música sacra ou expressões diversas de crença na vida para além da morte.
Porém, os canais de televisão portugueses puseram mais uma vez em evidência a péssima qualidade do jornalismo nacional e triste e trágica deplorável vertigem dos nossos media para tudo nivelar por baixo até à mais rasteira pimbalhada.
O pequeno exemplo de como as televisões cobriram a derradeira, mais intimista e pungente cerimónia em Windsor do baixar do caixão da Rainha para a cripta da igreja acompanhado do lamento em gaita de foles tocado pelo Gaiteiro real, basta para ilustrar a cretinice e a selvajaria das transmissões em directo da RTP, da SIC ou da CNN. (ver vídeo a partir do 1m23s)
Clara de Sousa sobrepôs a este momento marcante observações idiotas sobre carros-vassoura e lixeiros, o pivô da CNN Portugal põe uma insignificante especialista em protocolo a falar por cima da despedida musical e António Esteves chama um especialista para dizer o que era auto-evidência pelas imagens.
A solenidade e dignidade do momento poderia e deveria ter sido respeitada com o silêncio absoluto dos jornalistas, tal como assim fez a SkyNews. (ver vídeo a partir do 3m06s)
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Isabel II
Os muitos e justos tributos, homenagens e cerimónias evocativas de Isabel II têm sido uma boa ocasião para recordar o espírito de serviço, dignidade e inteligência com que durante 70 anos a Rainha manteve não só funções de chefe de estado como assumiu com humildade, seriedade e honra o peso de representação dos povos do Reino Unido e da sua história. Tornou-se um símbolo, um elo de continuidade e um referencial de exigência na modernização das respectivas nações.
Quem se atreva a comparar a sorte dos britânicos com a realidade da hierarquia política em Portugal não pode deixar de sentir tristeza pelo imenso abismo moral, de gravitas e até de bom gosto existente entre Isabel II e a generalidade dos matarruanos que têm ocupado os mais altos cargos no nosso país.
Em 2022 é repulsivo o contraste com um presidente da república que troca de cuecas em directo na televisão. O constante comportamento de criancinha mimada e traquinas de Marcelo, sempre ansioso de ser amado por todos, opõe-se de forma marcante à forma natural e genuína com que o povo britânico admirava e se sentia próximo da sua reservada e contida monarca.
A forma mal-arranjada, sobranceira e quase boçal das intervenções públicas de António Costa ou a altivez e insinuações maliciosas de Augusto Santos Silva são também uma colossal diferença para a educação, serenidade e galhardia de qualquer comentário de Isabel II.
Apesar da sua incontinência verbal e da sua condição de picareta falante da república, Marcelo Rebelo de Sousa nunca disse algo de substancial, rigoroso nem sequer acertado. Ao invés disso, a moderação, cautela e até o silêncio da Rainha sempre foram fundamentais e sábios.
Os portugueses parecem contentes com o estilo histriónico, frívolo e vácuo dos nossos políticos. O luto silencioso a que assistimos no Reino Unido por estes dias está reservado apenas a povos que se dão ao respeito.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Empacotados
O PSD e a Iniciativa Liberal são tão pascácios que, mais uma vez, caíram como miudinhas das escolas secundárias nos jogos de sedução e engano do velho político António Costa. PSD e IL – partidos da esquerda moderada – comentaram a apresentação do embrulho de medidas do governo a pretexto da inflação com conversas parvas típicas de adolescentes com dor de cotovelo por o PS ter aproveitado ideias que a oposição já antes tinha sugerido.
E assim, a reacção inicial do PSD e da Iniciativa Liberal foi a de o pacote já vir tarde. Não há uma segunda oportunidade para causar uma boa primeira impressão e, por isso, a imagem que colou aos discursos destes partidos foi a do atraso das medidas.
Costa, experiente e hábil na manipulação, nem sequer precisou de responder aos ingénuos opositores para colher os louros de ser visto pela generalidade da opinião pública como sendo um primeiro-ministro que, pelo menos, está a tentar «fazer algo» contra a inflação. E, como diz o povo: “Mais vale tarde do que nunca”.
Pior ainda: o PSD e Iniciativa Liberal ajudaram também a caucionar e consolidar a tremenda falsidade de que a inflação é uma variável externa e alheia à responsabilidade do governo. Esta gente é tão inábil e politicamente tão incompetente que é triste que a maior e mais descarada mentira que António Costa disse na sua comunicação ao país de segunda-feira passada tenha passado incólume e sem que a oposição tenha desmascarado a torpe patranha: «Consequência da pandemia e, sobretudo, da guerra da Rússia contra a Ucrânia, temos vindo a sofrer um brutal aumento da inflação.» (ver vídeo aos 2m00s)
O aumento dos preços é consequência direta das políticas monetárias expansionistas aclamadas pelos políticos, com injecções sucessivas de liquidez no mercado e manutenção de taxas de juro artificialmente baixas. Por outro lado, como desde bem cedo em 2020 se tem vindo a alertar nestas crónicas, a inflação resulta também das prácticas criminosas dos governos com o fecho de actividades económicas, confinamentos e restrições a pretexto da alucinação colectiva com a covid19. Assim como o aumento da dívida pública e a distribuição de dinheiro através de bazucas só serviram para aumentar os danos económicos infligidos à generalidade dos portugueses.
Em vez de irem para o recreio brincar com o PS, teria bastado ao PSD e à Iniciativa Liberal dizer aos Portugueses que para compensar a perda de rendimento das pessoas provocada por políticas públicas desastrosas e erros do governo, seria bem melhor baixar a taxa de IRS com efeitos imediatos nas retenções na fonte em vez da fantochada de remendos contraproducentes que António Costa propôs.
O governo de António Costa não está a dar nenhum apoio aos Portugueses. Quando muito estaria a repor e a devolver parte do produto de um roubo via impostos. Mas nem isso. É apenas um embuste que procura resolver o problema da inflação com mais das suas causas.
O socialismo gera inflação. E o governo quer mais socialismo.
Um lindo serviço…
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Adeus, Marta
A continuação de Marta Temido no governo era perfeitamente sustentável e até previsível. Ao contrário do que ouço muitos comentadores e responsáveis partidários dizerem, a irresponsável pela pasta da saúde tinha todas as condições políticas para continuar no governo. Desde que António Costa assim quisesse.
Temido não era sequer uma ajudante do primeiro-ministro, mas apenas uma mera submissa bajuladora de António Costa que cumpria acriticamente, mas de forma atabalhoada, as ordens do seu chefe em relação às políticas a adoptar. Ou seja: enquanto não sucumbisse a um destrambelhamento incontrolável, serviria perfeitamente o propósito de António Costa de a utilizar como saco de pancada e escudo político.
Os sevandijas socialistas protegem tanto António Costa que um dos seus mais hábeis capachos políticos é destacado para, sem qualquer vergonha na cara, fazer declarações mendazes como esta (ver vídeo ao 1m13s).
Se há situação que colocou em evidência as erradas, prejudiciais e lesivas políticas deste governo para a saúde dos portugueses foi a histeria e hipnose colectivas com a covid19.
O caos e ruína em que o PS tem deixado o serviço nacional de saúde não preocupa António Costa desde que se consiga desresponsabilizar do sucedido. Tal como aquando dos incêndios de Pedrógão, António Costa também se está a marimbar politicamente para a morte de Portugueses à conta da incúria e falhas do Estado. Uma linha vermelha que ele admite para outros, mas não para ele próprio. Ora veja aqui (ver vídeo ao 2m50s).
O governo socialista foi eleito com maioria absoluta, a oposição continua entretida com o seu umbigo e o presidente da república é um cúmplice obediente a António Costa.
Desejo por isso a todos os seguidores deste blog boa sorte e que Deus nos proteja.
Cabotinas bojardas
António Costa está de férias. E ainda bem porque quanto mais afastado estiver do governo menos decisões toma que possam afectar as nossas vidas.
Com o país a assistir ao desaparecimento da Serra da Estrela com os incêndios florestais, o primeiro-ministro deixou em funções em Lisboa o seu capacho político – Marcelo Rebelo de Sousa – a servir de manipulador dos órgãos de comunicação social. E Costa colocou a lacaia socialista Mariana Vieira da Silva como comandante-em-chefe dos patuscos ministros do seu governo.
Esta serventuária dos reles desmandos de Costa presta-se, alegremente e sem vergonha na cara, às mais cabotinas bojardas, como esta (ver vídeo aos 51s).
Segundo a filha do ex-ministro de José Sócrates, não há, portanto, nenhuma responsabilidade do executivo nem dos socialistas por, ao longo de dezenas de anos no governo, terem adoptado políticas de incúria e desincentivo a uma boa gestão dos espaços florestais. O imperador Nero mandou atear um incêndio à cidade de Roma para se inspirar poeticamente e enquanto o fogo consumia a cidade, contemplava o cenário tocando a sua lira. Nos dias de hoje parece que Mariana e o governo de Costa encontram virtude na devastação da Serra da Estrela para que os socialistas possam desenhar a régua e esquadro um plano que torne o Parque Natural melhor do que aquele que conhecíamos.
A intrujice é ainda mais nauseabunda porquanto a primeiro-ministro em exercício tem ainda o desplante de ensaiar a desculpa das “alterações climáticas” (ver vídeo aos 2m29s).
Alguém perguntava se, caso o governo se incendiasse, também ficaríamos melhor do que antes. Mas logo um céptico desmancha-prazeres respondeu que muito provavelmente, com quase 50 anos de regime, o sistema já está suficientemente depurado para garantir que os que chegam ao topo são os piores.
Dificilmente algum outro governo excederá o de António Costa em maldade, podridão e perversão.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Contemplações de Verão
Colégios. Aqueles estabelecimentos de ensino que, em Portugal, oscilam entre ensinar os princípios básicos da bulimia para um futuro suicídio limpo e o mérito de efectivamente saírem alunos do ensino básico a saber ler (mas não interpretar) o livro de instruções do Tesla.
Nesta época do ano, uns orgulham-se de continuar a achar que compram instrução para os filhos enquanto outros lamentam que o dinheiro que o estado come em impostos aos primeiros não permita a contratação de gente que realmente sabe ler para os estabelecimentos de candeeiros Siza e restos de mármores da pedreira de um conhecido qualquer do Medina da altura.
É a escolha entre o analfabetismo de um tipo para o analfabetismo de outro. Um sai muito mais caro (o do estado), o outro muito mais barato, ainda que assim não pareça olhando para as mensalidades. No fim, vão todos alegremente para engenharia aeroespacial ou para o raio que os parta, mas de carrinho eléctrico, que é por causa do ambiente. Correndo como se espera, a maioria não sobreviverá a viver com o seu próprio brilhantismo e nós poderemos esperar uma reforma tranquila a seco, certos que teremos muitos funerais para frequentar enquanto não batemos nós as botas.
Sim, tenho uma certa saudade dos tempos em que os problemas dos jovens eram menores, como quando só alguns morriam por consumo de heroína. Sem romantizar muito, sim, havia o flagelo das drogas, mas certamente que também havia coisas más.
Liberdade de ofender
Em 1989 o sinistro Ayatollah Khomeini do Irão anunciou ao mundo a sentença de morte para Salman Rushdie por este ter escrito um livro considerado ofensivo do Islão. O líder religioso supremo da altura mandatou qualquer fiel para a execução da pena em qualquer altura e em qualquer lugar. Assim, há dias, trinta e três anos depois, Salman Rushdie escapou por pouco à morte em consequência de um infame ataque perpetrado por um zelota islâmico.
Mas o mundo e o nosso país está hoje cheio, cheiinho de ayatollahs. Os actuais Khomeini têm Silva, Santos, Ferreira, Costa ou outro qualquer apelido. Os fundamentalistas dos nossos dias chamam-se Afonso, Benedita, Martim, Guilherme ou Carolina.
Hoje, o livro de Rushdie “Versículos Satânicos” nem sequer teria qualquer hipótese de ser publicado. Os editores têm agora por prática a auto-censura e não publicam livros que considerem ter certas palavras indizíveis nem obras que temam possam ferir sentimentos de algum sector mais sensível da sociedade.
Os órgãos de comunicação social têm medo de usar termos que não sejam politicamente-correctos. Nas universidades os professores são coagidos a adoptar um discurso que os maluquinhos activistas raciais, do feminismo, da igualdade de género ou das emergências climáticas considerem próprio. As redes sociais estão pejadas de trupes e gangs sempre à espreita de denunciar aqueles que têm ideias desalinhadas ou que não se submetem à ideologia progressista. Apela-se à censura e tudo se classifica como discurso de ódio. Na nossa Assembleia da República os deputados aprovam leis e regulamentos travestidos de virtude, mas que na prática pretendem limitar a liberdade de expressão.
Nas relações sociais, hordas de sabujos têm a distinta lata de afirmar à boca pequena que quem usa da sua palavra livremente “provoca” ou “se põe jeito” para reacções intimidatórias ou mesmo fisicamente violentas. Os cobardes e os moluscoides aconselham em vez disso um discurso redondo e o uso de banalidades para não incomodar ou tornar desconfortável o ambiente social instalado.
Parece, portanto, que em Portugal interiorizamos de modo voluntário a lei islâmica. A fatwa, a condenação à morte por blasfémia, é apenas a última etapa e o último grau dos tabús e do «respeitinho» a que nos habituamos. Mas não estamos tão longe disso quanto se possa imaginar. Os «ayatollah khomeini» portugueses estão no caminho para terem as mãos sujas de sangue.
Mas só existe verdadeira liberdade de expressão se houver liberdade de ofender.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Formatação de Massas
Para a coluna da Oficina da Liberdade no Observador, escrevi o seguinte artigo a propósito do livro de Mattias Desmet «The Psychology of Totalitarism»:
Formatação de Massas
As fontes de medo e motivos de ansiedade aproximam e unem espontaneamente as populações numa fanática defesa do que a sua racionalíssima ciência determina ser o interesse comum.
Deslumbrada com os avanços da ciência e da técnica, a civilização dos nossos dias vê-se na confortável circunstância de poder dispensar a religião e o transcendental da sua mundivisão. Considera-se que toda a realidade pode ser explicada de forma racional e lógica e o comportamento humano interpretado exclusivamente sob um prisma biológico e mecanicista. As dimensões espiritual e simbólica são entendidas como reminiscências bafientas do passado. Existe aparentemente um caminho único de progresso, de construção de um homem novo e de aperfeiçoamento máximo da sociedade. Toda a vida é tida como terrena e, por isso, os receios de um julgamento divino ou a expectativa da salvação da alma perante a morte são conceitos desvalorizados ou mesmo rejeitados.
Acredita-se que a tecnologia e o conhecimento científico são hoje de tal forma desenvolvidos que, havendo vontade e mobilização social suficiente para tal, existe capacidade para evitar a doença e o sofrimento humanos. Omnisciente e com poderes ilimitados, o homem pode controlar o meio-ambiente e precaver-se contra todas as adversidades.
Neste contexto exacerbam-se as tendências narcísicas e egoístas das pessoas que passam a ver-se como titulares de infindáveis direitos adquiridos e justos credores de tudo aquilo que a ciência possibilita.
Com Deus esquecido, o homem torna-se a medida de todas as coisas, os valores morais e as referências éticas não se encontram no dever sagrado, mas na falácia utilitarista ou na pouca virtude das celebridades, os comportamentos sociais infantilizam-se. As populações procuram uma imediata e constante aprovação e reconhecimento em vida. Não se aguardam penas no Purgatório e, por isso, existe a necessidade de regulamentar e definir em letra de lei todos os aspectos da vida, assim como o modo segundo o qual as pessoas devem interagir socialmente para participarem no mundo perfeito que idealizam. O Estado e a burocracia encarregam-se de fornecer as directrizes bem como os modelos de comportamento que os povos anseiam mimetizar, tudo numa lógica computorizada, infalível.
Mas nesta narrativa, o paraíso terreno só será alcançável se todos seguirem a ciência, as orientações das autoridades e os conselhos dos especialistas. Porém, com uma vida cada vez mais digitalizada, robotizada, automatizada; com a proliferação do teletrabalho, a comunicação à distância e o acesso a entretenimento e informação online, assistimos hoje a níveis de isolamento social, solidão e depressão cada vez mais elevados. Consequentemente grassam os sentimentos de medo e insegurança nas relações entre as pessoas e é ubíqua a falta de empatia humana. A desconfiança em relação aos outros é uma constante. Os níveis de ansiedade, frustração e alarmismo social são estratosféricos. Qualquer problema, risco ou incerteza é vista com uma ameaça existencial, uma crise turbulenta, uma grave emergência.
Paradoxalmente, são essas fontes de medo e motivos de ansiedade que aproximam e unem espontaneamente as populações numa fanática defesa do que a sua racionalíssima ciência determina ser o interesse comum. Esta espécie de dogma de fé na ciência e na sua objectividade, transforma subitamente uma sociedade atomizada e individualista numa massa colectiva homogénea radicalmente irracional, blindada por um novo vínculo social de solidariedade e missão cívica.
Estes tempos de utopia racionalista são retratados de forma desenvolvida pelo psicólogo belga Mattias Desmet no seu mais recente livro, traduzido recentemente para inglês, e cujo título na nossa língua seria “A Psicologia do Totalitarismo”. Desmet explica que vem observando e analisando há bastante tempo um crescente resvalar para uma sociedade artificial liderada por tecnocratas e uma submissão voluntária das pessoas ao colectivo, em prejuízo das suas mais elementares liberdades individuais. Mas foi o sucumbir generalizado do mundo a uma hipnose neurótica com o vírus da covid19 e a aceitação pela esmagadora maioria das populações da parafernália de ferramentas e decisões opressivas e totalitárias dos governos que o levou a escrever a referida obra.
Com referências várias a Hannah Arendt e, diria, inspirado também pelo pensamento de Aldous Huxley, constrói e explica o conceito de «formatação de massas» (mass formation) descrevendo os pressupostos, o caminho e as dinâmicas da deriva totalitária e da ascensão ao poder de uma cultura de ansiedade intolerante, de vigilância e de histeria a pretexto do terrorismo, das alterações climáticas e, claro, da covid19.
Desmet refere que a «formatação de massas» é uma degeneração do Iluminismo e “uma consequência lógica do pensamento mecanicista e na confiança da omnipotência da racionalidade humana”. O conceito é definido como uma espécie de hipnose colectiva em que as pessoas perdem a distinção entre o verdadeiro e o falso e aderem a uma “crença ideológica que justifica o engano e a manipulação e, em última análise, transgride todos os limites éticos”.
O que gera comportamentos compulsivos das massas são histórias veiculadas pelos media que indicam e maximizam um objeto de ansiedade, seja o clima, o terrorismo ou um vírus respiratório. Haverá um amplo apoio social para a implementação de uma estratégia de controlo desses objetos de ansiedade e, acrescenta o autor, que “através de uma luta comum com esse inimigo, a sociedade em desintegração recupera a sua coerência, energia e significado inicial”. Desta forma, as massas passam a aceitar até as ideias mais absurdas como verdadeiras, ou, pelo menos, a agir como se fossem verdadeiras. Desmet retira daqui que “o que se pensa não importa; o que importa é que as pessoas pensem juntas.”
Vimos isso em Portugal mais claramente desde Março de 2020 quando o argumento principal para a população cumprir o disparatado ritual das «regras sanitárias» da DGS e os desmandos das imposições do governo foi o apelo à “responsabilidade cívica” de todos. Quem se recusava a apalhaçados e contraproducentes comportamentos era acusado de «negacionista», «egoísta» ou até «assassino», qualificativos que conferiam a objectificação necessária de um inimigo contra o qual a sociedade voluntariamente se mobilizou em massa, tendo como duplo efeito gerar união numa “causa” e sinalizar uma fictícia virtude.
Mas os capítulos 7 e 8 do livro de Mattias Desmet são dos mais interessantes porquanto neles o autor desmistifica as teorias conspirativas de que um pequeno grupo de líderes programou em pormenor e de forma sádica todos os acontecimentos que vivemos nos últimos dois anos. Em simultâneo, demonstra que quem conjectura grandes orquestrações malévolas internacionalistas cai nas mesmas falácias daqueles que acriticamente seguem tudo aquilo que quem está em posição de poder determina que se faça e pense.
Tanto a perspectiva da observância cega, como a da conjuração das elites são baseadas num idêntico mal-entendido que é o de atribuírem aos líderes uma capacidade de cálculo e conhecimentos virtualmente absolutos. Mas, como diz o autor, “o totalitarismo não é sobre pessoas monstruosas, é sobre pessoas comuns que se apegam a uma lógica ou maneira de pensar mórbida e desumanizante”.
A essência do totalitarismo não é utilitária ou egoísta, nem os líderes são imbuídos de uma ganância desmedida. O dinheiro e o poder constituem apenas meios para alcançar o objetivo final de realizar a sua ficção ideológica. É este impulso ideológico que acaba também por hipnotizar os próprios dirigentes, cujo estado alucinatório de que também padecem é retroalimentado pelas massas fanáticas que dirigem.
É natural que quem observe uma multidão unida pelos mesmos pensamentos e comportamentos fique confuso perante uma situação tão esmagadora. Esse alguém procura por isso simplificar o seu quadro mental para tentar compreender a complexidade do fenómeno. Facilmente, porém, cai na armadilha lógica da conspiração, concentrando e objectificando nos membros de uma elite toda a causalidade do mal. O pensamento conspiratório acaba por cumprir a mesma função que a formatação de massas, que tudo explica por meio de um quadro de referência simples e afunilado, dando ao mundo uma aparência lógica e inteligível.
Todavia, ao contrário do que é habitual dizer-se, os líderes não comandam verdadeiramente as massas. Ao invés, actuam de forma táctica e oportunista, ajustando os seus planos àquilo que sentem ser o desejo das pessoas comuns. Desmet cita Arendt para dar força ao seu argumento, lembrando o que a filósofa alemã de origem judaica já havia dito no passado: “o líder totalitário é nada mais nada menos do que um funcionário das massas que lidera. Não é um indivíduo sedento de poder impondo uma vontade tirânica e arbitrária sobre os seus súbditos. Sendo um mero funcionário, ele pode ser substituído a qualquer momento e depende tanto das massas que encarna quanto as massas que dele dependem.”
Mas como se quebra o círculo vicioso de ideologias que tomam posse de todos e não pertencem a ninguém em particular? Desmet não apresenta soluções claras ressalvando, no entanto, que a primeira e mais importante tarefa é a de dar continuidade a um discurso de dissidência que se quer autêntico e honesto. Impõe-se também ter a consciência de que quem, ao abrigo do anonimato das massas, comete crimes e atentados contra a liberdade individual não está isento de culpa pelas suas compulsões descontroladas.
Enquanto sociedade podemos fugir das ansiedades e negar a incerteza do mundo em que vivemos. Mas desafiar a nossa ansiedade narcisista e aceitar a incerteza que nos rodeia talvez seja o primeiro passo a dar para a Liberdade.
E, quiçá, também a humildade de Max Planck nos inspire a reflectir sobre estes tempos quando afirmou: “tanto a religião como a ciência exigem uma crença em Deus. Para os crentes, Deus é o princípio de todas as coisas, e para os cientistas Ele está no fim de todas as considerações.”
Link para publicação no Observador: aqui
Seis «Pedrógãos Grandes» por semana
Desde o início do ano, em média, todas as semanas (sublinho, todas as semanas) acontece uma tragédia de dimensão equivalente a seis vezes a de Pedrógão Grande.
No incêndio de Pedrógão Grande morreram 66 pessoas. E desde 1 de Janeiro deste ano morrem cerca de 400 pessoas por semana em Portugal a mais em relação à respectiva média mensal correspondente dos últimos 10 anos.
A tragédia de Pedrógão é comparável com a do actual caos no serviço nacional de saúde porque num e noutro caso são acontecimentos excepcionais; porque resultam da incúria e falhas graves do Estado; porque o primeiro-ministro cobardemente se desresponsabiliza politicamente do sucedido; porque a ministra da pasta inventa narrativas capciosas e fantasiosas para justificar o injustificável; porque o governo e os seus assessores de imprensa tentam calar e evitar as investigações jornalísticas e as perguntas difíceis; porque o inenarrável ocupante da Presidência da República serve vergonhosamente de escudo às críticas a António Costa; porque a generalidade dos partidos políticos e a espécie de avençados do comentariado nacional fala baixinho e mansamente sobre o assunto e, finalmente, porque a generalidade dos Portugueses está-se verdadeiramente a marimbar para quem faleceu e para as suas respectivas famílias.
Aliás, a agenda partidária e mediática no nosso país aborda com muito mais frequência e entusiasmo de processos legislativos gizados à má fila para facilitar a eutanásia ou aborto do que para assegurar as condições de acréscimo de natalidade ou qualidade de vida aos idosos.
Como escreveu a minha amiga Ana Caraballo no Facebook, os nossos responsáveis políticos e dirigentes da DGS, perante os altíssimos números do excesso de mortalidade deste ano afiançam com certeza que “as pessoas morreram de calor. Os que morreram antes de estar calor, morreram de frio. Outros não aguentaram sequer temperaturas amenas. Caiem que nem tordos e se chatearem muito o governo com perguntas, regressam os confinamentos e volta tudo a morrer oficialmente de covid. Já os jornalistas têm centenas de médicos especialistas prontos a atestar o que for preciso para que não passe pela cabeça de ninguém que o governo deu cabo do SNS.”
Já João Miguel Tavares lembrou esta semana no Público e muito justamente uma louvável excepção de trabalho de investigação do jornalista Pedro Almeida Vieira da publicação online Página UM e tem sido na prática sabotado por diligentes funcionários públicos que retiraram o acesso a dados estatísticos sobre morbilidade e mortalidade hospitalar que dantes estavam total e completamente disponíveis online.
Assim se fazem as coisas em Portugal…
E, já agora, lembro que os tempos não estão para facilitismos e por isso, por amor de Deus não comam bacalhau à brás pelo menos até haver uma vacina contra esta iguaria.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Lucros extraordinários das empresas de energia
Alguém se lembrou de criar um imposto extraordinário para taxar os lucros ditos “caídos do céu” que as empresas de testes covid ganharam desde que a palermia se iniciou em Março de 2020?
O primeiro-ministro não acha ser sua obrigação pedir desculpa pela arrecadação extraordinária de impostos que a inflação providencia ao Estado?
Não será o valor acumulado de impostos pornográficos já cobrados sobre os combustíveis ao longo dos últimos anos de uma magnitude superior aos lucros que as empresas de energia estão a ter agora com a subida dos preços?
Ancorados na manhosa lengalenga de ódio do bloco de esquerda e demais tontos esquerdistas à criação de riqueza, os nossos governantes veem agora mais uma oportunidade de cavalgar os sentimentos populistas mais básicos da vingançazinha invejosa sobre quem faz dinheiro no mercado. A conversa fiada dos “lucros extraordinários” é uma forma engenhosa de alimentar a narrativa mentirosa de que os lucros de uns resultam necessariamente em perdas para outros. No fundo, para estes pascácios neo-marxistas qualquer lucro é mau. Mas grandes lucros, esses, são intoleráveis. Por isso é preciso caçar implacavelmente essa riqueza produzida através da criação de novos impostos em cima dos já existentes, e que representam só por si mais um contributo para o esbulho fiscal.
Se, passe a redundância, os socialistas não fossem ignorantes dos princípios básicos de economia, não se esqueceriam tão facilmente de que os preços são formados no jogo da oferta e da procura e de que a subida e descida de preços é fundamental para assegurar a continuidade do fornecimento ao mercado. Os actuais lucros das empresas de energia não se devem à ganância ou à manipulação do mercado. Resultam sim da oferta – agora reduzida pelo boicote ao gás da Rússia e pela aposta suicida num mix energético que trata os combustíveis fósseis como pecado – e resulta da procura dos consumidores que se mantém inalterada. Uma vez que os lucros decorrem das condições do mercado é inútil e estúpido atribuir-lhes qualificativos morais como “injustos”, “excessivos” ou “escandalosos”.
Expropriar as empresas de energia dos seus lucros neste contexto é desincentivar a busca de soluções alternativas para fazer face à procura existente e só ajuda à manutenção de preços altos em prejuízo sobretudo dos consumidores com menores rendimentos.
É uma intervenção artificial, absurda e contraproducente por parte do Estado nos mecanismos automáticos naturais de ajuste entre a oferta e a procura. É uma sabotagem e desvio de riqueza para aumentar a cobrança de impostos, colocando mais dinheiro no orçamento gerido por políticos e burocratas não eleitos, prejudicando o bem-estar geral dos portugueses.
A morte e os impostos são das poucas coisas que podemos tomar como certas. Em Portugal, além disso, é certinho que aquilo que é apresentado como provisório e excepcional, se torna definitivo e permanente. E no nosso país temos uma quarta certeza: o que no início é para aplicar apenas a um grupo restrito de alvos acaba por se generalizar transversalmente a todos os sectores e actividades.
Portanto, se o governo, o presidente da república ou algum político disser ao leitor deste blog que um novo imposto incidirá apenas sobre as empresas de energia que estão a ter neste momento lucros mais elevados, fique sabendo que o estão a tomar por parvo. Estarão a mentir com todos os dentes que têm. E segure bem a sua carteira porque a conta vai sobrar para si.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
O erro de “impor” o liberalismo reduzindo impostos
Imposto é roubo! A subtracção de propriedade alheia contra a vontade da pessoa alvo desse acto, é uma violação de um princípio ético fundamental. O facto de a legislação o permitir e a sociedade se ter organizado em torno do estado para praticar o roubo fiscal, não legitima a prática de extorsão, mas apenas absolve o criminoso.
E, se em Portugal, ainda não chegamos à apropriação de 100% do produto do nosso trabalho qual a percentagem de carga fiscal que permitiremos que os políticos nos imponham sem nos vermos a nós próprios como escravos do estado?
A Iniciativa Liberal, que eu saiba, nunca chegou a admitir esta premissa básica e nunca teve como ponto de partida para o seu programa político a ideia de imposto ser roubo. Todavia, até há uns tempos, este partido distinguia-se dos outros pela sua defesa contra a enorme carga fiscal a que os Portugueses são sujeitos e pela defesa da baixa de impostos.
O lema da IL pela redução dos impostos tem-se, no entanto, revelado profundamente ineficaz e, diria mesmo, contraproducente. E por culpa própria da Iniciativa Liberal. Ninguém baixa impostos sem primeiro reduzir a despesa pública. Baixar impostos sem primeiro reduzir a despesa é querer apenas que a transferência das nossas responsabilidades para o Estado seja mais barata.
A Iniciativa Liberal tem um pregão e grita pela baixa de impostos, mas está calada ou fala muito baixinho quando se trata de definir linhas de rumo para a redução da despesa pública de forma permanente e sustentada que vá muito além do caso TAP. O que importaria seria defender a retirada do Estado de inúmeros aspectos da nossa vida, desde logo através de uma redução do âmbito do estado social. Caso contrário, defender menos impostos é, na prática, pedir e defender a manutenção de um estado socialista e uma sociedade estatizada, mas apenas tentando que nos roubem menos.
Se a IL se leva demasiado a sério e acredita que a sociedade se transforma com tentativas de impor o “liberalismo” à força sobretudo por via da redução dos impostos, parece não entender que para preservar a Liberdade, o partido deveria antes ter como bandeira e mensagem fundamental a redução do Estado.
Mas isso seria talvez contra-natura, porque é da natureza das coisas, mesmo para um partido dito liberal, ter por objectivo conquistar posição de poder e influencia, que inexoravelmente leva à mesma vertigem de manter na órbita do estado decisões e opções que deveriam ser devolvidas à responsabilidade de cada pessoa e família, sem controlo ou orientação por parte dos políticos.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Tribunal Constitucional e chinelos de praia
Em Portugal a silly season dura todo o ano. Ainda mais, agora, quando os portugueses estão na expectativa das suas férias e por isso não têm pachorra para reflexões e pensamentos que não seja a árdua tarefa de escolher os seus chinelos de praia.
Por isso passou e passará despercebida a declaração de inconstitucionalidade dos confinamentos e imposição de quarentenas a pretexto da covid 19 decretadas desde Março de 2020 pelo governo e promulgadas pelo presidente da república.
O Tribunal Constitucional veio recentemente dizer em acórdão que essas medidas constituíram uma forma de provação da liberdade total e inadmissível num estado de direito e que essas normas podem considerar-se mais gravosas até do que o encarceramento prisional. O Tribunal constitucional deixou claro que essas decisões do governo de António Costa foram um abuso desprovido de qualquer controlo ou sensatez.
Já poucos se lembram que em Abril de 2020, quando António Costa foi questionado sobre a legalidade das medidas tomadas Governo disse de forma bruta e típica de um tiranete: «Eu também sou jurista e sei a capacidade enorme que os juristas têm de inventar problemas. Felizmente, a realidade da vida é muitíssimo mais prática»; «Diga o que disser a Constituição». (Audio aqui, notícia aqui)
Na mesma altura António Costa disse com o seu habitual sorriso cínico «respeitar muito as dúvidas dos constitucionalistas» e passou a bola para Marcelo. Ora, Marcelo é Professor de Direito e Constitucionalista e enquanto Presidente da República é sua principal função zelar pelo cumprimento da Constituição do país. Não só não o fez, como Marcelo foi conivente com uma flagrante ilegalidade e incentivou na práctica à manutenção de uma inconstitucionalidade.
Em Portugal não existem processos de impeachment a presidentes da República pelo manifesto e grosseiro incumprimento das suas funções. Por isso Marcelo continuará impávido no Palácio de Belém. Quanto ao primeiro-ministro, os tiques de brutamontes político e falta de escrúpulos para se manter no poder são bem conhecidos e, portanto, não há nenhuma expectativa de um acto de contrição e muito menos de demissão.
A Democracia liberal é uma tentativa de proteger a liberdade das pessoas da intervenção abusiva dos governos. Não são os políticos que garantem a liberdade. Nem são as leis que tornam uma sociedade livre. Apenas as nossas atitudes pessoais nos podem proteger destas intromissões ditatoriais do Estado.
Durante dois anos e meio os portugueses foram condescendentes com tudo isto. Por isso, vão agora a banhos e apanhem muito sol, mas não fiquem escaldados quando descobrirem que Democracia e Liberdade são conceitos diferentes e nem sempre compatíveis.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
Famalicão, temos pena
Evitei falar do assunto, mas vou agora fazê-lo. Eu não concordo com os pais de Famalicão. É uma luta sem direcção contra um regime que além de badalhoco mostra orgulho na sua gosma. Agora, que as coisas correram como o regime quis, não me resta alternativa que não a de os apoiar como for possível, mas continuo a discordar da atitude tomada em relação às aulas de Cidadania {sic}.
Parece que os jovens são excelentes alunos e apresentam uma personalidade de quem teve boa formação. Assim, é uma asneira não irem a Cidadania {sic}. Deviam ir e mostrar, em cada uma das aulas, o quão aberrante é a ideia de se preencher horários de professores com esta merda. Deviam levantar questões das que deixariam o professor boquiaberto (hoje em dia é preciso muito pouco, basta perguntar se um homem é aquele ser que tem um pénis). E, como cereja em cima do bolo, deviam contrastar as notas de 5 com um 2 ou, melhor ainda, com um 1 a esta carnificina mental de e para deficientes mentais (não é insulto, é diagnóstico).
Lamento que não o tenham feito. Teriam sido as notas de sonho para qualquer pai decente. Mesmo assim, com a oportunidade perdida, quero ver quem vai ser o funcionário da máquina que se arrogue o direito de manter a guarda dos jovens durante o tempo lectivo. Mais depressa me apanhariam a fazer amor com um porco em directo na televisão (pode ser artístico, se o porco for bonito e sensual) do que neste papel imundo que não sai com água do duche.
Só mamam e eu quero que mamem outros
A propósito dos dois últimos posts — uma expressão recorrente que se arrisca a uma cardinalidade crescente em homenagem a todos os números naturais —, alguém levanta o problema recorrente que consiste em “mamar na teta do estado”. É, realmente, uma questão séria para todos os liberais. Tão séria que até merece que deputados que se denominem liberais considerem abdicar de prestações pecuniárias para que não sejam vistos como seres mamadores da tão concorrida teta estatal. Isto porque, meus amigos, nós não somos de hipocrisias: apesar de não ser mamar, pois é a execução de um trabalho, de uma função essencial à democracia e a outras coisas bonitinhas sem qualquer significado que a malta regurgita alegremente do vasto pasto de clichês regimentais, poderia ser confundido com um cantor pimba qualquer, que vai ali cantarolar umas coisas sobre só levar no pacote (mensagem ecológica) ou enfiar na garagem da vizinha (cooperação estratégica e planeamento rodoviário para melhor fluxo de trânsito nas congestionadas cidades).
As câmaras municipais torram dinheiro dos contribuintes, disso não há dúvidas. Bem, há algumas dúvidas, mas são conceptuais, nomeadamente sobre se o dinheiro é dos contribuintes mesmo. Se uma árvore é roubada na floresta e continua a eleger os mesmos ladrões, será que foi mesmo roubada? — já questionava o velho dizer zen. Mas vamos admitir que torram. Torram então em maravilhosas edificações como piscinas municipais (por acaso estão encerradas para obras desde o dia em que foram autorizadas a abrir mal passou a tormenta da pandemia que passou a matar mais pessoas quando acabou do que durante — devem reabrir lá para… é este século, de certeza). Mas também em gimnodesportivos para idosos, parques de chuto com áreas de “arte” “urbana” (aquela que consiste em “Júlia, deixa que te vá ao pito” seguida da resposta “Quero tatuar o teu nome no anus, Fred Grosso”). Isto sem esquecer as maravilhosas rotundas com calhaus de diamante (pelo preço) a enfeitar e que representam a opressão do proletariado pelos russos portadores de monkeypox. Ou até sem esquecer os procedimentos lindos como compensar a autarquia por parcela de terreno não cedido sem que tal tenha sequer sido solicitado — foram 5000€ aqui do Gervásio só para não se armar em latifundiário de terreno previamente devoluto, fora as restantes taxas.
Consta também que pagam a músicos para entreter as populações. Alguns de gosto duvidoso, outros bem fixes, enfim, uma miríade de mamadelas de teta completamente diferentes das mamadelas da deputação nacional (diferentes porque os músicos efectivamente conseguem entreter alguém, mesmo sem estarem nas televisões 24 horas a mostrarem que qualquer corte precisa de bobo). Ou seja, de todo o dinheiro torrado pelas autarquias, aquele que é gasto com artistas é o que realmente pode originar satisfação dos habitantes locais.
Temos que acabar com isso. No próximo ano, quando chegarem as festas de Verão da vila, a autarquia deve contratar um deputado que entretenha com o seu discurso sobre a beleza que é viver em Lisboa, ser reconhecido na rua e participar em marchas de orgulho da supremacia gay. É o que vai cair mesmo bem com as farturas e o algodão doce.
Costa e os fogos: mentiras, palermices e irresponsabilidade
O sem préstimo do nosso primeiro-ministro já fez o paralelo entre a gestão da época de incêndios e a resposta do governo à epidemia covid. A estapafúrdia ideia da prossecução de uma política de “covid zero” tem de facto semelhanças com a espécie de slogan que alguns dirigentes da Protecção Civil persistem em manter de um “Portugal sem fogos”. É uma aberração, é contraproducente e nas palavras do arquitecto paisagista Henrique Pereira dos Santos um “Portugal sem fogos” é uma ideia criminosa.
António Costa não tem nenhum sentimento de culpa moral ou responsabilidade política pelas tremendas falhas dos vários organismos públicos na protecção e socorro às vítimas de Pedrogão. Nos incêndios de 2017, perante a tragédia resultante da incúria e inépcia do Estado, um ajudante político de António Costa ainda ensaiou a narrativa de que as dezenas de mortes naquela estrada fatídica se tinham ficado a dever à curiosidade das próprias vítimas em ver o fogo. Mas a única coisa que sempre preocupou António Costa foi a sua popularidade e, sobretudo, isentar-se e proteger-se de lhe serem assacadas responsabilidades políticas. Costa aprendeu o truque e este ano já culpou por antecipação os Portugueses pelas tragédias que possam vir a acontecer. Abanando a sua manápula sapuda disse: “Só não há incêndios se a mãozinha humana não provocar incêndios”. (vídeo)
Curiosamente há 5 anos o Director da PJ não só disse que tinha sido um raio de uma trovoada seca a provocar o incêndio de Pedrógão, como a Judiciária tinha até encontrado a árvore onde o dito raio tinha caído. Mas independentemente disso, o que Costa disse sobre a «mãozinha humana» é pura mentira como se confirma facilmente consultando os dados oficiais.
Há anos que o gestor ambiental e florestal João Adrião e o já citado arquiteto paisagista nos explicam de forma fundamentada e clara que uma política assente na tentativa de eliminar as ignições é uma palermice pegada. O que conta verdadeiramente para diminuir a ameaça dos incêndios à vida e património das pessoas é gerir o matagal, ervas e ramos que servem de combustível. Mas esses trabalhos de limpeza e gestão são realizados por pastores e resineiros que nada contam em termos de votos nas eleições. Por isso os socialistas preferem fazer números de circo que são populares num país como o nosso que prefere uma ilusão de segurança à responsabilidade da liberdade. Mais uma vez, António Costa atropela a Constituição, com a cumplicidade do Presidente da República e da generalidade dos partidos, e decreta administrativamente restrições à liberdade das pessoas e a direitos fundamentais dos indivíduos em vez de criar os incentivos económicos certos para que os anónimos que cuidam da terra façam o trabalho que mais falta faz à sociedade.
Quem fica a arder é a Liberdade. E o país.
O meu vídeo de hoje, aqui:
Urina na caverna ou o primeiro crítico segundo Mel Brooks
O meu último post originou um comentário curioso.
Rui Veloso parece-me mais um Tony Carreira para betos.
É curioso porque porque não sei quem é o vilão da frase. Serão os betos? Será o Tony Carreira? Será o Rui Veloso? Soa-me a uma comparação em tudo idêntica a “António Costa é o xerife de Nottingham dos esquimós”; ou ainda a “Cristiano Ronaldo é o Michael Jordan dos manetas”.
Como em Portugal é costume dizer mal de tudo, principalmente por aqueles que não metem o pescoço no cepo para apresentar alguma coisa, expondo-se o seu trabalho a um desdém pelos que em nada se sujeitam à humilhação pública, este tipo de frases sai constantemente, como um incentivo a que qualquer pessoa criativa se entregue mas é ao silêncio. Aquilo que vulgarmente se designa como pérolas a porcos.
Nunca estive num espectáculo em que não aplaudisse efusivamente os intervenientes. Eles estão lá em cima, num palco, a dar o seu melhor, e eu quero mostrar-lhes que aprecio o esforço, a dedicação e a coragem de se apresentarem em público. Tanto faz serem os Rolling Stones como a banda de garagem com instrumentos desafinados. Eu não tenho que gostar, mas aprecio o empenho e sinto obrigação moral de aplaudir alguém que, no mínimo tenta, em média consegue, comunicar com alguém. O Tony Carreira é um excelente intérprete. É um caso de sucesso, por mérito próprio, quer no cuidado com a produção, quer na capacidade de fidelizar um público que aprecia imensamente o seu trabalho. Não é tipo de canção que vos atrai? Não tem mal, mas escusais de desdenhar aqueles a quem as canções de Tony Carreira algo dizem.
Às tantas, se passássemos mais tempo a aplaudir o esforço dos que conseguem, de facto, tocar pessoas anónimas com o seu esforço, e menos a afagar o nosso ego sobranceiro de crítico, o país não seria a trampazinha que é. Até porque, já se sabe, quem sabe fazer, faz; quem não sabe vai para crítico ou professor.
Je suis Tony Carreira. E a parte do beto dou completamente de barato.
Volta ao lugar onde foste feliz
Ontem assisti a mais um concerto do Rui Veloso. É sempre extraordinário, mesmo quando as condições técnicas não são as ideais — o homem passou todo o Porto Covo a afinar a Duesenberg Mike Campbell que quase nem foi usada (mesmo assumindo que estava bem afinada e ele decidiu baixar o tom para mi bemol, seria de esperar haver um briefing com o staff para prevenir estas coisas). E é extraordinário por dois motivos: começando pelo segundo motivo, é a banda. Poderia sublinhar qualquer um, da fabulosa subtileza eficaz da bateria ao piano do Rúben Alves, passando por todos os outros em palco, mas tenho que destacar um: Alexandre Manaia, com a sua t-shirt “Mingos e os Samurais”, nunca fazendo esquecer através das suas PRS e Guild que em 1990 “the grass was greener” e “the light was brighter”. Quem não quereria na sua banda um tipo que sabe complementar sem assassinar, que brilha precisamente por não tentar brilhar? O que me leva ao primeiro motivo: as canções.
É uma piroseira, em Portugal, dizer bem de alguma coisa. A gente quer é dizer mal de tudo, do que efectivamente está mal, mas sobretudo daquilo que nós, à parolo, temos a percepção de que “não está mal mas eu faria melhor, só teria que aprender a escrever, a compor e a tocar um instrumento”. As canções são imortais e, por muito que formalmente pertençam à dupla Carlos Tê/Rui Veloso, na realidade são de todos nós, os quase velhotes que as sabemos de cor e salteado e que, nem que quiséssemos – mas não queremos – conseguiríamos retirar da banda sonora da nossa juventude, de uma era em que tudo eram promessas, optimismo, a certeza de que para a frente tudo seria melhor. Dezassete anos separam-me do Rui Veloso, mas não consigo imaginar conhecer o homem e não o tratar por tu. É que uma parte dele, não a do homem mas a do músico faz parte do meu cérebro. Em parte é como se vivesse também ali, num cantinho de onde nunca saíra. Ao lado dele estão as letras do Carlos Tê: eu sou o gajo que ainda vibra e há-de vibrar com rimas como as de Mandrakes com almanaques. Podia referir coisas consideradas maiores, como algo de “a gente não lê” ou “regras da sensatez”, mas serão sempre as coisas pequeninas, os detalhes, que se fixarão no meu cérebro confuso de teenager de meia-idade ou de velho precoce e impertinente.
Perdemos a capacidade de nos fascinarmos. Como tal, perdemos a capacidade de reconhecer as maravilhas que nos rodeiam e as que já estão embrenhadas na nossa psique. Talvez porque passamos demasiado tempo a mostrar aos outros nas redes sociais que nos divertimos em vez de nos divertirmos, ou talvez porque o país é só promessas e zero concretização, uma morrinha desinteressante em que a cultura é um mero acessório do poder político para a promoção de uns chatos sem nada a dizer. Pelo menos, sem nada a dizer sobre mim e sobre os que me rodeiam.
Enfim, a haver uma tragédia nacional é a de Carlos Tê não estar virado para novos discos. Pelo que li numa entrevista, já não acredita no poder de relevância da “música ligeira”. Está errado. Daqui para a frente não parece haver nada que nos salve que não a música. E ninguém documentaria melhor os tempos que ficarão perdidos no registo histórico como o de um buraco negro de Teslas, Facebooks e gadgets do que a dupla Tê/Veloso. E pronto, dificilmente deixaria a minha portugalidade evidente sem uma crítica: é essa, a de que ainda teriam muito a dizer. Vejam lá se conseguem resolver essas diferenças que há aqui gente do outro lado à espera enquanto na rádio passa aquela “música” computadorizada sem qualquer resquício de alma.
Suspendo por breves minutos a aposentadoria bloguista, como a avó embevecida pelos elogios às saudosas rabanadas que se levanta, orgulhosa, para queimar um lote de frituras perante a misericordiosa anuência dos netos ao reconhecerem que os intragáveis torresmos são efectivamente os únicos que merecem o título de rabanadas a sério. Sabeis então, caríssimos leitores, que ireis comer carvão adocicado no caso de manutenção de convicção de leitura para o parágrafo seguinte.
O governo holandês quer impedir os agricultores do seu país de produzirem para que, com isso, demonstrem não sei bem o quê a não sei bem quem. Parece ser algo relacionado com óxido de nitrogénio, portanto, é uma senha persecutória do governo holandês à natureza para defesa desta. Como qualquer indivíduo abusivo que espanca a mulher para o bem dela. Aliás, todas as ações governamentais para “salvar o planeta” podem ser assim resumidas: a salvação do planeta consiste num soco bem dado nas ventas dos humanos. Viveríamos todos melhor se deixássemos de querer salvar o planeta, mas parece que mais vale um planeta salvo sem dentes do que um planeta saudável com dentes ou, acabando com a analogia já demasiado lateral para o mundo básico da inginheirada e economizada que nos evidencia ser necessário defender o aborto com unhas e dentes, “com carbono”.
A polícia manda uns tiros, e está resolvido o problema. Havereis de ter menos gado: comei merda. Merda esta que parece ser o problema ambiental identificado pelos especialistas. É o que se chama a ciência de “olhar-se ao espelho”, o que não surpreende, pois não há mais nada, só um bando de exibicionistas que acumulam a idiotice com o desejo da imprensa em ser a criadora da escala da cretinice “ocidental”.
Agora vou fazer rabanadas, enquanto há pão. A continuar assim, nem gado nem cereais nem vegetais haverá para comer — o que até me parece bem, pois um especialista no espeto poderá ser uma alternativa que mata dois coelhos com uma cajadada só.