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O engodo estatal da habitação acessível

9 Março, 2022

O Estado é proprietário de um vastíssimo parque de terrenos e edifícios que estão devolutos ou abandonados, alguns há várias décadas. Em 2019 o governo, finalmente, lá decidiu tentar arranjar uma solução para rentabilização destes imóveis que, pelo menos em parte, passaria pela sua venda.

O Estado é um péssimo senhorio e esta iniciativa seria apenas uma forma minimamente decente de acabar com a delapidação do património, uma tentativa de indemnizar os contribuintes pela perda de valor dos activos e uma forma de terminar com o empate de dinheiro de impostos retirados aos portugueses em coisas sem qualquer utilidade.

Mas logo veio o Bloco de Esquerda, partido que se notabiliza por ser frequentado por políticos intelectualmente desonestos e manipuladores mal-intencionados, e convenceu facilmente o ministro Pedro Nuno Santos (uma espécie de infiltrado bloquista no governo) a reverter essa decisão. Por isso, em vésperas das últimas eleições autárquicas o Conselho de Ministros mudou de opinião e decidiu afinal atribuir a um instituto público a tarefa de desenvolver o que chamou de “soluções habitacionais” em vários destes imóveis.

É assim que por exemplo no Porto, com surpreendente apoio da autarquia local (supostamente não-socialista) mais dinheiro dos contribuintes vai ser enterrado em vários edifícios militares há muito sem uso para, dizem, criar habitação acessível.

Ora, sabemos que o ministro Pedro Nuno é contra a redução da carga fiscal no imobiliário porque acha que isso não é solução para aumentar a oferta ou permitir preços das casas mais baixos e diz que os malvados dos promotores privados só constroem empreendimentos de luxo porque é o segmento de mercado onde há procura. Acrescenta também o radical governante que a razão do atraso do país no sector da habitação é a falta de mais Estado.

Os portugueses que acreditam nestas teorias delirantes parecem sofrer de dissonância cognitiva ao atribuírem culpas aos agentes errados e quererem resolver os problemas com a sua causa. Assim é por exemplo quando o povo se queixa do elevado preço das casas e da falta de habitação acessível. Num apartamento que se venda por 170.000€ o Estado abarbata ao longo de toda a cadeia de valor da promoção imobiliária mais de 70.000€. Ou seja, o Estado mete nos seus cofres 40% do valor de venda das casas, mas muita gente atribui esta roubalheira à ganância dos promotores imobiliários.

A acessibilidade do preço da habitação não se decreta por lei nem os custos de construção baixam através de varinhas mágicas, como julgam os líricos ou ignorantes governantes e autarcas. Enquanto o Estado não abdicar da brutal carga de impostos que faz incidir sobre um sector onde necessariamente há grande volume de investimento (e por isso apetitoso para cobradores de impostos), os promotores privados apenas conseguem ter um mínimo de rentabilidade vendendo casas a gente rica ou a estrangeiros.

A enorme carga fiscal, a gigante burocracia e regulamentação e a incerteza jurídica e legal no sector, são um enorme travão ao investimento em habitação para a classe média e baixa porque tornam o custo final da construção superior ao preço de venda que os cidadãos podem pagar, embora haja (ao contrário do que diz o ministro) muita procura para este segmento residencial.

Sucede que enquanto o Estado continuar a distorcer o mercado, desalinhando a oferta da procura com sucessivos incentivos e desincentivos artificiais o tema da habitação serve para o debate político, mas não dá casa aos portugueses.

O meu vídeo de hoje, aqui:

Ide mas é meter gasóleo 25 cêntimos abaixo do preço daqui a 15 dias em vez de lerem isto

9 Março, 2022

Às vezes pergunto-me porque escrevo coisas, seja nas redes sociais, seja neste espaço, seja para ficar na gaveta. Algumas pessoas têm uma resposta bastante prática, se bem que pueril, para esta questão: porque se sentem particularmente vocacionados para educar os outros; para mim, a resposta foi sempre uma: para deixar aos meus filhos um registo daquilo que pensei, para que concluam, num futuro após a minha passagem, que o pai pensava como uma besta ou como um tipo fixe. Admito perfeitamente que seja a primeira opção, mas estou certo que, sendo qualquer uma delas ou suas variantes, será sempre acompanhada da referência “nem parecia um homem do seu tempo”, mesmo que isso indique que o meu tempo por eles percepcionado seja o de Cro-Magnon.

Os custos de escrever coisas fora da caixa começam a acumular. Nunca se sentiu tanto o desejo da turba em ser amada pelo maior número de pessoas possível. Dos emojis aos beijinhos a despropósito em emails, somos uma sociedade que precisa mostrar que pensa em barda como se fosse uma única mente unificada. Porventura, pensar aquilo que lhe é dito ser o correcto, seja pela “ciência” (que agora designa tudo que seja hubris), seja pela televisão onde a consomem.

Fact-checkers: inventores de narrativas que criam factos e zeladores que invalidam os factos criados pelos concorrentes assim como da própria realidade

Em “Infinite Jest”, David Foster Wallace mencionou um filme que entretem tanto que é viciante, tão viciante que faz pessoas perderem interesse em tudo o resto, levando inevitavelmente à morte. Kurt Cobain escreveu uma linha que poderia ser o seu epitáfio: “here we are now, entertain us”. A Brigid Delaney, no Guardian (sim, sim, uma vergonha, o Cunha lê merdas da esquerda e depois vira comunista a apoiar o Putin com amor e fervor em vez de amar o bailarino-comediante testa-de-ferro que está a conduzir ucranianos ao martírio enquanto clama pela guerra mundial), elabora sobre o tema de forma bem superior à que eu seria capaz: David Foster Wallace was right – even in paradise we need the internet.

Hoje, com o mundo todo a fingir-se de virgem ofendida com a invasão da Ucrânia, tratando ucranianos como todas as outras coisas com se tem vindo a fingir de virgem ofendida — “é o racismo!”, “é o dia da mulher§”, “é igual casar com uma mulher ou com um pelotão de infantaria, para não dizer com logo com três caniches e um elefante” — é virtualmente impossível encontrar tipos como eu, que não adaptam o que pensam ao que nos dizem que fica bem pensar. Inamovível desde o início, mas não imune ao vício de pontificar como diluição entre entretenimento e uma bizarra moral, vou ficando sozinho no meu cantinho sem a necessidade do amor de estranhos.

Whoever you are, I have always depended on the kindness of strangers. — Blanche DuBois

Quando comecei nestas vidas, metade das pessoas era contra o casamento gay; números tão elevados como 2/3 seriam contra a adopção por casais do mesmo sexo. Hoje toda a gente, do Papa ao seu marionetista, é a favor da eutanásia, a começar, aparentemente, pela dos russos. Presos a noções tão desfasadas no tempo como socialismo ou liberalismo, caminham alegremente para um feudalismo teocrático que tem como bispos indivíduos como Elon Musk, Zuckerberg ou Bezos. As sanções ridículas de outrora são agora abraçadas num deathwish que Wallace e Cobain já ilustraram e apenas olhando para televisão, num tempo em que a internet era quase inexistente. Tivessem durado o suficiente para conhecer a internet de 2022 – que é tudo, incluindo qualquer transacção bancária – e suicidar-se-iam com a certeza do absurdo.

Deus morreu no ocidente, sem qualquer dúvida. Mas as religiões, essas nunca foram tão dominantes como agora, principalmente a do mundo jacobino, ainda sem nome. Provavelmente sem nome durante o tempo que durar: se não tem nome é porque não existe, dirão. Pelo contrário, a ausência de nome é garantia da aceitação da doutrina sem reservas.

Tudo isto para dizer que pouca diferença faz se esta é a IIIª Guerra Mundial ou se é a próxima. Se sobrevivermos agora estamos condenados a destruir-nos com entretenimento. O mesmo que nos cola à televisão agitando bandeiras amarelas e azuis nos perfis que o Zuckerberg nos concedeu para que alimentemos o vício que temos pela antecipação da nossa morte.

§ O dia da mulher é das coisas mais abjectas que nos lembramos celebrar, ao nível do “mês da cultura negra” ou de qualquer outra treta que nos tente formatar de forma subliminar que, sem a sua celebração, seria perpetuada a menoridade do celebrado; no mundo moderno até levanta a questão do que é ser uma mulher pela horda de chanfrados que subsistem, graças aos avanços tecnológicos, como membros da espécie desafiando Darwin.

É sempre o messias errado

8 Março, 2022

Tão cegos com o palhacito armado em Rambo, respondendo a perguntas tão bacocas como se vale a pena morrer pelo país – qual? Este, que compra gasolina em marcos? –, o tuga segue alegremente o lema de que uns traços num mapa valem mais do que a vida das pessoas. Ninguém quis saber da Ucrânia, entregue a um conflito interno há quase uma década, para mencionar apenas o último, até que as milícias das suásticas lhes venderam a ideia bizarra de que autodeterminação de um povo está relacionada com pertença a um clube de burocratas e ao exercício de humilhação ao maior país do mundo.

A primeira obrigação do vencedor de uma guerra é assegurar que o perdedor não sai humilhado. Isso dá-se no 9º ano. E se não dá, devia ser dado, mas isso diz mais sobre a falta de qualidade do ensino do que sobre a tendência em emprenhar pelo ouvido qualquer palermice avançada nas televisões, que é só uma consequência da primeira.

A primeira função de um governante é assegurar a segurança dos governados. Zelensky está a arrastar os seus para uma carnificina. Pouca diferença faz se uma pessoa morre convencida de que tem razão ou se morre obrigado com uma arma estrangeira na mão. Apoiantes do indivíduo em questão, em terras longínquas como a nossa, seriam, como sempre, os primeiros a apresentarem-se perante o pelotão de fuzilamento caso a estratégia de aniquilação do povo ucraniano funcionasse. Mas mal seria se alguém aprendesse alguma coisa neste mundo desprovido de Deus.

Deixo os comentários abertos aos diferentes Rambos de sofá que têm o Braveheart como filme preferido.

24 de Fevereiro de 2022

7 Março, 2022

A Rússia invadiu a Ucrânia. À tarde, natação.

Brinco, claro, 

plágio kafkiano atrevido e bem sonoro,

piadinha sem graça temperada com cloro.


As partes, por cá, parecem bem delimitadas:

meia dúzia de literatos distraídos,

sem dúvida pertencentes ao luso escol,

estão pelo Império Russo que veneram,

a pátria de Turgueniev e de Gogol.

Outras saudosistas personagens, 

encurraladas numa ideologia caquéctica,

importaram do ecrã o “Adeus, Lenine!” 

e apoiam a Moscovo soviética.

O terceiro grupo, gigantesco, é o dos guerrilheiros de sofá:

forte, corajoso e suportado por um infalível plano, 

está disposto a lutar contra a Rússia até ao último ucraniano.

Ucrânia e dissidência de opinião

2 Março, 2022

A invasão ilegal e criminosa da Ucrânia por parte de Putin revelou não só a coragem do Presidente Zelensky, como agregou grande parte do mundo em torno da única posição que uma pessoa decente pode tomar em relação a este conflito, que é a de condenação absoluta da agressão perpetrada pelo presidente da oligarquia russa e de solidariedade total para com o povo ucraniano.

A partir daqui a gestão política da crise, e em especial as respostas que os países da NATO devem dar à situação, não é evidente, nem trivial, nem isenta de discussão ou crítica.

Todavia, dos decisores políticos e em grande parte da opinião pública nacional, parece haver tendência para cometer de novo um dos principais erros cometidos durante a agora temporariamente defunta pandemia de covid, que é o de considerar imoral qualquer opinião divergente, desonesto propor acções alternativas ou escandalosa qualquer dúvida ou cepticismo que se possa ter em relação às narrativas do governo ou discurso dos inúmeros especialistas que dão opinião nas televisões e redes sociais com o mesmo tipo de certezas e bazófia dos epidemiologistas da DGS.

Um recente sinal da continuação desta mentalidade tacanha e fascistoide foi o anúncio feito pela presidente da comissão europeia de que os governos irão proibir o acesso na Europa aos meios de comunicação social controlados pelo Estado russo e que os governos europeus vão desenvolver ferramentas para banir aquilo que considerem desinformação e propaganda russas.

Ora: não há puros nem santos, nem na Rússia nem na Ucrânia. E, que eu saiba, a comissão europeia não recebeu a graça da unção divina de ser zelador e definidor do que é a Verdade, una e completa.
A barbaridade desumana de Putin não isenta as populações e a opinião pública em geral da responsabilidade de analisar criticamente as opções e decisões políticas que afectam ou podem afectar directa ou indirectamente os países e, em particular, as suas famílias. Como aliás não autoriza a comissão europeia nem nenhum governo a tratar os seus cidadãos como burros, crianças ou incapazes.

Os nossos interesses e sobretudo os nossos valores civilizacionais, especialmente em cenários de confronto envolvendo potências nucleares e líderes sem escrúpulos, não se defendem nem compadecem com reacções epidérmicas sinalizadoras de virtude, manifestações de suposta superioridade moral e muito menos com exibição de valentias expondo terceiros aos seus riscos.

Ponderar as consequências das acções e ter humildade de reconhecer que nem tudo se pode antecipar não é tibieza, mas apenas poderá fortalecer e tornar mais robustas as decisões que se venham a tomar. É respeitar quem está a morrer e quem pode ser vítima.

Se nos insurgimos contra uma clara violação do direito internacional e da democracia com a invasão russa da Ucrânia, não é esquecendo os princípios de tolerância democrática e convivência com a pluralidade e dissidência de opinião no nosso país que ganharemos a guerra.

O meu vídeo de hoje, aqui:

O síndroma do bicho da seda

27 Fevereiro, 2022

Hoje no Observador escrevo sobre a nossa civilização casulo:” Podemos agora amaldiçoar Putin mas ele apenas se aproveitou das fragilidades a que nós mesmos nos conduzimos. Durante décadas construímos uma civilização-casulo. Ou seja um mundo suficientemente rico para pagar a outros para que não o ataquem. Mesmo agora em 2022, se Putin se tivesse “limitado” a apoiar militarmente a criação das repúblicas de Donetsk e Lugansk, seria muito provavelmente o convidado de honra da cerimónia de inauguração do Nord Stream 2. Tanta imprevidência nesta Europa foi possível porque as reputações constroem-se a partir de discursos sobre as intenções e não sobre os factos. “

Até quando?

26 Fevereiro, 2022

80 anos depois a URSS em construção

25 Fevereiro, 2022

Capa da revista URSS EM CONSTRUÇÃO, 1940: Ucrânia e Bielorrúsia

Mas tudo passa, já dizia o Nelson Ned, que ele próprio já passou

25 Fevereiro, 2022

Agora somos todos Ucrânia. Não falta quem não sinta no seu âmago a mais profunda identificação com os oprimidos longínquos, conjugando a dor pelos outros com a condição de aceitação de que entidades como a DGS emitem normas para cumprir. Às vezes pergunto se somos todos Portugal. Rapidamente constato que sim: ser Portugal é sentir as dores dos outros, porque sentir as nossas próprias poderia ser demasiado perturbador.

Isto é para rir ou para chorar?

24 Fevereiro, 2022

“O PCP sublinha, ao mesmo tempo, as declarações de Putin que, refletindo a posição da Rússia como país capitalista, desferem um ataque à União Soviética e à notável solução que esta encontrou para a questão das nacionalidades dos povos e suas culturas”

Tensão na Ucrânia e orgulho para Portugal

23 Fevereiro, 2022

Apesar de tudo, os Portugueses ainda vão tendo motivos de orgulho e o mundo não seria o mesmo se não tivéssemos um conterrâneo a liderar as Nações Unidas. António Guterres é um secretário geral da ONU “excecional” e representa “tudo aquilo que prestigia Portugal no mundo”, pelo menos é esta a opinião do Presidente da República, um septuagenário que se notabilizou por dar frequentes entrevistas semi-nu para a televisão enquanto seca a água das nádegas depois de mergulhos no mar.

Depois da sua assolapada paixão nacional pela educação, Guterres dedicou-se às melhores causas internacionais, próprias das miss-mundo urbano-beatas: do feminismo e anti-racismo, às alterações climáticas que nas palavras do nosso ex primeiro-ministro era a “mais importante e imediata ameaça à vida humana”. Isto até aparecer a covid 19. Aí Guterres passou a achar que o clima podia afinal esperar e que a Humanidade deveria passar a ter “apenas uma luta”: o “combate” à covid 19, numa espécie de fantasia quixotesca para sinalizar virtude e enganar simplórios. Chegou até a recrutar 110.000 “influencers” para espalhar nas redes sociais aquilo que considerava ser a sua verdade, certa e conveniente, sobre o vírus e a doença.

António Guterres nunca foi bom a aritmética nem em contabilidade pelo que o que pagou a esta rapaziada não lhe perturbou o sono. Assim como continua a dormir tranquilamente acumulando a pensão vitalícia superior a 4.000€ mensais paga pelos contribuintes portugueses ao seu salário anual de 200.000 euros de alto-dirigente da ONU, organização que por sinal sofre de seríssimas dificuldades financeiras.

Mas o que gostaria mesmo de destacar nesta crónica é que nas últimas semanas e dias ficou cristalino o papel absolutamente fundamental de Guterres e da ONU para garantir a paz na Ucrânia. Como se viu, nenhum líder político mundial deu algum passo ou fez alguma diligência sem consultar previamente Guterres. Os chefes de estado estiveram todo este tempo expectantes acerca do que António teria a dizer ao planeta. E Guterres não desiludiu: declarou-se “profundamente preocupado” com os acontecimentos.

Esta tensão entre a Rússia e a Ucrânia é mais um episódio que avoluma o número de pessoas que se questiona sobre se a ONU serve hoje algum propósito relevante e práctico no mundo das relações internacionais. Mas pelo menos ficamos com certezas acerca da utilidade de Guterres.

A minha crónica de hoje, aqui:

O PCP não apoia Putin, está muito para lá de Putin

23 Fevereiro, 2022

Sessenta anos depois Estalinegrado vive. Onde? No Avante. José Diogo Quintela leu o Avante e descobriu que A nostalgia de Putin pela União Soviética só tem par na saudade que o PCP sente desses tempos gloriosos. Saudade que, apesar de tudo, ainda vai sendo mitigada através das viagens que organiza e anuncia no Avante!, como descobri no exemplar que comprei. Por exemplo, em Maio prepara-se uma excursão a Leninegrado e, em Novembro, a Estalinegrado. Note-se que Leninegrado não se chama assim desde 1991 e Estalinegrado desde 1961.

O extraordinário caso do homem que se esqueceu de si mesmo

22 Fevereiro, 2022

O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), manifestou-se contra a autorização de filmagens na zona durante “oito noite seguidas”, do próximo mês de Julho, por considerar que penalizam o direito ao descanso e a mobilidade dos moradores: “São filmagens nocturnas que implicam fecho de quarteirões, de ruas inteiras, alterações de tráfego, que implicam ruído, cenas de tiros, carros a bater, perseguições de motos em escadas, que achamos muito difícil de concretizar (…), até pelo mau exemplo que darão às pessoas, portanto estamos preocupados”.

Miguel Coelho deve preocupar-se mas é com a sua memória. Então ele esqueceu-se que os executivos socialistas da CML queriam tanto filmagens em Lisboa que criaram a Lisboa Film Comission para captar filmagens para a capital? E adivinhe-se qual foi a freguesia onde aconteceram mais filmagens? Santa Maria Maior!!!! Nada mais nada menos que 119 pedidos de filmagens foram contabilizados para a freguesia de Santa Maria Maior

Vá o senhor Miguel Coelho ao site da CML/ Lisboa Film Comission e encontra lá toda esta informação. várias.

O que mudou agora? Ou Miguel Coelho está amnésicou ou simplesmente estamos perante mais um caso de demência socialista portuga.

Não sei nada de linguagem corporal mas acho que isto resume a situação Rússia-UE

20 Fevereiro, 2022

Regionalização, a golpada que se segue

20 Fevereiro, 2022

Hoje no Observador trato da golpada que se segue à do voto dos emigrantes: transformar a regionalização num facto consumado a que só falta o sim dos portugueses num referendo protocolarAgora os protagonistas não são figuras secundárias dos partidos mas sim um primeiro-ministro incapaz de reformar o Estado mas desejoso de deixar uma marca do seu exercício; um presidente da República sem margem de manobra e um PSD que conformado com a sua condição mediana.

Como é que isso se faz? É simples, basta seguir o guião traçado pela presidente da Associação Nacional de Munícipios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, no Expresso. Está lá tudo.

O estado de anormalidade mantém-se nas escolas

18 Fevereiro, 2022

As crianças vão continuar a ser obrigadas a usar máscara. Mas não só. Como a Susana Peralta denuncia as escolas estão a viver em estado de excepção, um verdadeiro estado de anormalidade: «Desde setembro de 2020, temos o funcionamento por bolhas, os horários desfasados, os sentidos únicos de circulação nos corredores, as refeições em take-away, os lugares de refeitório separados por acrílico, a interdição de entrada de mães e pais no recinto de creches, entre outras regras. Talvez a restrição com maior custo seja manter os alunos na mesma sala de aula durante quase todos os intervalos, assim evitando o convívio no recreio e nos espaços comuns. Em alguns casos, os horários foram comprimidos, para minimizar o tempo passado na escola. Estas regras continuam em vigor? Não é claro.»

Isto é uma “pandemia” de casos assintomáticos

18 Fevereiro, 2022

Nunca se viu algo semelhante. O Mundo parou por via da “ameaça” de pessoas assintomáticas a uma doença. Seria de rir se isto não fosse, na verdade, muito trágico. Como foi possível o Planeta inteiro ter embarcado em tamanha mentira sem fundamento científico? Como foi possível deixar destruir toda a Humanidade sob a falácia dos testes PCR, comprovadamente criador massivo de falsos positivos e que não foram concebidos, sequer, para detectar doenças virais? Simples: bastou comprar todos os mass media de todos os países e… voilà!

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O suspeito de terrorismo e o taxista: adivinhe qual feriu quatro bombeiros e dois GNR?

17 Fevereiro, 2022

Uma pista: o destaque editorial é inverso à gravidade dos factos

Inflação

16 Fevereiro, 2022

Os efeitos perniciosos da inflação são cada vez mais visíveis na nossa vida quotidiana, sobretudo para os trabalhadores das classes média e baixa que já sentem diariamente a perda do seu poder de compra e a erosão das suas poupanças.

A inflação real de bens e serviços não substituíveis e que consumimos todos os dias (alimentos, electricidade, combustíveis, rendas de casa) é muito maior do que a variação do índice de preços no consumidor calculado pelo INE e que inclui para efeitos estatísticos serviços e bens que não consumimos todos os dias e cujas compras podem ser descontinuadas e são até geralmente ocasionais, como pex produtos de tecnologia e lazer.

Os responsáveis políticos vêm com a lengalenga de que as pressões inflacionistas são transitórias e temporais, mas mesmo que o crescimento dos preços desacelere, a verdade é que os preços não descem e a inflacção acumulada ao longo dos anos é bem superior aos aumentos de salários no mesmo período.

Mas o aumento persistente da maioria dos preços é uma consequência direta da chamada política monetária expansionista criada durante anos pelos (ir)responsáveis políticos. Há pelo menos uma década que os enormes estímulos monetários dos bancos centrais, ao injectarem liquidez no mercado e manterem taxas de juro baixas, distorcem o bom funcionamento da economia e geram ineficiências na alocação de recursos. Direciona-se artificialmente moeda para ativos relativamente escassos e as estruturas produtivas ficam desajustadas àquilo que o mercado procura.

Depois de dois anos de práctica criminosa dos governos com o fecho das actividades económicas, confinamentos e restrições a pretexto da alucinação colectiva histérica com a covid19, basear a estratégia de recuperação da economia no refinanciamento de dívidas ou distribuição de dinheiro através de bazucas servirá apenas para aprofundar uma depressão futura. Além de que será dinheiro consumido em larguíssima medida pelo próprio Estado se alimentar a si mesmo em circuito fechado.
As contas públicas não melhoram, o PIB desacelera, o déficit estrutural permanece alto e a dívida pública real não desce.

Mas se a esmagadora maioria das pessoas continua borrada de medo com um vírus respiratório e não se coíbe de utilizar crianças como uma ilusão de escudo protector contra uma doença de que já estão supostamente protegidas, menos escrúpulos terão ainda os Portugueses em hipotecar a vida das gerações futuras com mais dívida pública deixando sejam os filhos a pagar o egoísmo hipocondríaco dos pais.

Por isso o inútil Marcelo irá continuar a fazer as suas palhaçadas cantando o Grândola agarradinho ao presidente francês em banquetes oficiais em Paris ou a mudar de cuecas em frente às câmaras de televisão com transmissão em directo. E António Costa irá manter o seu permanente sorriso luzidio e continuar refastelado a gozar a maioria absoluta enquanto prepara a sua saída de cena para outros cargos.

Quem se lixa, somos nós.

O meu vídeo de hoje, aqui:

Claro que sim, vamos ser lá capazes de viver sem a nossa restrição do Inverno, do Verão, da Primavera…

16 Fevereiro, 2022

Peritos sugerem recuperação de restrições no próximo inverno para evitar excesso de mortalidade. Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, alertou para a importância da implementação de algumas restrições durante o período de inverno do próximo ano.

A realidade ultrapassa sempre a ficção

16 Fevereiro, 2022

Un journaliste français du Canard enchaîné aurait été un espion de l’Est. Citant un dossier du StB, les services secrets tchécoslovaques, exhumé par l’historien tchèque Jan Koura, vice-recteur à l’université Charles de Prague, l’hebdomadaire relate que Jean Clémentin, une des grandes plumes du Canard, a espionné pour le compte de ce satellite du bloc de l’Est. Entre 1957 et 1969, «Pipa» (son nom de code) a «remis pas moins de 300 notes, au cours de 270 rencontres en France et à l’étranger. Il a également participé activement – et consciemment – à trois opérations de désinformation, en publiant dans Le Canard enchaîné des articles conçus par la StB», affirme l’enquête. «Il a même été envoyé à Londres et à Bonn (Allemagne) par le service secret dans le but de récolter des renseignements». Le journaliste est actuellement âgé de 98 ans. Il est aujourd’hui protégé de toute poursuite par la prescription.

Querem falar dos actuais cortes nas pensões? Chamem Mário Centeno

15 Fevereiro, 2022

Os empréstimos a 40 anos no crédito à habitação passaram à história. Agora, por recomendação do Banco de Portugal ou seja de Mário Centeno, os empréstimos do crédito à habitação são a 30 anos, logo as prestações vão ser mais altas. Os bancos procuram deste modo garantir que já terão os empréstimos liquidados. no momento em que os actuais contribuintes ou seja os burlados da pax socialista se reformarem com pensões comparativamente muito mais baixas do que aquelas que as suas contribuições agoram pagam.

Et pourtant

14 Fevereiro, 2022

Os novos duques D’Orléans cantam sem máscaras. Ao fundo os criados de máscara esperam.

Os Orléans do nosso tempo cantam revoltas que visaram outros, enquanto mandam reprimir o povo nas ruas de Paris.

De Portugal foi um Presidente falar da emigração do seu povo ao mesmo tempo que cala o desprezo pelo voto desses mesmos emigrantes. Aos artistas da comitiva parece-lhes bem. Ao PR francês em campanha eleitoral idem.

A ler

14 Fevereiro, 2022

Este texto do João Gonçalves sobre o CDS. O JG tem memória e esteve lá, nesse momento de 2013 em que o irrevogável foi revogado e começou a desenhar-se aquilo que João Gonçalves define como “desgraça do CDS”. O João Gonçalves tem razão. Ele estava lá: «Temos de recuar a 2 de Julho de 2013. Recuo com facilidade porque estava lá. Nesse dia, o então líder do CDS, e ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, desligou os telefones e fez saber que estava “irrevogavelmente” demissionário. Depois da comezinha distribuição dos “lugares” a que esse líder deu toda a importância no início do XIX Governo Constitucional, enquanto MNE começou a desenvolver uma espécie de “diplomacia económica paralela”. Alguns membros do Governo da área da Economia que o acompanharam nessa altura lembram-se bem do exercício, do caricato de certas situações. Da América Latina a África, o homem não parava. Mesmo assim, queria a Economia, de que obteve a “coordenação” enquanto vice-primeiro ministro ex-“irrevogável”. O “delegado” escolhido para a Horta Seca era um amável empresário do CDS, que sucedeu a Álvaro Santos Pereira, alguém permanentemente armadilhado no Governo.»

O que mais iremos ver?

13 Fevereiro, 2022

Hoje no Observador pergunto: «O que levou a todo este alarde em torno de um atentado que não aconteceu?João de imediato foi o terrorista. O terrorista para português ver. Não ponho em causa o acerto e a fundamentação da decisão das autoridades policiais mas daí para a frente tudo me parece desproporcionado e insólito.»

E é isto

12 Fevereiro, 2022

Carlos Abreu Amorim hoje no Observador (para quando aqui no Blasfemias?) «Rui Rio nunca escondeu o que queria nem tentou camuflar a sua visão sobre o papel do PSD. Por exemplo, abdicou de lógicas e instrumentos de Oposição esperando que o poder lhe caísse nas mãos por caducidade natural. Pior, aderiu tacitamente à narrativa do PS sobre a superação da crise e calou-se sobre o melhor da história recente do PSD – ter vencido a bancarrota socialista e colocado o país na via do crescimento económico. Ainda assim foi seguido convictamente pela maioria do partido. E isso tem um preço que só agora o PSD começou a pagar.»

Aposto que o miúdo é do Chega

12 Fevereiro, 2022

Pelo que se vai entendendo das publicações em jornais de expressões e jargão desconhecido para a vasta maioria das pessoas, uma pessoa foi encontrada pelo seu IP numa rede que existe precisamente para obscurecer o IP dos seus utilizadores. Isto é o realismo mágico que tanto caracteriza uma certa literatura sul-americana ou a vida dos toscos que emprenham na protecção comunitária concedida por um certificado digital.

Não posso afirmar que o jovem pretendia ou que não pretendia praticar um acto terrorista. Porém, posso afirmar que este caso é talhado para providenciar uma necessidade que ninguém sabia ter antes, tal como a “vacina” covid, máscara nas fuças ou uma miocardite de estimação. Serve para garantir que nenhum espaço da internet seja livre de observação permanente de uma entidade do bem que tanto assegure o julgamento cognitivo de prevenção de crime de pensamento como a escorreita moral pública. Pensamentos, palavras, actos e omissões. Espera-se a legislação europeia. Não mais se planeara actos terroristas, nem se enviará fotos da pila, nem se organizará manifestações, nem se negacionistará a siensia.

Não fazia mal a uma mosca, diziam. Na realidade, não fez. Talvez fosse fazer, mas se ia, para quê o circo? Não sabemos, mas iríamos saber, se quiséssemos, coisa que não queremos.

Ao c/ dos futuros deputados

11 Fevereiro, 2022
Lesther Alemán
Miguel Mora, periodista y pre-cantidato a la Presidencia de Nicaragua, que fue detenido el pasado verano y ahora ha sido condenado a 13 años de cárcel por conspiración

O estudante Lesther Alemán e o jornalista Miguel Mora foram condenados a 13 anos de prisão nos julgamentos-farsa que estão a ter lugar na Nicarágua.

Do parlamento português que agora vai começar uma nova legislatura espera-se que saia um voto de condenação da tirania instalada na Nicarágua.

E jornalistas avençados daquela lista que o EXPRESSO está para revelar não estarão lá também? Ou quiçá a madrasta da Branca de Neve

10 Fevereiro, 2022

Os novos ministros de Costa

9 Fevereiro, 2022

O anterior governo de maioria absoluta do partido socialista tinha um chefe a que muitos reconheciam traços complexos de um pobre provinciano deslumbrado com as mordomias e sofisticações urbanas. Mas Sócrates, no fundo, foi sempre obcecado com aquilo de que mais gostava: fotocópias. Desse ponto de vista, poderia assinalar-se a honestidade e transparência com que assumia ser o acumular de fotocópias para si próprio o seu objectivo de vida. Um ambicioso desmedido e sem princípios para quem os fins justificavam todos os meios.

Já António Costa, é um balofo instalado na classe dirigente lisboeta que manobra no sentido de se manter no poder, mas, para evitar chatices desnecessárias, prefere alimentar-se não só a si próprio, mas também a uma corte de amigos e fiéis seguidores que mantenham o povo apascentado. Tem, todavia, os mesmos princípios ético-políticos de Sócrates: nenhuns. Com a vantagem de Costa beneficiar de um cúmplice pantomineiro que lhe dá cobertura a partir da Presidência da República.

A colonização dos cargos dirigentes da administração pública com boys do PS, as inúmeras nomeações de familiares para o Governo, o ascendente que o partido socialista tem sobre as das entidades reguladoras, a influência que o PS tem no exercício da Justiça, a cultura de permissividade perante a pequena e grande corrupção e o nepotismo, o domínio das redacções e colunas de opinião na comunicação social, o constante atropelo e menosprezo pelas regras de um Estado de Direito democrático, o assalto fiscal contínuo aos contribuintes, o caos instalado no serviço nacional de saúde muito antes e durante a covid19, o infame crime político de Pedrogão e a falha total do Estado na protecção dos cidadãos durante os incêndios, tudo isto e muito mais foi desculpado a António Costa pela maioria absoluta dos Portugueses. A promessa de migalhas do dinheiro da bazuca europeia deu a ilusão à maioria absoluta dos eleitores que um dia poderiam também vir a beneficiar e pertencer à crescente e inclusiva família socialista.

É este o quadro político geral de alucinação colectiva em que estamos.

Nos próximos dias e semanas vão ser conhecidos os nomes dos próximos ministros, secretários de estado e da catrefada de assessores que os acompanharão. Estas nomeações serão provavelmente a única coisa útil que o primeiro-ministro fará ao país. Desta forma ficaremos a conhecer um a um os nomes dos oligarcas que alinham na rebaldaria governativa e que não têm vergonha na cara de ter um chefe com as características e prática política de Costa. A composição do próximo Executivo tornará assim mais evidente quem colabora para a sistemática degradação ética e moral do nosso país ao aceitar integrar o Governo socialista.

O meu vídeo de hoje, aqui:

Mortes súbitas: o novo “normal”

7 Fevereiro, 2022

A morte da criança de 6 anos por miocardite, uma semana após inoculação do líquido experimental, depois de já noticiado outros casos de reacções adversas em crianças e jovens, já deveria ter soado todos os alarmes e mais alguns da DGS, Governo, políticos de todos os partidos da oposição e profissionais de saúde, em massa! Mas não. Ao contrário de outros países como o Japão, Dinamarca, Irlanda e Suécia que a suspenderam logo que detectaram algo anormal, nós prosseguimos como se nada fosse até à desgraça final. Faz-se uma autópsia à pressa para determinar a causa da morte mas, em vez disso, foi só com o propósito de dizerem que não foi pela vacina. Não foi? Então do que foi? Do engasgamento que avançaram? Não dizem. E querem que acreditemos neles? (leia aqui este excelente artigo a desmontar esta narrativa)

Ler mais…

Carlos Moedas: o cerco que se segue

6 Fevereiro, 2022

Hoje no Observador trato do cerco que aí vem: «Enquanto o país que quer ficar bem na fotografia pede cerco ao Chega, o PS trata do cerco a Carlos Moedas. A CML ter um presidente não socialista é para o PS um desafio intolerável à sua hegemonia.

Que a extrema-esquerda diabolize o Chega não é de admirar nem de condenar, o que não se pode aceitar é que de imediato o país todo se sinta obrigado a repetir-lhes o mantra, para desse modo obter a versão ideológica do passe sanitário. partidos como o PSD ou a IL não percebem que amanhã eles serão o alvo dos novos cercos. »

Entretanto

5 Fevereiro, 2022

Devem estar a passar a bandeira a ferro

5 Fevereiro, 2022

Estive uma hora à espera que me atendessem no balcão da TAP. Devem estar a passar a bandeira a ferro.

bilhete da província

4 Fevereiro, 2022
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Alguns comentadores do meu último post insurgiram-se por eu ter dito que a Catarina Martins era uma provinciana nascida no Porto. Ora, eu próprio nasci no Porto, vivo habitualmente no Porto e não me importo nada de assumir o epíteto, esclarecendo os leitores indignados que uma coisa é ser provinciano, outra saloio e outra ainda um patego/parolo indecente. Acrescento, aliás, que a província não se exclui do universo da civilização e que, bem pelo contrário, se pode ser provinciano e cosmopolita. A quem não tiver ainda entendido a coisa, resta-me uma sugestão: leiam A Cidade e as Serras.

Ora aqui está um caso exemplar do discurso do amor.

1 Fevereiro, 2022

no regresso aos palcos da invicta

1 Fevereiro, 2022
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Na última década, Catarina Martins representou o socialismo extremista-chique do Bloco de Esquerda. Vinda da província e com uma carreira medíocre no teatro e no teatro da política local, Catarina combinou uma certa doçura com a fúria radical dos enragés de Hérbert, no pico da violência da Revolução Francesa, que ela procurou mimetizar à nossa escala.

A verdade dos factos é que Catarina Martins era um anacronismo provinciano num partido feito de elites da esquerda-caviar e intelectualóide das Universidades de Coimbra e Lisboa, e de certos Centros de Investigação regiamente subsidiados pelo estado, que fizeram do Bloco a sua mais bem sucedida experiência de engenharia política.

Enquanto durou, todos foram muito felizes. Mas, assim a pobre mulher tropeçou nos azares da vida, Boaventura Sousa Santos, o verdadeiro criador da criatura, exigiu-lhe a outrora tão admirada cabeça. Ser revolucionário tem destas coisa: um dia é a tua, amanhã será a minha. Esperemos que não lhe faça muita falta no regresso aos palcos da Invicta.

A improbabilidade de um país provavelmente seu (mas não)

28 Janeiro, 2022

Ao cair do pano de mais uma estimulante campanha eleitoral, impera que se salientem os aspectos mais positivos do amplo debate nacional sobre a situação económica mundial, o papel nacional na diáspora da cultura covid e a galáxia de portugalidade influenciadora no fortalecimento da integração europeia como obtido através do encerramento de fronteiras.

Da miríade de aspectos amplamente positivos desta campanha, tomando por critério a monumental contribuição para o debate popular obtido pelas estimulantes xingarias de vão de escada de candidatos — como transmitidas pela televisão — e posteriormente comentadas de forma épica por profissionais do marketing, cabeleireiros e outros discípulos de mindfulness avançada da escola Paula Bobone, pretendo salientar apenas um deles pela inquestionável influência na geração mais bem preparada de sempre: O Meu Primeiro Voto, do jornal Observador. Para o efeito recorrerei ao método científico de criar um jovem típico para ilustrar uma potencial contribuição real para o programa.

— Dionísio Nume, estudante do mestrado em Interseccionalidade pós-colonial de gaivotas de perna curta, concedeu-nos uns preciosos minutos da sua tentativa diária de masturbação para partilhar as suas emoções acerca do seu primeiro voto.

— Eu penso que o meu primeiro voto vai ficar marcado na história como sendo um voto essencial à sucessão de posteriores votos, até porque este sendo o primeiro é essencial que se realize para que possa existir um segundo voto.

— Dionísio, pensa que os políticos falam para os jovens?

— O que eu penso é completamente original, pelo que terá que ser consequentemente diferente daquilo que os outros pensam. Por isso, devolvo a pergunta para que depois lhe possa responder ao contrário da sua.

— Qual considera ser a maior lacuna na comunicação política para os jovens?

— A maior lacuna é a escola. Os horários escolares dão demasiada ênfase a coisas demasiado factuais e até a outras sem sentido prático como a matemática ou a ciência pré-colonial e pouco tempo às emoções. Nas escolas deveriam ensinar aos jovens como votar, quais são as ideologias, quais as certas e as erradas, quais os partidos que representam essas ideologias e como devemos ser cidadãos informados para votar certo num regime democrático. É com muito pesar que vejo colegas meus completamente inconscientes, que caem no canto do peru…

— …cisne…

— …avestruz da extrema-direita, como o Chega, que quer exterminar todos os esquimós, e o Livre, que quer calar a Joacine Katarina Nogueira.

— Joacine Ka… katar Moreira.

— Isso é racismo. O papel dos jovens é abrir portas que estejam escancaradas através do sistema de ensino de forma a revolucionarmos as mentes das pessoas para a originalidade de um sistema comunitário de redistribuição que permita que nos dediquemos a estudar fenómenos antro e ornitológicos de coação psicológica formatante de uma psique de aceitação da repressão não reparadora de danos do colonialismo expropriador amorfanhante das aves não binárias.

— Essa frase foi densa e em simultâneo desprovida de semântica. Uma mera aglutinação de palavras sem ligação entre elas.

— É uma opinião, a minha é diferente, como já disse.

— Dionísio, obrigado e votos de um bom primeiro voto.

— Foi um prazer. Quer dizer, ainda não, mas vou voltar ao trabalho pelo que em breve será.

Se tivessem Covid então seria caso para polémica assim é uma fatalidade

23 Janeiro, 2022

Duas das crianças feridas em acidente rodoviário em Palmela em estado grave

António Costa no tempo do professor Cavaco

23 Janeiro, 2022

Hoje no Observador trato de um dos tópicos que marca esta campanha do PS: o tempo do professor Cavaco, para usar a terminologia do líder do PS: «Porque está António Costa obcecado com Cavaco Silva? Afinal, como o próprio José Sócrates fez questão de recordar na entrevista que deu à CNN, o PS já teve uma maioria absoluta: a que ele, Sócrates, conseguiu! Sim, entre Março de 2005 e Setembro de 2009, Portugal foi governado em maioria absoluta pelo PS, facto que António Costa não pode ignorar não só porque já era nascido nessa data mas também e sobretudo porque integrou esse governo socialista de maioria absoluta nos nada irrelevantes cargos de ministro de Estado e ministro da Administração Interna.»